Busca desesperada.

Ele acorda e não sabe bem onde está.

Confuso, tenta situar-se: dia, hora, lugar...

Ah! Sim, é domingo e está em sua cama.

Levanta-se, precisa ir no banheiro, precisa mesmo? De repente nada mais é como foi e ele não consegue entender, logo ele, tão preciso, tão exato, tão previsível.

Intui mais que entende que algo está errado em si, na vida, no mundo.

Quando tenta abrir a porta do quarto já não consegue...

Terá sido acometido de alguma doença estranha?

Contudo sabe que tem que abrir a porta, procurar alguma coisa que ele ainda nem sabe o que é.

Graças à esposa que passa por ele indiferente à sua presença ele aproveita e vai ao banheiro.

De novo aquela sensação estranha. O que estou fazendo aqui? O que busco está em outro lugar.

A casa está estranhamente cheia para um domingo.

Ninguém percebe seu desespero.

O que estou procurando? Quer gritar e não consegue, ele mesmo está estranho.

A sala!!! Pensa quase gritando, é para lá que devo ir, lá encontrarei o que quero.

Encaminha-se para a sala onde tem um caixão no centro. Pessoas chorosas rodeiam, os filhos choram, e o pessoal do fundo conversa normalmente.

Ele sabe que tem que se aproximar do caixão.

Tem medo.

Uma leve suspeita, ele tão ateu, a favor de uma existência baseada nos prazeres do corpo, nunca tivera intuições.

Será o que o vovô tivera morte súbita e ninguém fora despertá-lo para estar ali junto?

Finalmente respira fundo e chega ao lado do caixão.

Seu corpo rígido e seu rosto lívido repousam parecendo levemente relaxados.

Tudo o que não conseguira em vida.

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 29/08/2021
Código do texto: T7331255
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