Vamos viver com Chopin

Antes iamos para a fogueira. Os novos costumes ditaram que se consumasse ali mesmo o beijo. Numa esquina, entre duas fábricas, os olhares que se cruzavam, as bocas que se entrelaçavam. Já havia passado o momento em que o polícia ia atrás de nós, numa noite escura, de intensa humidade. Ali, mesmo ao vivo, numa esquina, clara de sentidos, amores intensivos, como uma cura curta para atenuar as horas monocórdicas. Pensava em Chopin, num bar pleno de narizes empinados. Dois amantes, entrelaçados, fora do tempo das guilhotinas, a encostar suores, sem medo de morrer a seguir.

A vida consumiu os dias de chuvas. Deixaram de dizer adeus, passaram a seguir juntos para a mesma casa,  frente ao precipício. As tentações da morte eram ambíguas. Apenas as teclas iam levantando voo do piano, original das nocturnas de Chopin, pensando com vontade na Varsóvia natal. Apenas a energia esvoaçava, que o corpo havia sido levado pela nefasta tuberculose. Mesmo assim nunca se assombraram, abandonando-se em beijos, abraços e amor urgente. Já não corriam o risco da fogueira, nem da guilhotina.

Chopin, faleceu neste dia em 1849, é eterno!

Chopin Institute - youtube
Manuel Marques
Enviado por Manuel Marques em 17/10/2021
Código do texto: T7365748
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.