Mulher, quase, invisível... (BVIW)

A manhã vernal desperta, dialogando com os pássaros, e da janela entreaberta, um rosto imóvel admira uma borboleta branca com tons de gris, que pousa na flor em tons de magenta... Borboletas passeiam em ligeiros e ondulados movimentos, na maioria das vezes não dá tempo de fotografá - las. Assim, pensando a curiosa observadora permanece quietinha, brincando de ficar invisível, ou quase... O antigo ferro da janela de cor marrom contrasta com a leveza das bem-vindas asas - frágeis e breves ‘leques’ e por segundos de um tempo encantado pausam na pétala.

Há nesses encontros matinais e, às vezes, vespertinos reflexões e aprendizados, pois os fios do casulo que envolveu a linda borboletinha lembram degraus (metamorfose) que a levaram ao fim da escada para poder em uma nova forma de vida alçar voo. Ah, esse tempo de espera é instigante, um mergulho interior, seja num casulo de ausências, de perdas ou lembranças de um Amor, tecidas n’alma.

Ainda em silêncio ela despede-se, com o olhar de sua translúcida amiga e emocionada percebe que nem tudo se perdeu, pois a essência das sensações vividas e dos Amores permanece... e agora, tornando-se visível posso ver suas mãos terminando de escrever esse conto.