O chá da Tarde

 

- Todos os dias em frente a casa da fazenda Iza costumava tomar o chá da tarde , ler Madame Bovary e pensar que não é tão fácil a vida que leva.

- Afinal a vida dela não é uma ficção, é muito real tudo que esta a viver .

Como sobreviver a tudo isso?

- Era difícil tomar uma decisão de tudo que vivia a algum tempo, na altura de certos acontecimentos. Perguntava-se todas as tardes, ao ficar sozinha, o que outras pessoas fariam em seu lugar.

- A casa no meio aquelas terras era algo a princípio agradável, afinal estava acompanhada do homem que amava e tudo envolvido no processo dessa união.

- Um dia atrás do outro a assistir uma realidade que se confundia a ficção. Mas a vida real é doída na carne, sangra e tira noites de sono.

- Era preciso tomar uma decisão sobre isso antes de ser tarde demais, assim dizia.

- Definitivamente terei que tomar uma postura diferente a que venho tomando.

- Assim ela dizia pra si mesma.

- Nessa mesma tarde antes do chá, se olhou demoradamente no espelho e resolveu vestir nova roupagem , cuidou dos cabelos, se perfumou .

Acendeu um cigarro e se pões a pensar.

- Para incorporar mais, ter mais coragem pegou uma taça de vinho da safra de 1851 e por sobre o salto alto e com a boca escandalosamente vermelha falou em alto e bom tom: Hoje está a nascer uma nova mulher.

- Ela se sentia como uma lagarta em transformação plena e fez o primeiro ensaio ao voo.

- Olhou para o seu companheiro , respirou fundo, e disse: A algum tempo caminho ao seu lado escrevendo pela sua cartilha, entendo que a minha história de vida fez com que em muitas coisas eu fosse sendo permissiva, concordando quando muitas vezes discordava. Compreendo que errei comigo. Porém está na hora de reverter a situação.

É muito bom viver com certas regalias só que preciso sair da zona de conforto e ir em busca da minha própria vida. O tempo que estou contigo não é permitido a mim sair sozinha a não ser em sua companhia. O que visto, o que como e tudo mais são escolhas sua. Outra coisa, a casa tem câmera tudo que falo você registra, aos empregados você pergunta como foi meu dia. Cheguei ao meu limite e largo toda essa vida que venho ostentando ao teu lado e quero sair despida de tudo que vivi aqu, livre do peso que tenho pago para está ao seu lado.

- O amor ainda existe mas está esfacelado como a minha alma. Não sou seus cavalos, seus gados, mas agradeço a você pelo meu crescimento.

-Eu sou uma mulher que precisa sair do casulo, deixar o manipulador e demandar a liberdade fora das porteiras dessa prisão simbólica. Espero que você mude, não foi isso que eu busquei e nenhuma mulher merece isso. Adeus.

- O homem não acreditou no que ouviu da sua companheira, para ele era muito natural o tratamento que lhe dava, era unicamente cuidado. Após muito discutir a relação ela decidiu por ir, não levando mais em consideração o que ele tentava justificar.

A muito ela dizia a ele dos seus sentimentos , o que achava do estranho comportamento dele e que ela precisava respirar, ter amigos, sair um pouco pela redondeza.

Assim ela se foi a deixar pra trás tudo que tinha adquirido da sua união com aquele homem.

Assim saio, a sorrir aliviada, a soltar os cascos.

 

 

 

Apesar de ser uma ficção essa situação acontece todos os dias, independente de país. Algumas mulheres saem ilesas de situações como essa e outras não. O conto pode ter falha em sua escrita, pode , mas a ficção, na vida real existe de diversas formas.