Patusca

Eu deveria ter uns doze anos quando, ganhamos dois patinhos, quando cresceram mais um pouco deu pra distinguir que era um casal, a fêmea se destacava por ser dócil e obediente, porém o macho era mais rebelde.

Naquele tempo, morávamos numa casa que tinha um grande quintal com direito a mangueira, então aproveitávamos para plantar, flores e ervas.

Me apeguei muito ao patusca, gostava muito de dar um beijo na cabeça dele e colocá-lo no chão, ele passou a beliscar o meu pé assim que se sentia seguro. Ele cresceu muito ficou bastante parrudo, todo branco, forte e pesado.

Com tempo, ele começou a correr atrás das pessoas querendo beliscar, era cada bicada dorida, poucas vezes dava o beijinho em sua cabeça.

Certo dia meu pai decidiu que ele seria o prato principal da ceia natalina, honestamente não sofri, porque correr atrás das pessoas e bicá-las era bem pior e assustador, os vizinhos e visitantes já se apavoravam quando o via.

Foi quando me dei conta que se faz necessário desapegar de sentimentos quando o prejuízo causado a outrem é maior.

Enfim patusca se tornou um grande pato assado com laranja naquela comemoração natalina.

Ele ficou delicioso!

Clara de Almeida
Enviado por Clara de Almeida em 01/01/2022
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