Patusca
Eu deveria ter uns doze anos quando, ganhamos dois patinhos, quando cresceram mais um pouco deu pra distinguir que era um casal, a fêmea se destacava por ser dócil e obediente, porém o macho era mais rebelde.
Naquele tempo, morávamos numa casa que tinha um grande quintal com direito a mangueira, então aproveitávamos para plantar, flores e ervas.
Me apeguei muito ao patusca, gostava muito de dar um beijo na cabeça dele e colocá-lo no chão, ele passou a beliscar o meu pé assim que se sentia seguro. Ele cresceu muito ficou bastante parrudo, todo branco, forte e pesado.
Com tempo, ele começou a correr atrás das pessoas querendo beliscar, era cada bicada dorida, poucas vezes dava o beijinho em sua cabeça.
Certo dia meu pai decidiu que ele seria o prato principal da ceia natalina, honestamente não sofri, porque correr atrás das pessoas e bicá-las era bem pior e assustador, os vizinhos e visitantes já se apavoravam quando o via.
Foi quando me dei conta que se faz necessário desapegar de sentimentos quando o prejuízo causado a outrem é maior.
Enfim patusca se tornou um grande pato assado com laranja naquela comemoração natalina.
Ele ficou delicioso!