Buscas & Medos

Lançados ao mar, velas ao vento. Num mar de perfis à procura de uma estrela num insondável céu, ou um novo norte, novas terras, paisagens. Nossas buscas, ansiedades, intensidades a pleno vapor nessa viagem.

Navegar é preciso, já dizia o poeta, em águas calmas ou turbulentas aí vamos nós! Sorriso estampado no rosto, cabelos ao vento e um olhar fito no horizonte compõem a pele, fantasia que portamos. Sabemos o que queremos? Certamente pensamos que sim mas nunca imaginamos o que o destino nessas águas nos prepara. Aí é que está o fantástico dessa aventura: o inesperado. Algo que nos faça crescer, exceder limites, acelerar os motores, viver no sentido exato da palavra! Ou que simplesmente agregue valor à viagem por sua pluralidade. Navegar é preciso...

Fiel companheiro de viagem, o medo nos ensina o caminho, engana, atrasa, livra-nos dos monstros... sem ele nada teria sentido, graça. Louvo o medo! Mas só o meu, pois o dos outros só atrapalha. Rouba a visão da estrela e como em muitos espectros de nossa existência só aceitamos o que geramos por acreditar que é correto e totalmente adequado a cada situação. O que vem externamente passa por um crivo crítico tão intenso que acabamos observando defeitos somente por auto-preservação.

Nasce o dia, a noite se põe e continuamos buscando, vemos outros barcos passar, outras direções, intensidades, formas e cores. Continuamos ao sabor no nosso vento. Poderemos encontrar uma ilha, com um providencial coqueiro e seu fruto que nos saciará a sede da viagem em curso. Ou então um porto seguro, o cais certo para uma nova história. Nos deparamos com olhares, sorrisos, pernas, corpos, mentes, histórias, desejos, pensares e construímos rota desenhando o percurso. Isso nos ajuda a saber exatamente de onde viemos, porque viemos e para onde poderemos ir.

Até que encontramos, a ancora é lançada ao mar, velas recolhidas e aportamos... nos deparando com algo novo, seus nuances, captando suas diferenças, sintonizamos sua essência e beleza, nos damos contas que nosso fiel companheiro de viajem está lá... latente... aí as palavras cessam, os sentimentos afloram e nasce a dúvida... nossa busca terminou?

Não, essa busca nunca terminará, na verdade ela não é por alguém e sim por nós mesmos em uma outra pessoa. Mesmo que essa pessoa seja eterna teremos que ser sempre evolutivos, vencer nossos próprios limites, crescer! Por um relacionamento.

Palavras ao vento, velas içadas, inspirações ao acaso.

Um par perfeito netiano - Setembro de 2003