Desde cedo Noah aprendeu a viver com as setenças transitórias de uma vida que foi renegada, ainda quando estava no ventre. O pai, um empresário famoso do ramo automobilístico teve um caso com a sua mãe, uma das modelos contratadas para apresentar as novas versões de uma frota internacional numa feira de veículos SUV.

 

Casado e pais de 2 filhos, Renew e Sarah, ambos estudantes de medicina numa universidade no Kansas, Aldrew fazia o papel perfeito do homem de família. Sempre das 18 às 6 da manhã. O dia era o seu prato preferido. Nunca precisou prestar contas de sua agenda e tampouco justificar atrasos, por ser um homem de negócios e manter a atividade laboral em horários tidos como anormais, mas justificáveis

 

Viu-se pressionado pela terceira vez em dois anos. Mary era uma mulher linda, meiga e com princípios e valores muito aquém para aquela época. Sonhava com um casamento, filhos e uma casinha branca no fim do morro. Não era vaiodosa ao extremo e se contentava com pouco. Tão pouco que nunna precisou dar-lhe nenhum centavo. Mas a menina de 19 anos estava apaixonada! E por um homem que se dizia divorciado e com relações com a ex mulher, exclusivamente por causa dos filhos. Dizia, inclusive que dormiam em casas separadas, no maior condomínio do estado.

 

Mary não só acreditou nisso, como fez dessa história o motor condutor para aguardar o tão sonhado momento de casar-se com Aldrew. Mudou-se para um estado mais próximo do Kansas, onde começou a estudar educação física. Um corpo monumental e um rosto de deixar qualquer um abismado, pela beleza que carregava.

 

Doze meses após primeiro encontro, Mary estava numa apresentação de produtos automobilísticos da 3ª geração quando uma queda de pressão brusca a levou ao chão. O cansaço era grande e o médico a diagnosticou com stress constante, afinal dormia apenas 4 horas por noite e passava horas e dias sem se alimentar, afim de não ganhar peso e nem mudanças bruscas na silhueta, o que a impediria de permanecer no auge, entre as agências de moda internacionais.

 

Passaram-se sete dias e Mary permanecia apresentando sintomas estranhos, os quais, tentava disfarçar para dar conta da agenda abarrotada de compromissos.  Emagreceu 4 kilos e começou a ter tonturas e enjoos. Já fazia mais de 15 dias que não conseguia encontrar Aldrew, por causa da agitada vida de modelo. mas era preciso parar. Pensava que poderia ter herdado da mãe, a doença autoimine. Então foi procurar uma clínica para exames.

 

Naquela tarde, ela e Aldrew, se encontrariam no melhor resort da cidade. Estava eufórica para rever o amor de sua vida.

 

No hospital, após coletar exames e passar pelo atendimento emergencial, foi chamada à uma sala central para o diagnóstico. O coração estava acelerado e tinha uma sensação de falta de ar e desespero. As mãos trêmulas custaram a equilibar a cadeira que tentava arrastar para sentar-se diante do plantonista. Até que o médico indagou:

 

- Está se sentindo assim há muito tempo?

- Um mês, talvez. Um pouco mais...

- Pois bem, senhora Mary. Você está grávida! Nada demais. Precisa apenas fazer uns exames complementares e aproveitar esse momento especial de sua vida.

 

 

Mary não se conformava com o diagnóstico. Quisera ela que fosse outra notícia. A sua mente acelerada a impulsionava a pensamentos que preferiam o diagnóstico de doença grave à temerosa gravidez. Parecia que estava fora de seu juízo comum. Não controlava o seu pessimismo.

 

Como iria contar a Aldrew sobre a gravidez? Qual seria a reação dele? Estaria ele acrediando que poderia fazer isso para prendê-lo? E se ele ficasse feliz e de repente tivesse coragem de assumir o compromisso diante de toda a sociedade? Um impulso para a nova vida! Era preciso aguardar. Mas, em poucas horas tudo estaria consumado. E foi para casa com o teste nas mãos e o coração na garganta.

 

 

Aldrew chegou expansivo como outrora jamais vira. Trouxe presentes diversos. Entre eles um iphone da nova geração e roupas que mais pareciam de uma feira da Balenciaga. Dezenas de looks de alta costura, do espanhol famoso. Jamais teria possibilidade de comprar um daqueles, estava eufórica, agradecida. Parecia um sonho ter alguém que a presenteasse com o que há de melhor no mundo da moda.

 

Em meio às sensações de euforia e desejo, acabaram por despirem-se, junto àqueles tecido nobres e viveram momentos de prazer e entrega. Aldrew adormeceu ali mesmo, na cama bagunçada, enquanto Mary, tensa, pensava na maneira mais prática de contar-lhe a novidade.

 

Ligou para a recepção e pediu que preparassem algo para que pudessem comer, assim que Aldrew despertasse e, decidiu conta-lhe sobre o ocorrido, num simbólico jantar a luz de velas.

 

Banhou-se no chuveiro de seis quedas que nunca tinha sequer imaginado pudesse existir. Tudo ali era acima do seu padrão de vida. Arrumou-se com um dos modelitos trazidos pelo então namorado e ficou sentada à mesa, aguardando-o.

 

Ele se levantou e despido, andou pelos corredores do quarto do resort, que mais parecia uma mansão, e foi de encontro à amante, no segundo andar. Ao subir a escada, surpreendeu-se com a beleza da mesa e o preparo conduzidos pela moça, em parceria com o hotel e seus assistentes.

 

- Que sonho, meu amor! Obrigado.

 

Ela estava nervosa e não conseguia disfarçar a ansiedade quando logo, soltou:

 

- Aldrew, preciso lhe contar uma coisa. Espero que compreenda. Não era minha intenção. Aconteceu.

 

Ele a olhou como quem soubesse que se tratava de algo muito simples, mas a garota, ingênua tão qual era, estaria fazendo uma tempestade num copo de água.

 

- Nessa semana estava me sentindo um pouco mal e resolvi procurar o médico para saber se poderia ter herdado o lúpus de minha falecida mãe. Mas a notícia foi diferente. Estou grávida!

 

Aldrew não esboçou nenhum sentimento. Olhou para Mary como se a garota o tivesse informado sobre uma compra extra ou qualquer coisa do tipo. E acendendo o cigarro, como quem não se envolvesse nessas questões, disse:

 

- Ainda bem, que existem Estados em que o aborto é permitido. Não se preocupe. Essa não é minha primeira vez. É a terceira. Amanhã vamos procurar Dr. Reyde. Não se desespere. Daqui há duas semanas, tudo voltará ao normal.

 

Mary ficou imóvel. Não conseguia esboçar nenhum sentimento. Como um homem poderia ser tão frio a ponto de tratar de um assunto tão sério e tão grave com essa naturalidade. Ele já matou duas ou três crianças? Como assim? O que há de errado comigo, como pude me envolver com alguém assim? O que faço agora?

 

Aldrew não tocou mais no assunto. jantou normalmente e depois foi assistir televisão. Acordou no dia seguinte, foi correr na área do resort reservada para os VIP's e voltou cantando os rocks internacionais que emolduravam suas camisas que mais pareciam bandeiras.

 

Ela estava engasgada, mas não conseguia dizer. Até que ele puxou a conversa:

 

- Mary, vamos aproveitar nossa tarde para irmos ao Dr Reyde. Já liguei pra ele e como disse que tem apenas 1 mês e meio, será rápido e ficará bem em três dias. Aprovietamos que estarei aqui até a sexta-feira e resolvemos tudo, ok?

 

A mulher, não conseguindo disfarçar os seus sentimentos, começou a chorar desesperadamente. E corajosamente disse que não iria a lugar algum e que jamais faria um aborto.

 

O homem até então romântico e sensato partiu para cima de Mary e desferiu-lhe tapas na face, perguntando- lhe se estava louca e se queria arruinar com a vida dele.

 

Ela, temendo as suas reações, sentou-se no chão e ficou inerte. Não acreditando naquilo que estava vendo. Ele, ressabiado com a atitude de Mary, estende-lhe a mão e a puxando para o seu corpo, abraça-a e dizendo que se alterou por causa daquela atitude imatura da moça. Mas que estava tudo bem e ele já a havia perdoado... Sentou-se com ela no sofá e passou a acariciar-lhe o corpo inteiro e a fazer cafuné em seus cabelos.

 

(...)

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 25/05/2022
Reeditado em 25/05/2022
Código do texto: T7523663
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