PENUMBRA-PARTE 2

Os seus dedos eram mais ou menos do tamanho de um amendoim, tinha os dedos da cor de chocolate, estava tudo meio nublado, via tudo como um vulto, ainda assim consigo me lembrar perfeitamente do tamanho dos seus dedos.

O chão tinha cheiro de terra fresca, de folhas secas em chão húmido, porém um sol esquentava, igual aquele que abre após uma noite de chuva.

Eu tinha acabado de sair de uma inconsciência, assim agora não consigo dizer como foi que vim aqui parar, mas sinto que não pertenço aqui, estou ainda confuso.

E nisso, caio de novo. Acordo algum tempo depois, no meio de uma cabana, o clima já estava mais frio e não tinha barulho ao redor, me refiro ao barulho de cidade, de movimentação, de pessoas e de carros principalmente, tem o Chilrear de pássaros e grilos gritando por todo o lado. Dentro da cabana ouço o estalar de lenhas, quebrando-se ao meio e proporcionando um lume perfeito, nunca tinha reparado que o fogo era hipnotizante, nem que a mesma continha mais de uma cor, me pego preso nele, olhando pra ele.

O barulho da porta me traz de volta à realidade, um cachorro enorme entra aos pulos, pra cima de mim como se soubesse quem eu era, tinha um pelo macio, meio branco, meio cinza, se parecia com um lobo, mas era um cachorro, os seus olhos azuis arregalados sob mim, como se fosse alguém tentando me dizer alguma coisa. As coisas iam meio a um ritmo muito lento, em relação ao ritmo que o meu corpo e mente estavam habituados.

Quando olho pra trás, a espera que alguém humano racional aparecesse, apenas um vento forte bateu na minha cara por eu estar parado na porta sem muita força ainda, reparo que as minhas roupas estão com manchas de algo que se assemelha a sangue, e nisso começo a ter flash do dia anterior, os pés delicados a frente de mim, árvores enormes, caído em algum lugar, uma espécie de riacho ou sei lá o que era, me lembro dos caras que me levaram por eu estar a dever-lhes dinheiro das apostas da semana anterior, o rosto da Ágata no nosso apartamento, o rosto da minha mão sorrindo e de repente eu já me lembro como vim aqui a correr tentando fugir dos caras do Tony, olho pra frente de mim, uma moça, com uma altura baixa, cabelo ruivo e cacheado que enchiam o rosto dela por completo, tinha sardas no nariz e nas bochechas e tinha uma cara de quem estava meio brava, porque com aquele rosto de não mato ninguém, ela não aparentava matar nada e nem ninguém.

MGregório.

07.01.2022

MGregório
Enviado por MGregório em 28/06/2022
Código do texto: T7547668
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