Inacabado

Shirley sabia desde o início que tudo na vida era questão de escolhas. Um dia ela estava escolhendo um sapato na cor preta, e noutro um vermelho cor de paixão. Alguns dias ela gostava de uma bebida quente, porém, dependendo da companhia, gostava de apreciar a degustação suave dos vinhos.

A jovem nunca se importou com a necessidade dos outros em relação a si. A plena convicção de que não deveria mudar para agradar terceiros era quase como uma condição para ela se manter viva.

Os olhares de despeito, o não cumprimento a primeira vista, o incomodar ao entrar em uma cafeteria... nada disso, sem a menor dúvida, era motivo para tirar o brilho do seu sorriso representado por um batom vermelho fogo. O batom nos lábios retratava a ardência que havia em sua alma.

26 anos, solteira e dona de seu próprio negócio. Ela possuía todos os requisitos para levar desonra a família.

Os bailes de final de ano não eram importantes para a jovem rebelde da sociedade. Seu interesse era totalmente o oposto em relação aos das outras moças. Queria ela ter o mundo na palma da sua mão, conhecer os mares e ares que existem ao seu redor. “Engana-se quem pensa que o céu é o limite” repetia ela todas as vezes que as suas tias insistiam que ela se casasse antes que ficasse velha demais ou mal falada pelas vizinhanças.

Não demorou muito para que não fosse mais chamada para os eventos da alta sociedade. Seu jeito transparecia um desrespeito para as outras moças.

Shirley não se importava. Nem começaria a se importar...