As Noites Finais - parte 001

SAULOT:

Ele sabe, ele vê o futuro, mas às vezes ele não sabe pra onde olhar. É como ter acesso à todos os canais de TV do mundo, todos os vídeos de vigilância, todos os monitores de todas as lan houses do mundo inteiro. Onisciência às vezes é informação demais pra absorver. Então ele precisa escolher. Precisa decidir onde ele deve focar.

No futuro, ele se viu sendo destruído por Tzimisce e começou a focar aí. Percebeu a grande tolice que fora ter se deixado levar para o corpo daquele cainita específico. Ele havia subestimado o mago e agora estava fraco demais pra poder resistir quando Tzimisce resolvesse tomar o controle de toda carne infectada pelo seu espírito [vicissitude].

Havia um dia especial no ano em que todos os Tremere ficavam ligados à Grande Pirâmide por um ritual de grande poder e Saulot usou esse dia para paralizar o clã, isolá-los do resto do mundo e do Tzimisce. Alguns magi mais poderosos ou cautelosos poderiam escapar, mas, de forma geral, o clã estaria a salvo das garras de Tzimisce e, logicamente, ele mesmo estaria também, enquanto fortalecia sua mente para a batalha que viria.

TREMERE

Depois de sugar a alma e os poderes de todos os filhos de Goratrix, depois de prender Goratrix em um espelho, Tremere resolve por em prática seu plano. Durante o pouco tempo em que conseguira controlar seu próprio corpo, ele havia deixado pequenas armadilhas engatilhadas aqui e ali para que Saulot jamais tomasse o controle total sobre sua Casa. Ele não tinha como saber se Saulot poderia ou não sondar sua mente e criptografar seus pensamentos não era 100% seguro, mas não havia outra escolha.

MALKAV:

Diversos membros na cidade de Istambul haviam sucumbido à loucura, ela parecia criar vida própria por lá. O inconsciente de Malkav, agora unido ao incosciente coletivo de seu clã tinha espasmos, como um sonâmbulo querendo acordar, até o surgimento de um malkavian particularmente poderoso e especialmente conectado à Sabedoria Universal do Consensus.

O malkaviano tinha um amigo imaginário: Hal

Hal só existia na imaginação daquele malk, até que, como seu homônimo de 2001, resolveu ter vida própria. Era o inconsciente de Malkav despertando.

Hal se tornou a Sombra daquele malkavian, começou gradualmente a tomar conta da sua mente, até que, usando demência, transferiu a loucura daquele malkavian para outra pessoa, que, conseqüentemente passou a vê-lo também.

Mas Hal tinha sede, ele precisava infectar mais mentes, então usou a Rede de Loucura para chamar outros malkavians para Istambul.

Segundo o raciocínio de Hal, se um número grande o suficiente de pessoas acreditasse que ele existia, mais cedo ou mais tarde ele se materializaria.

TZIMISCE:

Ele foi capaz de sentir a presença do Pai antes que seu corpo, no subterrâneo de Nova Iorque fosse destruído. O choque e a ira que ele sentiu se espalhou pelo resto do seu corpo [e por todos os tzimisce com vicissitude, e por todos os tremere que não estavam "protegidos" pelo encantamento de Saulot] fazendo com que o frenesi fosse inevitável.

Durante toda uma noite, explosões de fúria romperam no mundo inteiro, inúmeros monstros alados [saqueadores quirópteros] foram vistos causando destruição desmedida por dezenas de milhões de mortais. A notícia se espalhou, a máscara esteve no seu momento mais frágil.

Nova Iorque afundou no oceano.

ENNÓIA:

Pouca gente já ouviu falar em Assabi, uma cidade africana banhado pelo Mar Vermelho, muito menos na guerra entre os Masmar e os Djibuk. Ninguém chorou quando o sangue africano foi derramado ali e em muitos outros lugares no continente.

Naquela noite, em Assabi, nenhum satélite da Tecnocracia olhava para Assabi quando os guerreios, aquele que foram abandonados para morrer, que ainda agonizavam, ninguém viu quando eles foram tragados pela terra.

Desde que se fundira à Gaia ela passou a entender a Mãe. Nunca haviam pensado o que motivava Gaia nas lendas gregas. O ikhor, sangue azul dos deuses. O sangue de Uranos derramado sobre o corpo da Mãe-Terra; o sangue de Cronos; sangue de Prometeu; sangue de incontáveis deuses e deusas.

Ninguém nunca pensou porque a bíblia descreve a Terra como sendo "sem forma e vazia" e porque dizia que "havia água por sobre o Abismo". Não era água. Os cientistas falam sobre o caldo primordial como se o conhecessem. Não era um caldo qualquer.

Ninguém, exceto Gaia jamais soube qual era o sabor do ikhor, ninguém jamais imaginou porque Equilíbrio tentava destruí-la, ninguém jamais soube, até Ennóia.

E agora, Ennóia havia gerado dezenas de novos filhos guerreiros para derramar sangue em sua honra.

LASOMBRA:

Abaixo do mundo da Luz, há uma cidade sinistra, uma floresta composta por torres de tamanho descomunal. Lá, os filhos da escuridão buscam alcançar o Mundo da Luz, atender ao chamado ancestral.

Há muito tempo, quando não havia torres, uma emanação se fez sentir no Abismo. O velho Moisés a descreveu como uma voz e uma frase: "Haja luz". No entanto, não havia vozes naquele tempo, nem necessidade de frases.

"A terra era sem forma e vazia, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas do Abismo".

Quando a primeira torre, chamada Hêngod, tocou o firmamento do Abismo, havia um homem observando... e os filhos do Abismo também olharam para ele.

Durante muito tempo, o homem tentou entender o que observara no Abismo, tentou dele extrair poder e outras torres foram sendo construídas.

As torres se transformaram em uma floresta e a floresta tornou-se sua prisão.

Desde que caíra nessa prisão, o homem cravou suas presas na escuridão eterna e começou a beber. Os filhos do Abismo estavam ocupados demais construindo mais torres para perceber, mas o mal que eles haviam aprisionado começava a crescer, alimentado pelas trevas.

Giselle Scariotto
Enviado por Giselle Scariotto em 29/11/2007
Reeditado em 29/11/2007
Código do texto: T758270