QUASE NADA MUDOU

No letreiro estava escrito CINE AZI, e era lá que se achava as maiores diversões da cidade. Não havia outro espaço público que oferecesse tanto entretenimento para o povo daquela cidade. Nos dois clubes sociais que lá existiam, não se ofertava lazer e diversão que se igualasse ao quê o Cine Azi oferecia a preços módicos.

Na época eu era um jovem de menoridade e não podia assistir aos filmes exibidos à noite, (nas chamadas suarês), por isso vivia contando os dias para ser um adulto e poder desfrutar do cinema noturno. Já vivia exausto de tanto ver tiroteios de faroestes e gritos de Tarzan nas barulhentas matinês dominicais. Mas até que, enfim, chegou minha vez de ver cinema de adulto e desfrutar da telona cinemascope do Cine Azi e, para meu deleite, na minha estréia meus olhos de encheram de brilho com as mais belas atrizes da época no documental filme Suécia - Inferno e Paraíso, onde nele se destacava a livre sexualidade e o desenfreado uso de drogas dentro de uma praça pública vistoriada e autorizada pelo governo.

Naquela época (1968) já se denunciava através do cinema a desumana cracolândia que nos dias atuais ela é repugnante, apavorante e abusiva no confrontar com as autoridades nos determinados momentos de dispersão, onde, no enfrentamento, às vezes, necessita de maior rigor das autoridades na incansada busca de traficantes em meio ao corre-corre do incontrolado número de usuários em meio a fumaças de gás lacrimogêneo, sons de sirenes, gritos e prisões de traficantes.

Nos dias atuais não mais é necessário ir ao cinema para ver essa degradação humana, pois tudo isso é assistido gratuitamente dentro dos lares através da televisão, de onde os olhos de quem a tudo vê perde o brilho.

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 11/10/2022
Reeditado em 11/10/2022
Código do texto: T7625227
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