A Morte do Carteiro
De manhã, bem cedo, quando
O povo ainda dormia, jazia sempre
Pronto e pontual, o reposteiro
Que ao passar, novidade, sempre dizia
Com muito cuidado e respeito, trazia
Debaixo do braço e em sua bolsa gigantesca
Um mundaréu de papeis, como se uma paleta
De cores, eram cartas, e encomandas as vezes até brutescas
Envelopes multicoloridos, multiformes esplendores.
Entre documantos empresariais mais conceituados, até as mais
Simplórias cartas de amores inebriados, tudo trazia, o nosso bom e fiel carteiro, que a vida perfazia
Mas naquela manhã de outono, a natureza se
Ressignificara fazendo do tempo o cenário mórbido
E frio, de vento ocioso, que prestasse seu sentimento,
A falta do meu carteiro, tão nobre elemento.
Anuncia-se do alto da cidade
De onde mais alto se pode ouvir
Ao som insípido de uma musica fúnebre
O fim letárgico do carteiro Devanir
Sua voz não se pode mais vir, nosso sono, das primeiras horas manhã, bem cedo fora
interrompido. todos pudemos ouvir
pelo radio, desde a madrugada e durante o café. quando pela voz embargada do locutor, a cidade inteira dizia, silentemente seu adeus, ao nosso fiel carteiro, Davanir.