Das cinzas à seda... BVIW

 

Neste instante, enquanto a borboleta com outonais tons pousa com suas diáfanas asas na flor, Alonso se lembra da suavidade daquele rosto feminino que tanto amava e, de certa forma, ainda ama... As dores pinceladas pela passagem do tempo; encontros e desencontros são intensas e misteriosas, inspirando devaneios, como se a pessoa amada pudesse retornar das cinzas e voltar à vida, assim num surreal monólogo ele deixava-se envolver.

 

Alonso senti em seu coração todo o significado de cada letra da palavra saudade, uma saudade tecida sem tempo para despedidas ou cálidos beijos; feito um samurai que vê a imagem da sua gueixa-musa distanciando-se, qual encantada Fada. E enternecido, quase em transe fala ao leque esmaecido na cadeira do jardim:

 

‘ __ Não lembro mais das tuas cores, mas não esqueço a suavidade da tua seda, a mesma seda-pele macia perfumada com notas de lavanda que em meu corpo e alma, eterna habita...'