SIMBÓLICO

...O desespero era grande. Saiu correndo na rua; descendo sem notar veículos na faixa, corria com olhos cheios de água. Desviando de uns carros que vinham e, com a cena da mulher correndo a pé pela estrada, se assutavam. Ela corria, estava magoada, ferida e indignada, a vida não lhe fora benevolente, e isso doía lhe, profundamente a alma. Estava um dia chuvoso e meio frio, e ela com seu orgulho ferido corria. Chegou até um local onde havia trabalhadores que escavavam buracos no entorno da pista.

Parou! Refreou os ânimos.

Ficou observando o que faziam,cavavam buracos e um deles falou que ela teria que esperar para atravessar para a outra faixa da pista. Ficou ali olhando e pensando. Nenhum daqueles homens dava importância a sua face inchada de tanto chorar e seus olhos vermelhos. Eram indiferentes ao seu sofrimento. Ela recuou, voltou ao mesmo ponto, de onde saíra. Viu ao longe o local onde teve o impasse. Sua mente reavivou tudo. A rua, o choro, as pessoas buzinando, ela correndo e os trabalhores. Enquanto relembrava, alguém com ela falava:

- Onde penduro essa toalha?

Ela muda, nada respondia e depois de um instante, que pareceu longo demais, ela mencionou:

- Não sei, só tome cuidado com os buracos. Estão cavando ali na estrada principal.

Acordou cismada com o sonho.