"Aqueles que pregam e acreditam na verdade são deuses".

 

Eduardo disse essas palavras antes de ser brutalmente linchado por uma multidão impiedosa nas ruas. Até hoje, não consegui compreender completamente o que aconteceu naquele dia. Éramos jovens e imaturos, e era inevitável que algo saísse do controle.

 

Depois daquele dia, decidi abandonar minha crença satânica fanática e buscar um caminho mais seguro. No entanto, a que preço? A memória da cena horrível de seu corpo decapitado e sem vida no asfalto quente ainda me assombra.

 

Suas últimas palavras para mim foram: "Apenas vá embora, vou assumir as consequências do que aconteceu daqui em diante".

 

Depois de presenciar a cena horripilante que por anos me assombra, eu escapei e me mantive longe daquele lugar, daquelas pessoas por muito tempo.

 

Atualmente, me chamo Cristiano e ninguém desde daquele episódio até os dias atuais conhece meu passado.

 

📍Anos Depois...

 

Fui agraciado por Deus com uma esposa encantadora, contudo, ainda lutava para me livrar completamente da tatuagem de estrela invertida que marca meu passado. Felizmente, meu psicológico estava se recuperando e tudo parecia estar indo bem. Apesar disso, ainda me perturbava a imagem nítida de Eduardo, encarando-me com firmeza enquanto se apoiava na base de uma porta de madeira, mesmo depois de seis anos.

 

Num dia ensolarado, ao me levantar para preparar o café, experimentei uma dor intensa na região genital. Ela era tão intensa que eu tive que curvar a cabeça e apoiar minhas mãos na pia da cozinha, mesmo com o fogo aceso e água agitada borbulhando, a dor subindo para o peito e de repente apaguei. Lembro de alguém pedindo ajuda e algumas pessoas se aproximando e transportaram para o hospital e imediatamente fui medicado para poder adormecer e cuidar dos ferimentos...

 

Quando fechei meus olhos, imaginei rapidamente meu pênis todo deformado, supurando larvas e pus pelos cantos da virilha. Olhei ao redor e o vi, olhando diretamente para mim, sem que ninguém mais fosse capaz de enxergá-lo além de mim.

 

Era Eduardo, e em passos cautelosos rondava ao redor da maca em silêncio absoluto. Os médicos começaram a perceber o minha pulsação aumentav e um crescente desespero me tomava e foi então, que senti algo perfurando meu braço.  me sedaram. No entanto, a minha dor intensa era tão debilitante que nenhuma anestesia surtia efeito, tornando a experiência um completo inferno. Finalmente, entrei em coma induzido. Sabia que minha esposa ficaria preocupada comigo, logo que acordasse, iria pedir sua presença. Lembro de ter sido socorrido, mais não por ela.

 

Acirdo com um médico de pé ao lado da cama que me olha com espanto e desdém e diz - "Filho, suas condições eram extremamente críticas naquele momento, no entanto, estou incapaz de compreender. Os exames revelam que as bactérias presentes não se assemelham a qualquer doença sexualmente transmissível."

 

Eu fui informado de que meu caso era um dos mais incomuns que já tinha sido observado. As bactérias extraídas da minha região genital só eram encontradas em cadáveres ou corpos em decomposição, tanto de animais quanto de seres humanos. Era uma situação muito estranha.

 

Quando finalmente acordei, pedi que os enfermeiros entrassem em contato com a minha esposa para que ela pudesse vir ao hospital. No entanto, eles não conseguiram contato com ela. Eles foram até o endereço dela e tentaram de todos os meios, mas sentiram um cheiro fortíssimo vindo de dentro da casa, e chamaram a polícia, suspeitando de assassinato.

 

Quando as autoridades entraram na residência, encontraram o corpo da minha esposa em pedaços, consumido por insetos. Ela havia estado ali há um tempo, mas eu não tinha percebido. Como isso poderia ter acontecido?

 

Era surreal parar para pensar que havia convivido todo esse tempo com uma pessoa morta e nunca ter percebido... Após a cirurgia que resultou na remoção de meu órgão, fui algemado pelos oficiais e levado para a prisão. Era justo que eu, que havia cometido erros tanto no passado quanto no presente, pagasse por eles. Porém, eu sabia que Eduardo havia estado envolvido nisto desde o início.

 

Quando fui colocado na cela com vários prisioneiros perigosos, sabia que meu destino era sombrio. Três homens me cercaram com canivetes nas mãos, e eu sabia que estava acabado. Fechei meus olhos por alguns segundos, só para abri-los e presenciar a chacina que estava acontecendo - os pedaços dos três homens estavam espalhados pela cela, com sangue respingado nas paredes.

 

Eduardo estava coberto de sangue, com uma expressão aterrorizante em seu rosto. Disse poucas palavras, parecendo um enigma, mas eu sabia que elas definiriam meu destino final.

 

Assim como eu, você é culpado por ter matado ela, e nem precisei te incentivar a fazer tal maldade. Eu arquei com as consequências dos meus atos, e você também sofrerá as consequências pelos seus erros. Eu espero que você seja punido severamente, porque outra pessoa com o mesmo nome que o seu já sofreu o mesmo destino. Obediência e mérito são para aqueles que deixam sua marca na história, não para aqueles que tentam se agarrar a ela.

 

 

 

                                     CONTINUA...

Monet Carmo
Enviado por Monet Carmo em 07/06/2023
Reeditado em 07/06/2023
Código do texto: T7808072
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