Caliandra

Se eu fosse uma flor, sem dúvidas eu seria uma Caliandra, conhecida como flor do cerrado. A caliandra cresce até 4 metros, em uma vegetação extremamente seca. Eu poderia aqui escrever sobre a força da caliandra em resistir em meio a uma paisagem desértica ou sobre a beleza de suas tonalidades fortes ou até mesmo sua singularidade de ter um formato pontiagudo. Porém, ao passar pela aquela rua, essa flor sempre me chama atenção, pelo vazio. Ela me transmite a sensação de abraçá-lo, passei a vida tento achar sentido ao meu vazio interno. As vezes com Deus, as vezes com pessoas. As vezes a gente cai no abismo da busca. A busca por sentido, de resposta, de prazes, de distrações. Nós nunca estamos satisfeitos com a inércia, nunca paramos. Não sabemos contemplar o nada, o silêncio, a quietude, mas imperceptivelmente a busca de sentido afasta o sentido. A busca por resposta traz mais perguntas, nunca acaba, a satisfação não chega e a gente deveria aprender a ficar quieto, a ficar calado, a se contentar com o agora que é nada, que é tudo, porquê na verdade o vazio é interessante também, ele não existe para ser preenchido, ele existe para driblar os excessos e em algum momento precisaremos abraçá-lo, parar de buscar algo, a gente precisa deixar quieto. Porquê na verdade tem vazios que não cabem nada dentro.