Guatemala

No lago Atitlán, o Quetzal conhece o Milho. O Quetzal e o Milho se amam e se beijam como vulcões no lago Amatitlán. Na Guatemala, o vulcão é um lago de fogo e os lagos são vulcões de água doce. Os Lagos da Guatemala são lágrimas dos espíritos dos maias massacrados pelo colonizador espanhol. Os milhos são os peixes da terra criados e pescados pelos maias nos solos vulcânicos. Maias são pescadores que sabem navegar nas ondas da terra. São marinheiros de milho que desbravam vulcões e navegam nos lagos da Guatemala como Quetzais.

Maias são homens de milho segundo o consagrado escritor Miguel Angel Asturias. Homens de milho massacrados pela United Fruit quando lutam por um pedaço de terra. United Fruit que transformam homens em grãos e a terra em banana. Jacobo Arbenz que ousou dar um pedaço de chão ao seu povo foi derrubado por um golpe pela serpente do império.

O Quetzal é um Milho que voa e o Milho é um Quetzal com espigas que navegam nas ondas das terras vulcânicas. O Quetzal e o Milho voavam diariamente pelas dez montanhas de Quetzaltenango e descansavam na laguna de Chicabal. Voavam o Quetzal e o Milho pela Guatemala passando pela terra dos ancestrais de Huehuetenango, pela muralha do veado em Mazatenango, pelas muralhas com escudos de Chimaltenango e pela muralha de urtigas de Chichicastenango. Nas montanhas de flores de Suchitepequez, o milho e o quetzal fazem seus ninhos e dos frutos desta união nascem ervas nas montanhas de Sacatepequez.

O amor entre o Quetzal e o Milho fez nascer o quati, tatu, o mono aranha, o peixe-boi, o tamanduá, os crocodilos, os peixes, os camarões e as aves nos lagos Izabal, Petén Itza, Atitlán e Amatitlán. Um casamento que faz nascer a cada dia a sociodiversidade e a biodiversidade guatemalteca que navega em seus vulcões de água doce e nos seus lagos de fogo. Uma união que resistirá e vencerá a pólvora e o canhão dos colonizadores espanhóis e da serpente do império que jamais destruíram a cultura dos homens de milho que voam como quetzais.