A CASA DA ESQUINA BVIW                                  

 

Moro numa casa de esquina numa rua  sem asfalto  de uma cidadezinha  sem graça, dessas de vida besta. Fazer o quê, eu nasci aqui, vivo aqui e pelo jeito vou morrer aqui e serei enterrada no túmulo da família. Mas, continuando: um dia voltava eu para casa, e não sei porque cargas d’agua me sentia feliz e transbordava de esperança  - na base do verde que te quero verde - saltei do carro, olhei para minha casa, então,  disse pra ela: olá senhora dona casa quer compartilhar  da minha alegria, da minha felicidade, da minha esperança? E como casa não respondeu, resolvi, à sua revelia, pintá-la de verde  para que ela ostentasse o meu estado de espírito. Dito e feito. Mas sabe como é, alegria de pobre dura pouco e no outro dia lá se foi a alegria, felicidade, esperança e a  senhora dona casa passou a representar  um acinte ao meu novo estado de espírito - a esta altura, macambúzio – foi quando chegou a hora da danação e a minha vontade foi  virar uma pichadora e na calada da noite  sair rabiscando suas paredes com alguns palavrões bem fora do meu linguajar só para ter o prazer de me  de me sentir tão vulgar como qualquer uma reles mortal. Dessas fêmeas que reclamam, sofrem por qualquer coisa, inclusive por amor, que é capaz de apelar para o seu lado masculino e encher a cara no primeiro boteco que avistar  e de gastar todas as suas fichas numa máquina jukbox só para ouvir  Roberto Carlos mandar tudo pro inferno.

 

                                                                          A

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 08/08/2023
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