O Dia da Criança

Já era meia noite e meia e Sophia estava brincando de guerra de travesseiro com o seu pai, quando sua mãe entra no quarto e disse:

- Sophia sabe que horas são?...

Como a se olhar e sem entender, Sophia e seu pai estaguinaram em cima da cama, com a chamada de atenção de sua mãe. E ela seguiu dizendo carinhosamente:

- Sophia, tu queres que de manhã, eu coloque ao teu lado uma lata de água e passe no teu rosto pra te acordar, ou você prefere ir já deitar?

Sophia obedientemente relutante foi se deitar, após escovar o dente.

Seu pai, passivamente solidário a filha, obedeceu a sua esposa rindo, dizendo ironicamente a Sophia:

- É filha, manda quem pode e obedece, quem tem juízo.

E rindo os dois correram, cada um pro seu cantinho, enquanto a patroa colocava ordem na casa.

Na manhã seguinte, antes que a mãe acordasse, o pai foi lá com sua filha e a acordou, pra evitar um balde de água fria cedo. Todos apostos, após o café, cada um seguiu a seus compromissos. O pai foi para o seu trabalho e a filha foi pra escola, enquanto a sua mãe voltou pra casa, para os seus afazeres.

Lá pelas 10hs, horário do recreio na escola, Sophia com as amigas brincava de vôlei, quando uma delas, desastradamente bateu com muita força na bola, que acabou passando o muro da escola e caindo em uma casa desabitada.

- E agora? Quem vai buscar a bola? disse uma das amiguinhas.

A dona da bola se assentou no chão e começou a chorar resmungando:

- Minha mãe vai me bater, se eu não recuperar a bola , que é do meu irmão.

Sophia e outra coleguinha tentaram fazer algo. Primeiro a colega juntou as mãos e tentou erguer a Sophia, para subir no muro, sem êxito. Depois as duas fora a inspetora e perguntaram:

- A senhora sabe onde tem uma escada?

Como resposta ela disse:

- Pra que vocês querem?...

E as meninas disseram, que a bola da Ohana havia caído na casa ao lado. Porém a inspetora não quis saber e disse:

- Meninas se acomodem, não tem escada aqui e deixem essa bola pra lá.

Resilientes e preocupadas as meninas foram a direção e perguntaram outra vez:

- Alguma de vocês sabe onde tem uma escada?

No entanto, as que lá estavam, apenas olharam e fizeram pouco caso dizendo:

- Pra que vocês querem uma escada?

E as meninas sinceras falaram:

- Tia é pra pegar a bola da nossa colega, que a gente brincando deixamos cair na casa ao lado.

Como resposta as pessoas que ali estavam, sem sair da sua zona de conforto e sem se importar com a situação falaram:

- Deixem pra lá. Amanhã a mãe de vocês compra outra. E começaram a rir.

Sem achar engraçado, as meninas resolveram por si dar um jeito. E obstinada, continuaram a procura de uma escada. Nesse raciocínio e ainda preocupadas com a dona da bola foram a sala dos professores, que no momento estava vazia e lá encontraram finalmente o que procuravam. Se juntaram e carregaram a escada, que não era muito pesada, levando até o muro, no rumo do local, onde a bola havia caído. Após erguerem a escada, uma colega segurava e Sophia subia sorrateiramente, observando, com cuidado o local, porque notou, que lá havia um cachorro acorrentado. Em pé no muro visualizou a bola e notou, que dava pra ir lá e pegar, então desceu e correndo, sob os latidos do cachorro pegou a bola, jogou pelo muro da escola e voltou.

Acontece, que o alarido do cachorro chamou a atenção da professora de educação física, que parou a aula de sua turma e foi ver o que estava ocorrendo. Nessa hora viu Sophia descendo do muro pela escada.

Pegas na desobediência foram levadas a sala de aula, onde a diretora, a inspetora e a professora passaram um sermão, pra não desobedecerem e complementou dizendo:

- Ohana, Priscila e Sophia fiquem sabendo, que vamos falar pra mãe e pai de vocês. Isso é um absurdo, já pensou se caem pra lá e se machucam. A escola, quem iria responder e que isso sirva de lição pra cada um de vocês.

Após a saída da diretora com a inspetora da sala, mesmo com a professora ali, os meninos ficaram achincalhando a Sophia e as sua colegas dizendo:

- Ah, Ah, Ah...vão apanhar dos pais de vocês.

Minutos depois a secretária ligou pras mães das alunas envolvidadas naquela traquinagem, solicitando a presença dos pais na diretoria.

Aflita a mãe de Sophia, ligou pro pai da Sophia dizendo:

- Vou ter que ir a diretoria, pois a tua filha aprontou na escola.

Atônito, o pai ficou até sem entender, porque a sua filha; pensou ele, não iria fazer nada, que agredisse a sua boa conduta. Ela sempre foi uma boa aluna e uma ótima filha. Não iria lhe dar aquele desgosto.

E voltou voando pra casa. Quando lá chegou, sua filha já tinha ouvido um belo sermão de sua mãe. E ele a chamou pra perguntar do ocorrido, que de pronto, disse ela:

- ô pai, estávamos brincando de vôlei e a bola da Ohana caiu no outro quintal e eu fui lá buscar, porque falamos com a inspetora e ela nem falou nada; Fomos a direção e ainda fizeram graça de nós. Ai eu mais a Priscila temendo pela Ohana, encontramos uma escada e fomos buscar.

O Pai rindo, disse:

- Filha, não entendo o que ocorreu, como um ato de indisciplina de alto grau, prá direção fazer todo esse estardalhaço, no entanto pra você entender e nunca mais ser impulsiva, pra querer resolver as coisas a seu modo. Vale dizer que ali, no espaço escolar vocês são responsabilidade deles, por isso você não deve desobedecer, porque se acontece algo com vocês a responsabilidade é toda da escola. E que isso sirva de lição pra você na vida, pois tem coisas que a gente quer muito fazer, mas pode causar prejuízo a outros. No direito há uma regrinha básica, que diz, "o seu direito termina, quando o de outro começa". Você me entende?!...E ela, após tantos sermões, rindo no momento com o pai, refletindo respondeu:

- Entendi pai e não vou fazer mais.

E o pai a abraçando concluiu:

- Filha, não fique chateada com a sua mãe por ela ter chamado a sua atenção. Se fosse eu e a minha mãe, no passado, nem quero ousar pensar. Mas guarde esse episódio, pra contar a seus filhos. Eles vão gostar de saber, que criança é a arte de inventar. Pois, por incrivel que pareça, qualquer um que senta num banco de escola volta a ser criança de novo.