A curiosidade do Aracuã

Aracuã, vivia no meio da mata com os pássaros da sua espécie. Na rotina dos dias, acordava na madrugada cantarolava, mariscava e via o céu,  a cada manhã,  desabrochar entre as palmeiras do buriti,  entre as árvores seculares...bebia água barrenta do rio, que o boto mergulhava, sentia a brisa que lhe abrigava.

Até que um dia, assentado num galho de samauma encontrou um Urubu,  que vinha da cidade.

Conversa vai, conversa vem e o urubu falou da felicidade de está ali sentindo o ar puro da mata, o sossego e a fartura,  que na cidade não existia .

Despertando sem querer a curiosidade do Aracuã, que quis saber como era a vida na capital, que o urubu falou com certa facilidade,  porém,  sem esboçar qualquer  saudade.

Sem mais perguntas,  o Aracuã se imaginou conhecendo o lugar...fez mirabolancia,  pensando em ser estrela na cidade.

E perguntando ao urubu,  qual rumo tomar,  caso quisesse conhecer. Urubu forneceu a rota, mas desconfiado da curiosidade do Aracuã, Urubu alertou:

- se você está pensando em ir lá, aconselho a ficar por aqui,  pois lá só nos vêm como exóticos. Cuidado pra você não virar produto  monetizado.

Rindo Aracuã, disse:

- não largo essa fartura.

No entanto,  os dias passando,  Aracuã, se vendo assediado pela ambição,  saiu na madrugada. Pegou  a rota informada e chegou de tardinha na cidade.

No alto de um prédio assistiu de cara uma batida de carro,  quis interagir com um Ben te vi,  que nem deu conversa...chamou um sabiá,  que cantava só,  que de tanto barulho,  não conhecia os silvos da mata.

O jeito foi correr com os pombos,  que disputavam um pedaço de pão e falaram com certa celeridade,  que ele acostumado a prosa da mata, nada entendeu.

Procurou por trás dos prédios a lua, procurou o rio com água barrenta, a passarada ao final da tarde.

  Todavia se deparou com um metrô,  que quase lhe arrancou as asas e se descansou no pé de uma urbana mangueira...

Com fome procurando sem encontrar, alimentos pra sua fome, um homem o aprisionou.

Até comeu, até bebeu...

No dia seguinte o especialista o empalhou e o dono o vendeu pra um comprador da Austrália,  que queria em seu museu particular.