O mistério das malas



Nervoso, na rodoviária de S. Paulo, Mário olhava para os lados como se procurasse alguém. Cada pessoa que se aproximava, ele acompanhava com o olhar, até ela afastar-se.
A seu lado uma mala preta...
Numa cidade do interior, curiosa figura vestida de negro caminhava, levando consigo outra mala, só que vermelha. Era um ente assustador... Magro e alto, encurvado, com olhos proeminentes num rosto anguloso. Usava uma capa preta em evidente exagero com o ar fresco que fazia. Nas mãos, uma passagem de ônibus para S. Paulo. Embora não quisesse chamar a atenção, era alvo de muitos olhares inquisidores.
Finalmente, chegou o ônibus. Embarcou. Uma pergunta martelava-lhe a mente: "Ele estaria lá?”
Enquanto isso, num aeroporto de Porto Alegre, havia um fuzuê por causa de uma mala que sumira. Uma mala vermelha!
O homem estava nervoso, pois dizia que o que tinha na mala poderia matar milhares de pessoas. Dois homens com ares de estrangeiros ouviam atentamente as explicações sobre uma mala vermelha. Decidiram seguir o nervoso personagem que tomou um táxi.
O táxi era só fachada. Na verdade, eram federais que, percebendo que estavam sendo seguidos, despistaram-se dos estrangeiros. E levaram o homem a um aeroporto secreto onde embarcaram num jatinho particular, e voaram para São Paulo. Lá, uma limusine esperava-os para levá-los a certa cidade no interior...
Ao mesmo tempo, na rodoviária de S. Paulo, Mário esperava. Finalmente deu um telefonema, pegou a mala preta, comprou passagem e seguiu para determinada cidade do interior. Consultou várias vezes o relógio, preocupado com as horas... Queria desfazer-se o quanto antes daquela mala preta. Não tanto pelo peso, mas pelo conteúdo. Foram muitas horas sem dormir, preocupado, nervos à flor da pele... Olhou de novo o relógio... O que iria acontecer?
Adormeceu cansado e, quando se deu conta, Mário chegou a S. Caetano do Sul. Desceu. Um calor infernal! Pegou a mala e... Foi empurrado, levado a um carro e não se lembrava de nada até que se viu num avião.
-E a mala? Perguntou ao conseguir falar.
Dois homens mal-encarados olham-no sem dizer palavra.
Finalmente chegaram a Porto Alegre. No aeroporto, viu de longe Dr. Agostinho. E sua mala! Aquela malfadada mala preta. Mas o que tinha a ver o Dr. Agostinho, advogado de renome, ponderado, com uma calma inexplicável, sempre pronto para ajudar, com esta confusão? Não, não podia ser o que estava pensando... Ele não podia ser o mandante disso tudo.
Mário estava fugindo com aquela mala, pois alguém havia tentado roubar o que havia dentro dela, tinha pedido ajuda ao Dr. Agostinho sobre o que fazer para se defender juridicamente, caso alguém roubasse os direitos que possuía daquilo que se encontrava na mala. Dr. Agostinho era o único que sabia o que havia lá. E logo em seguida, houve a tentativa de roubo.
Dr. Agostinho se aproximou:
-Mário, Mário! Você é tão ingênuo! Não sabe o que estava em suas mãos! Quanto dinheiro podia ter ganhado! Mas agora sou eu quem vai ganhar este dinheiro!
Dito isso riu de uma maneira macabra.
Mário tentou alertá-lo do perigo daquilo. Mas Dr. Agostinho estava irredutível, não ia desistir. Mário fazia em silêncio uma oração para que Deus viesse ajudá-lo a desfazer toda essa bagunça.
O sujeito magro de aparência estranha, com a mala vermelha na mão, chegou a São Paulo e pegou outro ônibus em direção a São Caetano do Sul. Lá chegando, hospedou-se em um hotel.
O homem cuja mala vermelha havia sido roubada em Porto Alegre, era interrogado pela Polícia Federal. De onde vinha? Para onde ia? O que havia na mala. Algo importante e perigoso tinha na mala. Por que a roubariam. O homem permanecia calado. Os policiais ficavam impacientes com a mudez do homem que apenas lhes dirigia um olhar amedrontado. Mesmo que parecesse impassível diante dos homens.
Dr. Agostinha gritava como louco com Mário:
-Onde estava? Onde? Onde você colocou a outra parte da fórmula?
Mário não respondia. Dr. Agostinho ameaçava matá-lo, se não respondesse. Mesmo assim, ele permanecia calado.
Enquanto isso, no hotel em São Caetano, Victor pensava na demora do amigo Mário. Foi difícil roubar aquela mala no aeroporto, correu um sério risco. Tudo tinha que dar certo...
...E deu...Mário abriu os olhos assustado. A seu lado, a mala preta e a mala vermelha. Qual delas levaria para sua viagem a São Paulo? Que susto! Tudo fora um sonho!


Criação: Denise Severgnini, Marcelo Bancalero, Mardilê Fabre e Vilma