Eu queria ao menos uma vez tocar triângulo em uma orquestra

Zapeando por canais de televisão em um sábado à tarde, sou tomado pela visão de uma orquestra que se apresenta em um canal aberto – daqueles que quase ninguém assiste - e pelo som harmonioso emitido pela sinfônica. Interrompo o controle remoto e sou tomado de chofre pela música que se propaga pela sala. Me emociono com a performance dos músicos sempre compenetrados, concentrados e com os olhos fixos nas suas partituras.

O som que flui me transporta para um lugar qualquer, distante da realidade me deixando em estado de quase levitação. A melodia bela e harmoniosa executada rege não apenas a sinfônica, mas também aquele momento especial. Volto à realidade aos poucos e passo a observar o movimento da TV sobre a orquestra, a postura e o gestual dos músicos. Observo certa preferência do canal pelos instrumentos de cordas: violinos, violas, violoncelos, contrabaixos e harpa, quase se fixando neles e no piano - seriam mais nobres? Penso -.

Diz-se que ao se escutar uma orquestra tocar é possível identificar cada um dos instrumentos musicais em atuação. Não creio; só consigo escutar o todo. Opa!!! De repente distingo um som familiar que se destaca dos demais. Apenas uma batida. Meus sentidos ficam em alerta e direciono meu olhar para o movimento da câmera que busca o som emitido naquele momento. A câmera se aproxima do músico lá no fundão, visivelmente feliz e orgulhoso do seu papel na sinfônica. Ele se levanta, calmamente, expõe para a plateia um triângulo de metal vazado no meio e, com grande concentração aciona uma vareta por entre o triângulo e trina um som ímpar, curto e agudo, dando um toque singular que, aos meus ouvidos, realça a mil graus a harmonia da música em execução. Me arrepio com a performance. Apenas um toque! Mas, que toque!!

Fecho os olhos e viajo com a explosão de sons irradiada pelos instrumentos. Repentinamente, acordo do meu devaneio ao pressentir que o concerto se aproxima do final, quero parar o tempo, lembro do triângulo. Me preparo para a apoteose emocionado e ansioso pela performance do percursionista. Em um dos últimos movimentos do concerto ele se aproxima do instrumento com pontualidade britânica e acolhe o tímido triângulo. O eleva até a altura dos olhos e com um único toque da vareta o faz emitir um trinado inconfundível que domina por uma fração de segundos a nobreza do som do piano, violinos, flautas e demais instrumentos da orquestra finalizando, magistralmente, o espetáculo e provocando os aplausos e a ovação da plateia. Estremeço, me emociono e desejo mais do que tudo, ao menos uma vez, tocar triângulo em uma orquestra.

*Um triângulo e seu batuque

• O Triângulo ou ferrinhos é um instrumento musical idiofone de percussão direta feito de metal e usado na música folclórica ou regional portuguesa e também em alguns estilos musicais brasileiros, como o forró. É também conhecido como tengo-lengo ou quindim, devido ao seu som. Pode também ser incluído na seção de percussão de uma orquestra (constitui o menor dos instrumentos de orquestra) ou de uma banda de música.

• Normalmente é feito de ferro ou aço, mas pode ser encontrado em alumínio. O som do instrumento é obtido por percussão, através do movimento do bastão (batedor), que bate no triângulo em sincronia com a mão que o segura e determina o som aberto (com maior sustentação) ou fechado. Ele possui essa denominação, pois ele lembra a forma geométrica de mesmo nome.

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FCintra
Enviado por FCintra em 19/12/2023
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