O ENVELOPE? DEPOIS EU VEJO (BV)

 

 

Abri os olhos, ao pé da cama encontrava-se Maria com um envelope na mão e com a sua intimidade peculiar foi logo dizendo: Abre logo pra ver o que é! –Retruquei: calma , Maria, vai cuidar do café, deixa o envelope em cima da mesinha, depois cuido disso e continuei deitada o telefone toca, ouço mais do que falo, respondo coisas não perguntadas, quando não respondo nada... Levanto, a janela me atrai, as pessoas lá em baixo passam sem fazer ruído, parecem que andam pé –ante- pé, nem a chuva que cai tem o seu barulho característico, cai suave. O silêncio é perturbador e eu me dou conta de ausências que me deixam tristes, de palavras que não mais ouço e das quais sinto falta. A vontade que me deu foi de falar alto e ouvir o som das minhas próprias palavras. Fechei a janela e voltei pra cama. Fui terminar a leitura de “ A Emoção Solidária” do escritor conterrâneo João Mendes Melo.

Ah, quanto ao envelope, depois eu vejo...

 

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 17/01/2024
Reeditado em 17/01/2024
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