Entre dois mundos

Essa é a história da Jane.

Jane era uma moça muito carismática e sempre disposta a ajudar as pessoas. Quantas vezes Jane não abriu mão de seus próprios interesses em favor de outras pessoas?

Jane, porém, também era uma pessoa com uma sensibilidade emocional aflorada, marcada por sua história de vida. Contudo, apesar de apoiar a tantas pessoas, Jane tinha alguém em quem se apoiava à medida em que se entregava sem reservas, sem poupar esforços, afeto ou recursos.

Todavia, como nada é perfeito, um dia Jane se decepcionou profundamente com aquela pessoa a quem tanto se devotou. Sentindo se decepcionada e ferida pela ingratidão, Jane procurou uma igreja.

Jane, então, transferiu toda a sua dedicação para a igreja e se envolveu com tudo e com todos dando o seu melhor. No entanto, a igreja está repleta de seres humanos que conhecem suas imperfeições e estão ali justamente para encontrar a misericórdia de Deus sobre suas vidas, a fim de encontrarem salvação na eternidade e já aqui serem salvos de si mesmos , dos seus sentimentos, das suas lutas interiores que muitas e muitas vezes tentam e até conseguem saltar para fora. Foi assim, que com o passar do tempo, houve desentendimento e dificuldade e Jane sentiu vontade de sair da igreja e até ficou sem ir à congregação, chateada e decepcionada com as pessoas da igreja.

Eis que surge um dilema para Jane:

Jane estava fora da igreja e ao sofrer decepção, procurou abrigar-se na igreja porque onde ela estava não servia mais. Agora, Jane está na igreja e ao se decepcionar com as pessoas, não quer ficar na igreja porque ali não lhe serve mais.

Jane se esqueceu de uma coisa, aonde ela for, carregará dentro de si a si mesma. Jane não refletiu que nem sempre é sobre os males que sofremos, mas é sempre sobre como lidamos com eles. Jane não entendeu que muitas das vezes precisamos liberar o perdão sem que o outro se dê conta do mal que nos fez. Jane também não percebeu que dentro das igrejas e fora delas os seres humanos continuam falhos, que o próprio Jesus disse: "Orai e vigiai porque o espírito está pronto, mas a carne é fraca"

Jane agora precisa decidir onde deve estar. Voltar para onde estava, lugar que ela julgava que não lhe servia mais? Ou continuar na igreja, apesar das imperfeições? Qual dos dois lugares lhe serve menos?

Jane talvez tenha que refletir que não existe lugar neutro, que sua casa não é lugar neutro e que por mais que se afaste das pessoas sempre terá a sua própria companhia e que se a sua companhia for justamente aquela que lhe faz mal pelos maus conselhos dos seus próprios pensamentos influenciados pelos sofrimento ao longo da sua vida, de modo que moldam sua percepção dos comportamentos de outras pessoas a seu respeito, então ela precisa fazer parte de um grupo.

Jane se afastou de todos e ficou remoendo suas dores, até que um dia ela percebeu que não adianta procurar refúgio nas pessoas da igreja ou de fora dela, que não adianta construir marquise emocional ou altruísta a na vida de outra pessoa, visando a fidelidade afetiva e moral. Jane percebeu que para oferecer algo e ser feliz, é necessário jamais esperar retorno, assim sem esperar gratidão, qualquer coisa negativa que surgir não poderá ser ingratidão ou causar decepção.

Certo dia, Jane abriu a Bíblia e leu o Salmo 121: "Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro?

O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra."

Foi assim que Jane compreendeu que o socorro, o abrigo, a compreensão, o abraço necessário e o amor imensurável só vem de Deus. Que Deus fez o céu e a terra, o divino e o humano. Que dEle é todo poder. Jane entendeu que o "Senhor guardará a sua entrada e a sua saída, desde agora e para sempre." , desde que ela entendesse de onde lhe vem o socorro.

Foi assim que Jane parou a de atribuir aos falhos seres humanos a atividade de nunca lhe machucarem e passou a orar ao Senhor que guardasse a entrada do seu coração para que a decepção, a mágoa e outros sentimentos negativos não entrassem nele; também pediu que guardasse as saídas do seu coração para que não saísse vida, mas que o perdão , a compaixão, o entendimento, alegria, a gratidão e o louvor sempre tivessem trânsito livre em sua alma