Rascunho - BVIW

Maria acomodou-se à sua escrivaninha. Como sempre, escrevia primeiro no papel. E a lápis, para poder apagar à vontade.

Tinha um notebook e lidava razoavelmente bem com ele. O problema é que não confiava nessas engenhocas modernas. Então, munia-se de folhas de rascunho – o verso de notas fiscais, cartas comerciais etc. que reutilizava. Depois do texto revisto, corrigido, era digitado. E copiado num caderno, porque nunca se sabe o que um computador pode aprontar num momento de raiva!

Já agora as coisas começavam a se enevoar em sua mente. Perdia o fio da meada, divagava, esquecia.

Foi então que decidiu mudar de rumo. Não iria parar de escrever, mas a partir desse momento teria um caderno de rascunho, para não correr o risco de não saber onde largara as folhas esparsas.

A decisão estava tomada: aquele seria o último conto escrito em soltas folhas de rascunho.

Lu Narbot

Tema da semana: O Último Conto (Conto)