AMOR DOCE AMOR



Desde a mais tenra idade, Felipe habitava os pensamentos de Simone.
Foram colegas desde o jardim de infância até á faculdade.
Ela sempre o amou em silêncio, mas era um amor impossível. Ele era inacessível. Vivia sempre rodeado pelas garotas mais lindas da escola e nunca dava bola pra ela. Agora, passados 25 anos o reencontra. Ela já havia casado e descasado, vivido muitas histórias de amor. E de repente quando o avistou novamente, sentiu como se o tempo não tivesse passado. Como se amor por ele estivesse sempre ali pronto para ressurgir naquela hora. Ele ainda estava lindo. Cabelos negros e lisos, 1.90 de puro músculo, lindos olhos azuis... Ufa! Melhor não perder a compostura! O que ele iria pensar de mim...
Depois de algum tempo sem ter ninguém... Nem um beijinho sequer havia garimpado ao longo de alguns meses. Era secura demais para alguém que reencontrava nesse momento uma antiga paixão. Como seria difícil se comportar com certa frieza para que ele não percebesse a sua excitação...
Simone fez uma viagem interior. Será que ele iria reconhecê-la depois de tanto tempo?Ainda considerava-se bonita, apesar de não ter mais o mesmo corpo de top-model da juventude.
Será que Felipe estava solteiro?...Não!Um homem daqueles não nasceu para viver só!
Incerta, dirige passos lentos até ele. Pára. Mais um passo... E de repente ele se vira em sua direção. Os olhares se cruzam, ele não a reconhece. Ela fica entre a indignação e o alívio. Afinal ele nunca dera bola para ela. Não queria tomar outro fora a essa altura.
Mas ele não desvia o olhar, não um olhar de reconhecimento, mas sim de quem queria conhecer. Ela não queria acreditar, mas ele estava flertando com ela...
Resolveu então deixar que a situação se definisse sozinha... Retribuiu o olhar...
Deixou que a linguagem do corpo falasse. Olhares, movimentos labiais, as mãos no cabelo. Jogo de sedução? Se sim, não saberia dizer, era tudo muito natural, instintivamente as partes do seu corpo voltavam-se para ele, seus pés em sua direção, quando respirava seu peito arfava enquanto se olhavam. E em tudo era correspondida naquele colóquio silencioso e sutil. Os gestos falavam mais que mil palavras. Mas não podiam continuar indefinidamente naquela linguagem muda. Alguém tinha que romper barreiras, tomar a iniciativa de um contato maior. Eram poucos passos, mas um turbilhão de idéias assaltou a sua mente. Afinal tantos anos se passaram. Que histórias ele teria vivido? Que experiências fizeram dele o ser que é agora? E ele? Indagaria sobre sua vida? Perguntaria sobre o seu passado? No íntimo, ela desejava que aquele encontro fosse o início de uma bela e intensa história de amor, dessas que valem toda uma vida, uma história sem a qual a existência ficaria incompleta. Num átimo, poucos passos e de repente falaram ao mesmo tempo:
- Olá...
- É impressão minha ou estamos mesmo tendo um encontro mágico? Perguntou ele.
Ela não sabia o que responder. A vida ensinou-a cautela, mas o m seu espírito de aventura e o impulso de aceitar desafios gritavam forte. E afinal Felipe fazia parte dos seus sonhos de infância e juventude. Decididamente ela estava diante de um instante em que fazer uma escolha era preferível a não fazer nada. Lembrou-se de um ditado popular que diz que as águas de um rio jamais passam no mesmo lugar. Era um momento especial. Mas e se tudo de belo que via nele fosse apenas sua fantasia? Será que não estava idealizando? Ah, não. Não deixaria que tais pensamentos sabotassem a oportunidade que o mundo estava lhe oferecendo.
Quase se esqueceu que ele não a havia reconhecido, já ia estragando tudo. Não! Contive-se. Agiu como se fosse a primeira vez que via aqueles lindos olhos azuis. Vamos ver no que dá...

Criação: Denise Severgnini, Diana Gonçalves, Marcelo Bancalero, Nina