Me dê só o direito de roubar

Juliano era um homem jovem envelhecido pelas condições de vida. A jovialidade e sua beleza correlata se associam muito mais às condições materiais de autocuidado e o bem estar proporcionados pelo hedonismo do que essencialmente ao número de vezes que o dia do natalício se repetira. Ateu, decidiu orar uma vez mais apenas, não estava mais aguentando a miséria.

- Pai Nosso que estais nos Céus, santificado seja o vosso Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade

assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos

a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal. Sei que pode parecer incoerente dado o peso das palavras, mas Deus, me dê o direito e a condição de roubar. Uma vez só, só preciso de alguns milhões. Serei tão temente ao Senhor que não vou querer mais depois disso. Por favor. Porra deus, você também podia me deixar levar logo para casa um pouco, você permite que tanta gente roube, tanta gente faça um monte de merda, porra. Só quero um pouco de dinheiro e não ser mais amolado, caralho. Tanta gente tá roubando e você não faz porra nenhuma, eu só quero um pouco, caralho, já me resignei com o inferno depois que morrer, mas em vida não aguento mais...

Sua oração se transformou em desabafo, mas não deu em nada. Não teve respostas, sinais, ou qualquer coisa que o valha. O rancor das suas veias em poucos anos o matou, triste de não ter a única coisa que realmente lhe importava: dinheiro.

Gabriel Figueiredo
Enviado por Gabriel Figueiredo em 08/04/2024
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