Inspiração noturna

No centro de uma cidade labiríntica, envolta pela escuridão opressiva da noite, residia uma escritora solitária chamada Katarina. Ela era uma alma inquieta, consumida por uma paixão inexplicável pelas estrelas, que pareciam sussurrar segredos indescritíveis em seus ouvidos durante as horas mais sombrias.

Cada noite, enquanto o mundo ao seu redor se afundava em um silêncio sufocante, Katarina se encontrava à sua escrivaninha, encarando o vazio do papel diante dela. Ali, ela lançava suas palavras ao vento noturno, esperando em vão que as estrelas as capturassem e as transformassem em algo mais do que meras letras sem sentido.

Em uma dessas noites, quando o silêncio era tão palpável que parecia sufocá-la, Katarina foi tomada por uma inspiração súbita e incontrolável. As palavras fluíam de sua mente como água turva de uma nascente esquecida, e ela as registrava freneticamente, como se estivesse tentando conter uma tempestade em um frasco.

Dias se passaram, e Katarina se viu imersa em seu próprio mundo de palavras, onde a realidade se misturava com a fantasia de uma maneira que desafiava toda lógica e compreensão. Ela escreveu sobre amor e perda, sobre a fragilidade da existência humana em contraste com a imensidão indiferente do universo.

Finalmente, o dia da publicação chegou, e Katarina segurava seu livro recém-impresso com mãos trêmulas, como se estivesse segurando o destino de sua própria alma. À noite, ela se sentou em sua escrivaninha mais uma vez, observando o céu noturno com uma mistura de fascínio e medo.

As estrelas cintilavam acima dela, indiferentes à agonia silenciosa que consumia sua alma. Katarina olhou para elas em busca de alguma resposta, alguma pista sobre o significado de tudo o que ela havia escrito, mas elas permaneceram impassíveis, como sentinelas misteriosas em um reino desconhecido.

Ao folhear as páginas de seu próprio livro pela primeira vez, Katarina sentiu um arrepio percorrer sua espinha, uma sensação de terror crescente que a envolvia como uma névoa espessa. As palavras que ela havia escrito, as histórias que ela havia contado, pareciam agora estranhas e alienígenas, como se tivessem sido arrancadas de sua mente por uma força desconhecida.

Naquela noite, sob o olhar implacável das estrelas, Katarina percebeu que havia cruzado uma linha invisível, que suas palavras haviam adquirido uma vida própria, uma existência além de seu controle. E enquanto ela se afundava na escuridão sem fim de sua própria mente, ela soube, com uma certeza terrível e inevitável, que seu destino estava selado, que ela havia se tornado prisioneira de suas próprias criações monstruosas.

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Pix 45999009768 Eliane da Silva