Despertar.

Despertar.

Uma certa vez, estava numa viagem para os Alpes afim de fazer Rapel, Escalada, e, sentir a adrenalina correr nas minhas veias. Chegando no aeroporto de Zurique, aluguei um Coupé da Mindset AG, era um carro Híbrido confortável em toda sua categoria. Marquei no GPS o Hotel onde iria passar a noite antes de partir para a aventura. O The Dolder Grand Hotel, situa-se no topo mais alto da cidade, um hotel secular, com arquitetura de dar inveja.

Cheguei no Hotel, fiz o check-in e direcionaram-me aos aposentos. Entrei, arrumei minha bagagem, entrei no banho para relaxar tomando uma ducha quente. Sai, escolhi uma veste apropriada para a noite, desci no saguão, informei-me sobre o bar e entrando no local procurei sentar no canto de onde podia ver todo ambiente. Não demorou um Kellner veio a minha mesa.

- Was willst du?

- Ein Bier, bitte.

Ela saiu, fiquei a observar as pessoas ao meu redor, um casal estavam juntos, porém, sós, uma adolescente embriagada tentando se recompor enquanto os pais repreendia, e, foram tantos casos que não daria para relatar numa noite só, comecei a rir sozinho, foi então que chamou minha atenção, aquela mulher elegante, vestia Prada, tomando um vinho Angelica Zapata Cabernet Sauvignon 2019, envelhecido em barris de carvalho, apesar da sua aparência, estava só. Como um bom Geminiano que sou, fui até a mesa dela:

- Good night.

- Good.

- Can i sit down?

- Not.

Ela me olhava com olhos atentos de desconfiança.

- Why?..

- There's nothing to do here.

- Ok.

- Vejo que não é uma pessoa simpática. Resmuguei.

- Desculpe, mas, eu também falo português.

- Fiquei sem saber onde enfiar a cara.

- Certo. Que bom! Vejo que entendeu o que falei. Acho que não disse nada errado.

- Escute aqui garoto. Se estar procurando diversão, o parque mais próximo fica a quatros quarteirão daqui, e, lá você encontra carrocel. Boa diversão.

Ela baixou sua cabeça entregando por definitivo a não interagir. Virei as costas e sai.

- Garoto! Diversão! Arghhh.

Sentei em meu canto de onde não devia ter saido.

- Garoto. Quem ela pensa que é? Garoto. Então, você vê uma pessoa sozinha quer se aproximar para lhe oferecer companhia e é chamado de Garoto.

- Lhr kirschmr.

- Danke.

Peguei a cerveja, o gole descia seco. Terminei fui pro quarto ainda chateado. Deitei para dormir e a palavra não saiam da minha cabeça.

- Garoto.

Amanhece o dia, tentando esquecer a noite vergonhosa segui destino para minha aventura. Chegando lá as palavras se dissiparam frente a tal paisagem, o lugar era divino, frio, e, convidativo. Fui até o carro, peguei os equipamentos e pus-me a aventurar-me. Pelo menos esta aventura eu não era descartado. Algumas horas de escalada e cheguei ao ponto de fazer Rapel, amarrei a corda certificando estar bem amarrada e forte, vesti a cadeirinha, verifiquei os mosquetões e o freio oito, coloquei as luvas e o capacete; além deste equipamentos peguei a Commander III (Faca), a pistola 765 cano refrigerado para o caso de precisar e a Sunging Rock (Machado de gelo).

Fui descendo devagar tirando fotos para a posteridade, não estava só tinham outras pessoas praticando o mesmo, mais uma vez uma pessoa fazia todo trajeto como quem fosse parte da montanha. Parei para filmar seu bailar entre uma geleira e outra. Fiquei tão admirado que quase caio entre dois paredões, depois da divina cena chegamos ao solo. Lá estava ela, se despindo dos acessórios como uma águia que após um voo perfeito pousa para o Deus sol. Pensei comigo, vou me apresentar, mas, logo tudo virou, era a mesma que me deu um fora, então, a maldita noite veio a tona.

- Garoto...

Ouvi um tom alto na voz de uma outra pessoa direcionada a mulher cuja minha noite foi desastrosa.

- Você foi maravilhosa, porém, eu fui melhor.

Nada ela dizia, apenas observava e ouvia. Fiquei sem entender o porque das palavras, o por que dela despertar tanto o que me pareceu inveja, ódio, e, despeito. Decidi então aproxinar-me.

- Oi.

- Não estou pra conversa.

- Ok. Só queria dizer que você é incrível na descida.

- Ah! Grata.

- Você pratica a muito tempo?

- Dois anos, mais ou menos.

- Poxa parece ter anos. Quando você passou naqueles paredões com aquela simplicidade de quem escreve poesias fiquei encantado.

- Obrigada. Perdoe a minha grosseria ontem à noite. Eu estava cheia de problemas e uma delas são as pessoas que me abordam, pensando que sou consolo, ou, tentando mostrar ser melhor, como agora.

- Tranquilo. Me chateou mais tudo bem agora.

- Desculpe mesmo. Não sou assim!

- Ok. Como se chama?

- Arinajd.

- Prazer. Osvaldo Rocha.

- Prazer.

- Depois daqui tem alguma coisa em mente?

- Nada só o hotel.

- Sendo assim, vou tomar a ousadia de convida-la para um Drink. Tudo bem?

- Não prometo, mas, pensarei no assunto. Tchau.

- Tchau.

Ela pôs no alforge da Harley Davidson, Electra Guild 1800 cilindradas os seus equipamentos, sentou e acelerando partiu. Fiquei a vê-la sumir na estrada.

- Que moto!..

Entrei no carro, para o hotel. Era por volta das 16:55, entrei no quarto, tomei banho e deitei um pouco para descasar. Desperto do sono ladrão percebi que já estava um pouco tarde passava das 20:00 horas, tomei outro banho, vesti uma roupa mais casual e desci. Chegando no bar eu ouvi:

- Sempre deixa uma dama na espera?

Era ela. Sorri, acenei, e, fui na sua direção. Ela estava vestindo um vestido longo preto Caroline acetinado, um colar Infinidade Coração com Ouro e Diamante, um Pump de Couro Envernizado Prada. Nos lábios Le Rouge Chanel 31, dando ênfase a sua boca.

- Boa noite.

- Não sei. Fui convidada por uma pessoa que me deixou esperando meia hora.

- Façamos o seguinte. Você esquece o abestalhado que te esqueceu e se permitir tomo o lugar dele.

- Pois bem. Só espero que seja mais empolgante que o outro.

- É muita responsabilidade para uma pessoa só, mas, tentarei.

Sentei do lado dela.

- Se me permite você esta simplesmente maravilhosa. Não há como escolher algo mais quando tudo se encaixa perfeitamente.

Percebi sua feição ficar rubra, então ela falou:

- Você também esta divino.

- Oh! Não vale. Obrigado.

A noite foi seguindo entre risadas e descobertas.

- Eu adoro escrever.

- Não brinca. Eu também!

- Que Interessante. Onde posta seus textos?

- Antigamente no RL.

- RL. O que é?

- Site de escritores amadores.

- Ah! Depois me dê o link para eu ler alguns deles. Por que antigamente?

- Tive um contratempo com alguns personagens que levou-me a desistir. E você?

- Eu escrevo mais não posto. Sou designer, e, como mesmo viu, sou aventureiro.

- Deveria postar.

- Vou pensar no assunto.

- Sobre o contratempo como se deu?

- Eu escrevia junto com alguns escritores ai do nada me colocaram pra escanteio. Não entendo essas atitudes.

- Olha. A primeira vista achei você muito antissocial agora conversando entendo a atitude. Penso eu que talvez você tanto causa respiração quanto ódio.

- Odiar! O que eu faço para me odiarem? Pode pensar em algo.

- Conhecendo você como agora. Sim!

- Pode me falar.

- Veja só. Por você ser quem é. É o bastante. Existem pessoas que não gostam de ver outras pessoas sobressaindo ou causando suspiros por onde passa como aquela garota mais cedo. De todos que desceram, você foi a melhor e sabe disso.

- Não vi nada demais. Qualquer um teria feito.

- Pois é. Mais não fizeram.

A noite enveredou pela madrugada acabamos por ficarmos mais próximo.

- Bom Rocha. Para mim já esta bom. Vou me recolher.

- Ok. Posso te acompanhar?

- Claro! Esta em que andar?

- 27° lado norte, e você?

- Estou no 27° no lado sul.

- Vamos então.

- Vamos!

Ela então chamou o garçom.

- Kellner bitte. Die Rechnung.

Demos mais algumas risadas esperando o garçom.

- Gnädige frau.

Quando ela foi Pegar eu falei.

- Eu a Convidei. Hier. Danke.

O garçom acenou com a cabeça e saiu.

Terminamos a taça do vinho e seguimos para o elevador. Esperamos por uns minutos em silêncio quando o mesmo chegou, entramos, chamamos o andar ainda em silêncio, apenas meus olhos não disfarçavam a admiração por aquela mulher. Chegamos ao andar.

- Bom. Foi uma noite agradável.

- Idem.

Acompahei-a até seu quarto. Ao chegar ela me desejou mais um boa noite e olhou-me. Aqueles olhos castanhos tentadores levou-me a beijar-lhe o rosto. No beijo roubei um canto do seus labios na ousadia comum a minha natureza esperando um tapa que não aconteceu.

- Boa noite

A porta abriu e fechou. Fiquei parado pensando se eu tivesse sido mais ousado qual seria a reação. Bom. Hoje não durmo com certeza. Entrei no quarto, tomei mais um banho, peguei o vinho, sentei na varanda olhando a lua cheia e pensei:

- Por que não.

Peguei um bloco e a caneta e comecei a escrever:

" A Noite.

Sob a luz do luar,

A noite espalhava magia,

Uma mística que envolvia dois corpos,

Nas letras de Alena Grebenyuk,

Se fez canção.

Sob a luz do luar,

Um beijo acontecia,

Revelando uma profecia perdida,

De quem se perde no olhar.

Sob a luz do luar,

Vestida de negro,

A mulher enfeitiçava,

O coração daquele homem,

Roubando-lhe o coração,

Condenando-o a eterna noite na varanda

21/05/2024 às 19:24"

Vendo o amanhecer eu despertei da inércia de sonhar para pegar meu voo de volta a meu pais e nunca mais a vi.

Texto: Despertar.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 21/05/2024 às 19:28

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 21/05/2024
Código do texto: T8068315
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