DESTINO EM NÓ
Ele dormiu tão tarde quanto os seus pensamentos.
Ela acordou tão cedo quanto a vontade de estar onde gostaria de estar.
Se presente e passado pudessem se unir,
Qual mágica o amor conseguiria criar?
Amanda, atrasada, procura um telefone público para terminar a conversa importante que a bateria do celular interrompeu.
Ela aprendeu a conviver com a realidade que se apresentou
E com o silêncio que, teimosamente, o destino criou.
Na pressa de chegar a tempo da reunião, Paulo derrama iogurte em seu paletó enquanto dirige, e agora, procura um local para se limpar.
Ele aprendeu a conviver com o tempo
E com a dor das mentiras que ainda desconhece.
“Por favor, tem cartão de telefone?”
“Por favor, onde fica o banheiro?”
Olhares se cruzam em silêncio e inércia... Absolutos.
Tempo e espaço se perdem.
Mais de uma década depois aquelas mãos se encontram.
Conversas, lágrimas, sorrisos, verdades...
Cancelem toda a agenda,
A vida, ao menos uma vez, tornou-se cúmplice.
Um dia inteiro é pouco para tanta saudade
E um turbilhão de sentimentos parece querer esmagar a realidade.
Peles se tocam... bocas se aproximam
E um frio gélido sobe barriga acima impedindo o ar...
O corpo estremece... a alma grita.
Paulo e Amanda sabem que estão a beira de outro abismo.
Eles sabem que seus corações não agüentarão um novo sentir e não viver.
Melhor não tentar entender as vertigens da vida.
Melhor não saber o caminho a percorrer amanhã.
O impulso dos desejos é contido.
Os soluços da agonia não.
Talvez se encontrem novamente.
Talvez, algum dia, alguém explique as ciladas do destino.
BH 21/01/2008