A Cura

Passavam das 04:00 da manhã, quando a enfermeira entrou no quarto para ministrar a medicação do Sr. Elias, soltou a bandeija com toda aquela medicação que seria dada para os pacientes da ala "B", daquela enfermaria masculina para pacientes terminais. A enfermeira Marilza tinha 25 anos de profissão, era acostumada a lhe dar com os mais diferentes casos que envolviam o psico-fisico das pessoas que ali iam para se internar e só saírem carregadas como pacotes para a geladeira. Porém naquela madrugada, tudo estava transcorrendo de maneira inusitada, atí-

pica, os gemidos característicos ocasionados pelo quadro álgico dos doentes haviam emudecidos. Parecia que todos estavam obedecendo ao

sinal dado pela a enfermeira dos quadros dos Hospitais na hora de pedir silêncio.Dona Marilza ligou para a emergência e perguntou a colega plantonista como estava o movimento, tendo em vista que era uma sexta feira e normalmente a emergência fica lotada.A colega respondeu em tom de alegria e espanto.

- Marilza minha querida estou até estranhando, mais durante esta noite tivemos somente duas ocorrências sem gravidades, e o melhor de tudo é que todos os leitos estão vazios,até o Dez pacientes que seriam transferido tiveram alta...ah! minha amiga voce não imagina o que é ter uma noite de tranquilidade,e por ai como estão os condenados? deve ser muito ruim trabalhar com quem espera a morte a qualquer instante né?

Marilza meio surpresa retruca.

-Tá tudo muito estranho...aqui também está muito calmo, daqui há pouco vou fazer a medicação das 04:00 e ninguém tocou a campainha

tenha a impressão que todos estão recebendo visitas,ouço risos ao invés de choro,ouço rezas e orações ao invés das pitorescas reclamações. mas tudo bem...bom final de plantão minha amiga.

Gabriela a plantonista da emergência também lhe desejou um bom plantão e foi descançar, estava feliz por ter tido uma noite tranquila.

O quarto 116 tinham quatro leitos,somente o leito nº 04 estava ocupado por um rapaz de nome José Pedro que era portador de uma doença terminal denominada de Carcinoma metastático. Esta doença havia sido dagnósticada há oito meses, quando José pedro passou mal em uma partida de basquete na faculdade. Ao dar entrada no pronto socorro com Dispnéia,bradicardia e forte dor nas costas na altura dos pulmões,foi logo submetido a uma serie de exames complementares para uma equipe médica investigar a causa de toda sintomatologia apresentada pelo jogador de basquete mais famoso do estado de Minas Gerais.Ao término de todos os exames, a ressonância mostrou uma enorme massa tumoral nos pulmões, após a realização da biópsia, o resultado conclusivo caiu como uma bomba para todos daquela familia.

O resultado não podia ser mais desesperador...câncer metástatico,ou seja,não dava para operar nem fazer a quimioterapia,o tumor estava nos dois pulmões e passando para toda cavidade abdominal.só restava aguardar o tempo de vida que lhe restava que o médico calculou três a quatro meses.

O impressionante era que José parecia não estar preocupado,falava a todos que aquela enfermidade poderia atacar qualquer um, e ele sempre dizia:

-Não se preocupem as doenças dos seres humanos,só atacam seres humanos...milhares de pessoas estão passando pela mesma situação que eu.Ademais eu não vou morrer por causa dela...em pouco tempo serei livre.

os amigos e parentes ao ouvi-lo ficavam emocionados pelo otimismo,mas por dentro eles sentiam muita pena dele,pois sabiam que esta doença mata milhões de pessoas e nunca conseguiram um antidoto para inibi-la.

José é um rapaz reservado,estudioso,formado em ciências da computação,proprietário de tres lojas de informática e está noivo há dez meses.Seus planos de casamento haviam ido por água abaixo,sua noiva ao saber de sua doença passou a lhe olhar com comiseração.Ele não aceitou a postura dela diante de seu dilema...resolveram por um fim no noivado. José frequentava uma igreja evangélica desde seus 16 anos,agora aos vinte e seis anos tinha cada vez mais covicção na sua fé.Ele sempre repetia as palavras do apóstolo Paulo que diz "nada me separara do amor de Deus...nem a nudez,nem a fome,nem o frio,nem a enfermidade...".

Mesmo sentindo as maiores dores ele conseguia orar e confortar todos o quanto o visitavam.

José estava em casa absorto em seus pensamentos, quando de repente sentiu uma grande pontada nas costas,era como se estivessem lhe enfiando uma grande espada para lhe dilacerar toda a carne. Era uma dor diferente das outras,ele ficou com a visão nublada e meio tonto,quando tentou levantar não viu mais nada.Quando acordou estava no hospital San sebastian, a primeira pessoa que viu foi a figura paterna do seu médico, Dr.Boanerges. O médico lhe contou como ele havia chegado até ali e a gravidade do seu problema,pois outro ataque destes ele certamente não resistiria pois os seus alvéolos pulmonares não iriam resistir a falta de oxigênio por mais de 15 segundos. Era preciso ele ficar ali pois a qualquer momento ele podia morrer...sua resistência estava tão baixa que nem sentar sozinho ele conseguia.

Passou toda quinta feira se alimentando por uma sonda nasogástrica,

pois não tinha forças nem para levar as mãos a boca, na sexta feira o médico não teve condições de manda-lo fazer novos exames...ele não resistiria. as dores estavam ficando acentuadas e a administração de uma droga mais potente o levaria a morte...por isso o médico deixou prescrito solução analgésica de 4 em 4 horas. Passou toda a sexta sem ter direito nem a visita tão critico estava seu estado.

A enfermeira marilza ao receber o plantão do Enfermeiro Oliveira, ele pacientemente passou todos os dados de todos os pacientes e si ateve no paciente do quarto 116 leito quatro...pois algo estranho estava acontecendo com aquele rapaz,por duas vezes ele entrou lá e viu rapaz falando com uma pessoa...mas que na realidade ele não vira ninguém. Ademais o rapaz estava tão debilitado que não tinha forças para falar com tamanha desenvoltura como ele havia ouvido.

Durante o plantão ela entrou no quarto várias vezes e o rapaz só olhava para ela e dizia:

-Não se preocupe comigo eu vou embora amanhã, Jesus enviou seu anjo e ele me disse que eu estou curado.

Ela pensou:

-Que pena um rapagão desse morrer tão novo...agora deu para ter crises de delirio religioso.

Passavam das 04:00 da manhã, quando a enfermeira entrou no quarto para ministrar a medicação do Sr. Elias, soltou a bandeija com toda aquela medicação que seria dada para os pacientes da ala "B", daquela enfermaria masculina para pacientes terminais.

Havia um clarão muito forte no quarto,e lá estava o jovem José sentado sem soro,sem as duas sondas e conversando alegremente com dois seres que ela não conseguia identifica-los e ali mesmo ela desmaiou. quando ela acordou estava sentada na sala de medicação do posto de enfermagem e estava um falatório por todo o corredor e enfermarias. O médico plantonista perguntou-lhe:

-o que houve? porque todos estão andando pelos corredores,estas pessoas não tem condições nem de se sentarem quanto mais de andarem por ai como se fossem saudáveis.

Dona Marilza estava perplexa diante do que estava vendo. De repente ela avistou José Pedro e perguntou o que tinha havido pois ela tinha quase certeza que havia ido no quarto dele pela madrugada. ele lhe disse:

Não se preocupe...foi apenas Jesus que veio curar-nos e dizer que nossas orações chegaram até ele...que todos os pedidos por mais insignificantes que sejam ele examina a todos. A sua misericórdia e amor o homem não consegue alcançar...por isso é que ele deu Jesus Cristo seu único filho pra morrer pelos Homens...pra que todo aquele que nele creia não pereça, mas tenha a vida eterna. E todas as nossas dores e enfermidades ele tomou sobre si. Dona marilza ao ouvir isto pode compreender então porque esta sexta feira tinha sido tão calma.

Foi o maior reboliço no Hospital,os médicos não queriam acreditar...mas o que eles estavam testemunhando era um fato...o dificil era explicar para a imprensa. Realmente Os enfermos foram curados agora de qual maneira ainda não sabemos informou o diretor aos jornais.

ARTONILSON MACEDO BEZERRA
Enviado por ARTONILSON MACEDO BEZERRA em 10/02/2008
Código do texto: T853816
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