O CAIS

Naquele cais, onde em tempos de guerras as esposas acenavam com seus lenços brancos a partida de seus amados, sem ter a certeza se eles a seus braços retornariam!

Tão tristes aqueles momentos de adeus. Depois retornavam para casa com o coração em lágrimas e um grande vazio tomava conta de seus viveres!

Os dias que passavam na ausência de seus queridos pareciam não ter fim, eram infinitos e doridos dias sem prazer, sem o aconchego do bem querer!

Quantas noites de ausências e sonos perturbadores, quando tinham merecimentos de terem algum sono, pois em suas maiorias, passavam as noites acordadas soluçando suas saudades!

Às vezes demoravam meses e até anos sem saberem notícias de seus esposos.

As cartas se acumulavam a cada dia, muitas já foram enviadas a um destino que não sabiam se chegaria! Outras empilhadas no canto da escrivaninha, nos lamentos de suas dores, aquelas mulheres viviam!

Naquele mesmo cais, todas as tardes algumas esposas retornavam e pediam com corações sufocados, a santa estrela guia, que trouxesse ainda um dia o amor de volta a vossas companhias!

Naquele cais, um dia chegaria a retornar com imensa alegria o esposo de Maria! Assim se fez, chegou o dia!

João era seu nome, depois de uma longa viagem, caminhando entre a guerra, onde lutou noite e dia! Ferido foi, quase morreu; porém, João viveu e retornou a sua Maria!

Naquele cais, no mesmo dia estava Dolores que não teve a mesma sorte de Maria, pois, seu esposo Jerêmias ao cais não retornou jamais, a guerra o devorou... E Jandira chorou com grande amargor!

Muitas mulheres como Maria naquele cais, no mesmo dia, felizes foram, por receber com alegria os seus esposos a luz do dia!

Portanto, outras como Dolores choraram a despedida de um amor que nunca mais aquele cais retornaria!