"Justiceiro Social" =Mini conto=

Givanilson olhou com orgulho para o novo fuzil que acabara de receber do chefão. Arma linda, potente, coisa de primeira qualidade. Com uma arma daquelas seria capaz de acertar uma moeda a cem passos de distância, apostava.

Sopesou o fuzil, ajeitou-o em frente ao rosto, colocou o olho direito na mira e girou-a a esmo, apontando para baixo.

- Epa, opa! Acho que estou vendo uma linda mulher...Bota linda nisso...Gostosa pra cacete, de biquíni, novinha, maior tesãozinho... O marido da gostosa está chegando...Olha só que pose de proprietário feliz, meu!...Também, um maquinão desses pra comer todo dia não é pra qualquer um não.

Através da mira telescópica Givanilson passou a vigiar o casal no quintal da bela casa quase ao sopé do morro. Via duas pessoas risonhas, felizes, com ar de prosperidade e muita felicidade. Pelo menos parecia a ele que riam à toa.

Abaixou um pouco a arma e viu que o motivo dos risos era uma linda garotinha de seus três anos, se tanto. Lindíssima. Uma miniatura perfeita da mãe.

O pai levantou a criança nos braços, colocou-a bem acima de sua própria cabeça, e a garotinha ria muito, balançando-se no ar. Nesse momento Givanilson atirou e a bala atravessou a garganta da pobrezinha.

Alguns dias depois Givanilson voltou a olhar através da mira e novamente viu o belo casal na frente da casa. Os dois pareciam ter envelhecido muitos anos naqueles poucos dias. O homem tinha agora os cabelos grisalhos e a mulher parecia uma sombra do que fora. Nem parecia que já fora bonita.

Givanilson deu apenas dois tiros e liquidou o casal.

- Detesto frescura de rico...Eu e a mulé já perdemo uma porrada de fios e nem por isso tamo chorando pelos cantos...

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 27/02/2008
Código do texto: T878225
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