O fantasma da torre

Da torre ela olhava para o mundo lá fora. De onde ela se prostava o vento brincava com seus cabelos. O sol cegava seus olhos, mas ela não ousava fecha-los. Era tão maravilhoso! As lágrimas que surgiram em seus olhos eram de puro deleite. Por 20 anos estivera presa, finalmente podia ver o que conhecia só pelos livros. As pessoas andavam pela vila lá embaixo sem olhar para a figura de branco que se destacava na janela da mais alta torre.

Com passos indecisos e temerários ela adiantou-se mais um pouco. Alto. Muito alto. Não lhe importava, ela finalmente esta livre para ver, sentir, tocar... Viver. Quando os gritos invadiram seus pensamentos foi com raiva que se virou para a porta da torre. Não era possível que já houvessem descoberto sua fuga. Como os passos iam descendo as escadas em vez de buscá-la pelo castelo, a curiosidade, recém descoberta, falou mais alto.

Com cuidado ela abriu a porta da torre e seguiu os sons do choro e desespero. Tão silenciosamente quanto conseguiu se misturou entre os criados que entravam em um quarto. Uma luz acendeu-se em sua mente. Ela conhecia aquele aposento. Com o coração batendo forte contra o peito ela olhou em volta. Estava tudo igual. A carta, o frasco... E o corpo.

Com o entendimento preenchendo seu corpo ela olhou para si mesma estendida na cama. Os seus pais e criados choravam e tentavam em vão acordá-la. A dor veio agora... E a lembrança.

A carta contando a traição, o frasco de veneno cuidadosamente comprado e guardado para aquele momento e o instante da libertação...

Com raiva, desgosto e maldições soando em sua cabeça, ela se prendeu àquele lugar e com desejos de vingança se refugiou na torre.

O gritou soou por toda a vila, e aqueles que sentiram o arrepio olharam em direção a torre. Alguns, mais tarde e com algumas cervejas, afirmaram ver a bela moça com seu vestido branco e seus olhos loucos antes dela desaparecer para sempre...