†AMOR, TRAIÇÃO, AMOR†

Era noite quando caminhava atordoado, já nem suportava mais o corpo. O peito batia forte agonizava descompassado. Aquela dor arrancava-lhe muito mais que lágrimas.

E as lembranças... Ah as maravilhosas lembranças de uma vida, agora lutavam contra aquelas imagens repugnantes, era demais, regurgitava toda aquela desilusão, tentava reprimi-las, mas aqueles gemidos lascivos de desejo, o enojavam. Pensava no sorriso calmo, nos lindos traços ao sol, nos cabelos ruivos dançando junto ao vento, na tardes quentes a beira de um lago, aquele lugar era o preferido. Então novamente era tomado, aqueles movimentos, as palavras, os gritos incontroláveis de prazer que outrora se dirigiam a ele, os laços eram compartilhados com outro, agora só restava-lhe a insuportável dor.

O arrependimento vem, mas o que poderia fazer? Não era sua culpa, não havia provocado tudo isso, não poderia contiver-se mediante a cena.

Ainda podia ouvir os gemidos, aquele suor fétido, os gritos de dor, as suplicas, os pedidos de perdão, tudo em vão, era tarde, já havia sido feito.

Ele sabia que iria morrer nunca a deixaria para outro, estava ferido, seu abdômen sangrava, lutara com o ladrão que lhe roubara o bem mais querido, e o vencera com toda a frieza e fúria.

Chorava lágrimas de sangue ao sufocá-la, sufocava a si mesmo, morria junto com ela, mas não ali, não naquele antro, lugar miserável, não ao lado do verme...

Era tarde da noite quando mal se agüentava, fraco, já sem forças, atordoado, levando consigo o corpo sem vida de sua amada, o peito agonizava, batia forte, descompassava, batia fraco. Aquela dor no estômago, a dor no coração, o arrependimento, caia, levantava, caia. Estava perto, perto do lugar preferido, o lago, enfim, chegou, deitou-se sobre o corpo, o ódio, o amor, chorou a tristeza, chorou a angustia, a raiva, a paixão, a desilusão. Ainda a amava, mas, ela estava sem vida, e agora odiava a si mesmo. Sua vista escurecia, sua ferida sangrava sua vida, seu coração parava.

Caiu ao lado da amada. As estrelas eram testemunhas das loucuras que o amor trás. O lago seus calmos túmulos. A lua os velará eternamente.

Seus últimos suspiros foram "Te odeio, Te perdôo, Te amo"...

Ewerton Lages