A Viagem – Normanda – Lia de Sá leitão – 2/02/2006

Adolfo espera impaciente a amada que acabara de ligar do aeroporto, Marília embarca no primeiro táxi do aeroporto Tom Jobim; o vôo chegou dentro do horário previsto, em tempo hábil para apreciar o pôr do Sol a caminho de Santa Teresa.

Apesar do trânsito intenso, não tinha atropelos de blitz ou segurança armada para atravessas a auto pista.

Finalmente avista o Bairro amado, e o prédio onde ficaria hospedada por alguns dias, a curiosidade e a expectativa do namoro, compras e a previsão de um amor inesquecível.

Ela identifica-se ao interfone, o porteiro abre o portão de ferro, indica o caminho. A moça segue em passos rápidos para o apartamento 302. Não gostava de surpresas isso se devia ao fato de ter avisado sua chegada. Sai do elevador carregada de uma bolsa de couro apropriada para pequenas viagens, atravessa o corredor em passos seguros e bate à porta do número indicado.

A porta se abre e diante da moça o olhar do rapaz cruza os seus, brilhos, sorrisos de cumplicidade, os desejos revelados e intensos, ela entra e o suor toma-lhe o rosto, fala sobre a viagem, mas por pouco minutos, seu amado toma-lhe ao colo e suga aquele suor da sua face, beija-lhe a boca cinematograficamente, lembrava os filmes de Clark Gable e as carícias já tomam o espaço do sofá.

Ele delicadamente tira-lhe à blusa indiana, e suga-lhe a pele branca, arrepiam-lhe os seios que se inflamam diante daquela boca quente, suas mãos que cariciam a alma correm pelo corpo quase à mostra. Mais um movimento e se deixam cair no tapete, a saia de tecido leve fica esquecida sob o sofá, atira numa cadeira a calcinha já molhada, sem serventia alguma de encobrir as partes mais íntimas da mulher que se aconchegava entre o colo e os músculos contraídos do homem amado.

Beijos sedutores, linguas lambiam-se em voluptuosos ritmos dos suspiros e num bailado ora dócil, ora frenético deixavam no ar o traçado da bailarina , que deslizava em vai e vens, sincronizados de música andante, desejada, tocada, que jamais seria esquecida em seus suspiros e gritos de mulher possuída e dentro de seu corpo a vida fervilhava de seres como a cidade barulhenta de transeuntes desconhecidos.

Os corpos se fundiam, ela o segurava cravava-lhes as unhas pelas costas como uma felina, e ele batia em suas nádegas as palmadas que despertavam os mais libidinosos desejos dos fetiches mais que carnal.

Homem e mulher se cheiravam, se conheciam pelo exalar dos seus hormônios, Ele a toma nos braços e encaixa mais uma vez seu corpo como ilha que atraca a jangada molhada escorregadia e quente de mar, velas aberta, tremendo. Ele dá um leve impulso para frente, metamorfoseia-se em borboleta azul, ele prende uma asa, ela se debate, ele se dobra, ela alcança a flor escarlate, ele a toma suave e a recolhe em seu peito, ela beija, ele acolhe ela em seu ombro e os dois adormecem, entrelaçados na mesma posição de entrega, de convite para novos momentos de amor.