SALA AMARELA. - Normanda - Lia de Sá Leitão

P/ Paulinho com muito amor. Lia Sá Leitão. 15/04/2001.

Havia uma sala amarela, mágica, onde cabia os sonhos de todo mundo, interessante por que lá também existiam opções para todos.Gangorra, escorrego, peteca, balanço, bola de gude, bicicleta, autorama, bola de futebol, bonecas, ursinhos de pelúcia, velocípedes, piscinas, casinhas de pano, bonecas que andavam, falavam e chegavam até afazer xixi, tinha também as bruxinhas de pano, e carrinhos de lata de óleo, tendas de índios, carrinhos vermelhos e até caminhões de gasolinha de controle remoto, soldadinhos de chumbo, forte apache, telefones coloridos, tambores, pandeirinhos, realejos, e cornetas.A sala era enorme cabia toda gente que por ali passava desde os curiosos aos que preservavam o olhar de criança que pedia colinho, mão, proteção, carinho. Cada um com seu gosto, idade ou tamanhos. Só Lalinha podia ver o tamanho dos sonhos, sonhos magros, sonhos gordos, sonhos em preto e branco, sonhos coloridos até mesmo os de arco íris... mas todos sonhos de algodão doce.Um dia entra um menino de olhos de espanto com tamanho brilho e opção, todos lhe ofereciam alguma coisa, alguém estendeu um autorama, outro um carro, outro o doce som de uma flauta, outro um lindo carrinho de rolimã vermelho, pipas enormes com barbantes fortes e multicoloridos que chegavam nas nuvens. A tudo o menino se abraçava e sorria o sorriso de quem tudo quer, tudo deseja, tudo pode!Uma hora, alguém chega em silêncio diante de todos os arroubos de felicidade porém não pode olhar os olhos dóceis do menino, segura-lhe uma das mãos que criou como extensão da sua própria mão, e fez criar o silêncio mais precioso e assim encontraram o bem querer. Ao descobrirem-se sós, em meio sa sala amarela dos brinquedos e dos encantamentos, eles fizeram festa! mesmo estranhos um ao outro, eles ainda se escutam, nada mais que isso, mas sublimam no mistério da voz o confiar e u amor que não sabem explicar em verso ou prosa. Sublimam-se no sorrir e ao confiar os segredos mais que segredos, mesmo sem se olharem, não precisam de explicações a sala amarela e mágica guarda para si as respostas necessarias para o tempo do sonho e para o tempo da verdade. Enquanto isso as palavras escritas voam partidas pelos e-mails e a fala se emociona pelos fios do telefone e os dois continuam dançando ao som da flauta doce a verdade do encantamento.