As três palavras

Eram dois. Ele amava demais, ela amava de seu jeito peculiar. Eles viviam cada vez mais juntos, cada vez mais... Viraram um só. Este um se tornou a coisa mais fixa da vida dos antigos dois, e a eternidade dessa mono-qualidade era a única coisa da qual eles tinham certeza dentro desse universo inconstante. " Juntos para sempre", eles diziam. Com eles, o " eu te amo " e o " sempre vou estar ao seu lado " se desbanalizavam para dar lugar a uma verdade livre de incertezas.

Mas, como em tudo na vida, o fim chegou. Mas não foi um fim espontâneo, natural. Foi um fim marcado por olhos constantemente vermelhos, dores e apertos no coração toda vez que ela via as fotos, os presentes, os macaquinhos de pelúcia. Ela não soube demonstrar o amor que ele queria, e ele elaborou uma definição contraditória do conceito de amizade. Foi o que eles já temiam, ela principalmente. Foi a bandeira branca de uma série de batalhas infundadas. Ele atribuía o fim à ela, e ela à ele.

"Vai ser difícil viver sem ele" , ela dizia para si mesma. " Vai ser melhor que ela saia de vez da minha vida ", dizia ele. Ele não acreditava nas palavras dela, e ela não acreditava nas palavras dele. Eles já não acreditavam mais um no outro, e nem em si mesmos.

O desfecho não podia ser diferente. Talvez não devesse mesmo ser diferente. Ele para um lado, ela para o outro, de mono-qualidade para incomunicabilidade. De todos os risos e prantos, abraços e beijos, confissões, diversões, aparições e esperanças, só restaram três palavras: " Tchau para sempre"

Thaísa Águia
Enviado por Thaísa Águia em 16/04/2008
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