*CENA MAQUIAVÉLICA*

Pedreira das almas situada em Passos das Garças uma cidade entre o recôncavo de grandes fatalidades, sendo essa pedreira de propriedade da linhagem Freitas legado passado entre quatro gerações, quanto mais pedras eles extraiam mais dinheiro os Freitas embolsavam, bruno era o homem de confiança dos Freitas em gerenciar

os trabalhos habituais da célebre pedreira.

Bruno feliz da vida pois logo seria pai, andava entre beijos e abraços com sua mulher Sarah em meio ao pó das pedras e o sol escaldante, mas a vida lhe reservava uma grande sina, o dia se fez tenebroso o vivente inferno Sarah ao levar o lanche costumeiro de todas as tardes não respeitando e ultrapassando o limite da pedreira das almas na hora da explosão das rochas, foi uma cena maquiavélica após a explosão bruno ver os membros e o sangue de sua mulher Sarah espargido nos pedregulhos.

Além disso, encontraram a criança de sete meses ainda presa ao seu cordão umbilical, não muito distante do local da explosão derrocada ao solo sobre uma enorme lastimável poça de sangue.

(obs.) a seguir essa história será narrada pelo próprio Bruno!

Vomitando o desgosto de minhas entranhas com o coração em luto já não tendo lágrimas para serem choradas fui juntando os pedaços do que existia daqueles corpos, os sepultando numa planície florida naquele momento eu era o coveiro o padre e o marido lamentando a grande lesão, após a missa de sétimo dia abandonei a pedreira das almas pondo o pé na estrada eu queria esquecer de tudo até da própria identidade, andei por muitos caminhos e lugares desconhecidos perdendo a noção do tempo.

Noites e dias caminhando sem olhar para trás, fatigado

com fome e sede me deparei com um volumoso rio, com um sono que já não dava mais para segurar deite-me numa canoa que se encontrava amarrada na margem daquele rio , entrando rapidamente em uma letargia profunda por ironia do destino uma correnteza muito forte destrelou as amarras da canoa essa desceu o rio comigo em meu estado de apatia , me despertando após dois dias ao cheiro forte de um café , feijão com ovos mexidos, ao lado de uma fogueira tendo uma voz fraca de um bondoso homem me chamando .

Tossindo muito e frágil, esse homem me pegou sem sentidos a vários quilômetros de onde eu me localizava, estando ele acampado naquele trecho do rio, contei a ele tudo de ruim que havia me acontecido, qual não foi minha surpresa quando fiquei sabendo que eu estava diante de um padre.

Lucio era o seu nome com lágrimas nos olhos me disse que vinha há tempos sofrendo de pneumonia vinculada a uma atroz cirrose pelo seu vício oculto ao álcool , que se encontrava viajando no lombo de uma mula há seis meses em direção a cidade das capivaras , indo substituir seu colega falecido naquela cidade , no amanhecer do dia com muita febre vomitando sangue findando seu último momento de vida em fraca entonação fez-me uma súplica , queria que eu fosse a cidade das capivaras e dizer para o prefeito de sua morte .

Padre Lucio morreu em meus braços, o sepultei na margem do rio - foi quando o diabo soprou no ouvido!

Você não queria mudar de identidade essa é a hora, o que você acha de ser o padre da cidade das capivaras num grande embuste, não pensei duas vezes vesti sua batina juntei toda parafernália que ele trazia consigo montei na mula em rumo a cidade das capivaras, a viajem foi penosa cheguei ao destino após seis meses e quatro dias.

Celebrando são Lázaro seu patrono no dia 17 de dezembro em festa estava aquela cidade em 1921, adentrando a rua principal fui logo visto pelo prefeito Abraão, entre fogo de artifício aquele homem gritava é o padre substituto minha gente! Me carregaram para o cloreto da pracinha.

Lá estava presente sua mulher a primeira dama dona

Margarida, sorrindo muito dentro de um vestido vermelho justo num decote atrevido mostrando seus fartos seios, com seus quadris largos rebolando muito deixando excitados todos os homens exceto o prefeito!

Fazendo-se presente no local todas prostitutas do morro

do cachorro louco em fila para beijar a minha mão, uma figura muito estranha de nome Juca da Cruz barbeiro e sacristão, num ato insano levanta uma cruz e grita para

aquela aglomeração ajoelhe-se pecadores diante do enviado de Deus!

Mostrem suas faces ocultas seus pactos com o diabo pois há em vocês o agrade da besta pois vós sois candidatos do fogo do inferno.

O grupo se dividia uns ajoelhados na cegueira da fé, os mais rebeldes jogavam pedras no beato Juca da Cruz ele não se intimidava continuando a arrancar às máscaras de todos diante de mim, o delegado Ataliba para manter a ordem saca do seu revólver disparando três para cima, o beato Juca da Cruz fica extremamente inflamado e diz!

Esse aqui meu bom padre é o delegado Ataliba, um homem com o caráter impreciso diante de nossa comunidade, há tempos vem corneando o prefeito Abraão dentro de uma cela vazia na delegacia a primeira dama geme e goza muito.

O prefeito arrebatado no ódio e na humilhação grita Margarida sua cadela filha da puta ordinária!

Lhe dei joias terras cabeça de gados, tirei você da lama sua perfídia traístes-me sem piedade ingrata!

A primeira dama nessa hora soltou o verbo, é verdade me destes tudo um lar e muito dinheiro, mas esquecestes que dentro de mim mora uma puta gosta de fuder gostoso dando meu rabo dia e noite, nunca fostes homem comigo na cama por isso o delegado Ataliba me fode gostoso adorei plantar esse par de chifres em sua cabeça!

Nesse momento o prefeito tenta estrangular sua mulher o delegado vai ao seu socorro os dois entram em luta corporal o revólver dispara atingindo o prefeito Abraão na cabeça, era o cheiro de enxofre no ar se fez um silêncio profundo!

De repente Juca da Cruz quebra o silêncio na insanidade e grita!

Atenção meu povo ajoelhe-se Deus estar falando comigo, esse que se encontra falando que é o padre substituto é um embusteiro é o filho do demo vestido de padre para trazer discórdia a essa cidade, vamos queimar ele na fogueira.

O delegado junto com seus praças de arma em punho me socorreram fazendo minha escolta para fora dos limites

daquela cidade, bem longe do cardume de piranhas liberadas pelo fanático e pirado beato JUCA DA CRUZ

que queriam beber mais sangue, eu ainda continuo vagando com o meu desgosto por caminhos ignorados, mas aprendi a grande lição, por mais que seja desumana a nossa dor, não devemos trocar nossa identidade com nenhuma pessoa!

SAM MORENO
Enviado por SAM MORENO em 25/04/2008
Reeditado em 23/06/2021
Código do texto: T961324
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