A morte é o fim?

O personagem que este pequeno conto traz como protagonista chama-se Seo Diógenes. Um senhor fraterno, distinto, viúvo há oito anos, com três filhos e sete netos, um vovô comum... O que o difere é que recebeu do céu a oportunidade de fazer uma única pergunta ao seu anjo da guarda na véspera do dia de sua morte, que é amanhã...

Nessa sua dita última noite Seo Diógenes se encontra em sonho com seu anjo da guarda que fica feliz pela pergunta simples, mas edificante que lhe é feita:

- A morte é o fim?

- Diógenes, lembra de ouvir sua mãe contar que aos três meses de idade você contraiu uma infecção feroz, difícil de diagnosticar e que quase foi a óbito? Pois bem, imagine se lhe tivesse ocorrido o pior... Deus não teria sido justo com o senhor por não ter tido chance de aprender a andar, falar, de ter o carinho de seus pais como tantas outras crianças têm... E quando você foi atropelado aos dezessete anos e ficou em coma por semanas? E se lhe tivesse ocorrido o pior? Deus seria injusto, pois o privaria do primeiro emprego que o possibilitou entrar na faculdade e assim se casar, ter filhos, como tantos outros... Se lembre ainda do câncer que descobriu ter aos quarenta e cinco anos e de como foi difícil aquela operação que o restabeleceu à saúde. E se tivesse dado errado? Você não teria visto seus filhos se casar, seus netos nascerem, sua prosperidade se concretizar... O que você não deve mesmo esquecer é que teve chance de ser educado por seus pais quando criança, que na mocidade pôde distinguir o correto do errado, ser trabalhador honesto, bom moço e na madureza da sua vida pôde ser pai responsável, patrão generoso, amigo dos aflitos, pôde dar esmolas e doações. Deus foi justo? A razão sentencia que houve mérito, mérito sem o qual nada se conquista moral e materialmente, ou supõe que Deus foi injusto com seus outros filhos que morreram na infância, na mocidade ou meia-idade? Se O admite o Criador de tudo, Deus é único, onipotente e justo... Senhor do bem e do mal. Se há os que morrem aparentemente de forma prematura é pela dureza de vossos corações que interpretam com lágrimas e lamentações... Deus, justo por excelência, dá chances iguais aos seus filhos para evoluir... A passagem de alguns devia ser breve porque seu aprendizado devia ser suportável segundo sua capacidade... Na próxima aula retornaria apto a aprendizados mais complexos e mais complexos e demorados, como um aluno iniciante que avança nos estudos... O homem é mais que o corpo, é espírito. É espírito filho de Deus, criado por Deus. O corpo é a veste tal o uniforme do aluno que usa para ir à escola e o retira quando volta ao lar. A vida no corpo é lição que como as das escolas prepara o aluno para algo maior, melhor... Somos alunos da mesma escola, vivemos no mesmo planeta... Estamos uns mais adiantados, outros menos, incessantemente seguimos da escola para nosso lar que é a pátria espiritual onde fomos criados por Deus. Se assim não fosse, os que morrem sem conhecer uma vida toda teriam motivo para ver Deus como pai injusto. Que pensariam os pais que enterram seus filhos mortos pela fome? Que estes não eram filhos de Deus? Que não tiveram chance pura e simplesmente? Por quê? São pré-condenados? E o argumento que se tornarão entidades sublimes não procede afinal Deus então privilegiaria filhos a uma posição a qual não fizeram por merecer, pela qual não se esforçaram, teriam regalias pelas quais não lutaram. Compreenda, Deus é infinito, somos seus filhos e alunos, Jesus Cristo o professor, temos muito a aprender, precisamos ir e vir à escola muitas vezes... A morte não é o fim!

Sandro La Luna
Enviado por Sandro La Luna em 01/05/2008
Reeditado em 03/07/2022
Código do texto: T970421
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