ESPAÇO DE TUDO - Normanda - Lia de Sá Leitão - 12 /01/2006

Espaço de tudo,

Corpus Nus,

mergulho a minha dor

no cigarro que abafa a tua fala,

trago no olhar o segredo do silêncio

a morte por

AMAR-TE.

Uma taça de vinho,

Um pouco de carinho,

um corpo em lágrima

mais um trago,

fantasma vadio que dança na rua

atravessa caminhos,

MADRUGADA.

Pensamento de cio,

pelo preço do teu berço,

pelo suor dos teus cabelos,

pelo afago,

pelo beijo,

pelo calor e o desejo,

pelo encontro,

reencontro,

desencontro,

neste delírio

criei o teu sonho,

a tua mente sã

ferve em meio a minha loucura!

Eu te engulo, caço, deporto,

estrangulo,

teu fantasma atravessando a minha a vida,

no compassado dos passos pelo paço,

ou ao lado do banco no meu carro,

na tua música, na tua letra,

no teu poema de artista,

na minha noite sem pirilampos,

na minha cor de noite sem gatos pardos,

na hora de agora

o corpo treme,

a alma vadia chora

o que esqueceu de encerrar no ciclo

dos nós.

A FADA ACORDOU

Lia Sá Leitão

10/1/2006

O sonho encantado acabou,

assim como se partiu as sem regras do amor,

É tempo de abrir os olhos

e refazer as fórmulas,

agitar as idéias

e abrir a guarda,

partir.

Viver a sol e só,

não abortar o encanto.

Vencer (a) dor

sem inundar de melancolia a alma cor de rosa,

partir do castelo despojada de madrugadas,

esquecer pretérito o desalinho da alcova,

os desejos,

sem as marcas da masmorra.

Atravessar o campo,

o ser,

a lida,

a vida

como a princesa que desperta

do conto de fada

sem o cavaleiro

sem o amante

sem o campeão

sem o dono do coração

sem alma

sem amor.

SOS

Lia Sá Leitão

10/1/2006

Guardei nos sonhos de princesa

um mar distante e uma península

lá o teu castelo

descortinado pelo desfiladeiro,

desenhos,

contornos e mapas

do porta retrato do navio pirata,

tua imagem olhando o meu espelho,

sorrindo minha história,

o conto de fada

que escrevi em letras azuis

para te fazer sorrir.

Esperando o teu tempo

na minha hora de devaneio,

espantando um fantasma cor - de - rosa

que atormentou teu sono.

Toquei, em long play,

o meu segredo de mulher

melancólica e em tom menor,

a letra de aurora,

a melodia

escrita em partitura só para mim,

na solidão de lua rasgada.

Não pára!

Evolui!

Não pára!

Toca o violino,

toca ... toca!

Toca em mim

com as tuas mãos de homem!

Não posso esquecer

o sorriso ou o sonho,

não posso deixar de sentir a vida

escorrer por entre os dedos,

em ondas,

entre o murmúrio da febre e teu nome.

Prazeres

do corpo sonhado

do verde esmeralda.

Do mar

espatifando-se no dique

que sorve o sal

que chupa a água

que se enterra na areia

sem conflitos,

sem ancoradouros,

sem tempo,

sem barco,

sem demoras,

sem esperas

de ir ou vir,

sem bóia marcando o canal,

sem história,

apenas geografia,

o tempo!

Nós dois.

SOS.