A aposta

A aposta

_ Tuca, duvido que você tenha coragem de ficar com a balê! – balê era o apelido que colocaram em Bia, por causa de estar uns quilos acima do peso, diminutivo de baleia.

_ E para que eu iria ficar com ela? Quando tenho as gatinhas que eu desejar? – ri o rapaz, um charmoso moreno de seus vinte e um anos.

_ Nunca que você conseguiria nada com ela! Nem com todo seu charme! Ela é imune a você meu caro! – atiça ainda mais o amigo.

_ Vamos apostar que consigo ficar com ela?

_ Só ficar? Isso é pouco! Quero ver se consegue levar ela para cama! – atiça ainda mais.

Tuca sente um arrepio percorrer a espinha mais nem liga.

_ Apostado!

_ Só que você só terá dois meses para que aconteça isso, ainda é tempo demais!

_ Fechado! E o que ganho com isso?

_ Que tal um gravador de dvd que tanto você quer? – propõe Cleiton.

_ Beleza!

_ E se nós ganharmos, você nos dará uma festa com as gatinhas mais gatinhas da escola, e tudo por sua conta!

_ Feito! Oba, em menos de dois meses, terei meu gravador de dvd! – ri ele indo embora.

A vítima...

_ Puxa espelho meu, será que você nunca vai me mostrar alguém bonita?

Bia se observava em frente ao espelho... Não possuía o padrão de beleza que a sociedade impunha, porém, era bonita em seus longos cabelos negros e encaracolados, de olhos pretos e com ar de mistério e meiguice, os lábios bem desenhados, assim como todo o rosto. Não era alta, tinha uma estatura baixa, em um corpo rechonchudo. Morena clara, de pernas e bumbum bem feitos e torneados. Porém, se escondia atrás de roupas bem folgadas e não usava nenhuma maquiagem. Tinha um incrível senso de humor e fazia amizades verdadeiras com facilidade.

_ Tudo bem espelho meu! Já que não quer me responder, tenho mesmo que ir!

Novamente vestida em seus blusões, calças largas e tênis, ela vai tomar o café da manhã.

_ Bia, Bia! O que faço com você? – pergunta a mãe inconformada com o modo da filha se trajar.

_ Amo você mamãe! – diz beijando-a com amor – Quando vai para Santa Catarina?

_ Semana que vem. – pausa – Tem certeza de que ficará bem aqui sozinha?

_ Ah mamãe! Faça-me o favor! – ri ela – Moramos em apartamento e não tem perigo algum e vocês vão ficar apenas duas semanas.

_ Certo! Vamos, pois estamos atrasadas.

O pai era engenheiro e estava em um congresso em Santa Catarina, e sua mãe o encontraria lá para duas semanas de férias românticas.

No colégio, a armadilha...

Tuca fazia revisão de algumas matérias do segundo grau, por isso, estudava como aluno especial, pois não tinha dinheiro para pagar um cursinho. Estudava na mesma sala de Bia e junto com alguns colegas pegava no pé da moça, que nem imaginava o que se tramara para ela.

_ Boa tarde, povinho! – diz a professora de literatura – Hoje vou passar para vocês um trabalho em dupla, vocês escolherão os livros e os colegas com quem irão fazer o trabalho.

Tuca sorrir para Diogo e se levanta indo até Bia.

_ Oi Bia?!

Ela levanta a cabeça assustada, pois estava concentrada em um livro.

_ Já tem com quem fazer o trabalho?

_ Não. Por quê?

_ Você poderia fazer o trabalho comigo?

_ Não vejo problema algum!

Depois da relação das duplas entregue a professora, ela entrega a relação de livros.

_ O trabalho é para daqui a duas semanas.

Tuca que estava perto de Bia, aspira o perfume suave que dela exalava.

_ E aí? Qual vamos ler? – pergunta ele, tentando não se deixar influenciar pelo perfume delicioso.

_ Fica a seu critério Tuca, eu já li todos!

_ Você já leu estes vinte livros?

Bia ri e sua risada mexe com o coração dele.

_ Já! E tenho todos!

_ Posso então ir a sua casa para escolhermos?

_ Claro!

_ Hoje?

_ Ih, hoje não dá, tenho curso de italiano!

_ Amanhã?

_ Também não! – ri ela – Faço curso de inglês e hidroginástica.

- Desisto! – diz ele levantando as mãos.

_ Já sei! Anota para mim seu endereço que levo para você os melhores, na minha opinião é claro!

_ Quando?

_ Hoje depois do curso!

_ Tenho uma idéia melhor! Diz-me onde é o curso e que horas termina que te busco lá!

_ Ok!

Mais tarde passa pelos amigos e fala:

_ Fase um, completada! Preparem o dinheiro! – ri sem ri com vontade, algo no coração ficara tocado.

Conversando com amigo de anos, que por sinal, era apaixonado por ela, ela não vê quando Tuca chega.

_ Bia, por que nunca me leva a sério? – diz Junior.

_ Mas, você não está falando sério!

_ Claro que estou! Quero namorar você meu bem! Sou apaixonado por você há um tempão!

Tuca que ouve tudo sente o coração doer... Ciúmes?

_ Oi Bia?!

_ Oi Tuca! – diz ela com alívio – Tchau JR.

_ Tchau Bia e não acaba aqui nossa conversa! – fala olhando feio para Tuca.

Já no carro...

_ Para onde vamos? – pergunta ele.

_ Podemos ir lanchar? Estou sem almoçar até agora!

_ Ótima idéia!

Durante o lanche Bia ia falando sobre cada um dos livros.

_ E aí, qual você gostou mais?

_ Gostei mais deste, de poemas!

_ Engraçado, foi o que mais gostei também! – diz num sorriso – Você vai lendo e depois nos reunimos para elaborar a nossa apresentação.

_ Concordo!

_ Podemos ir?

_ Claro!

Tuca a deixa em casa e não percebe que começara a se deixar envolver pela fascinante garota.

Em casa, lembra do tal JR, pedindo-a em namoro.

_ Como? Ela é tão...

Três dias depois, Tuca, chega de surpresa no apartamento de Bia.

_ Boa noite senhora Beatriz, Bia está?

_ Entre! Deve ser o Tuca não?

_ Isso mesmo!

_ Bia está no banho. Sente-se, vou terminar o café e vou chamá-la.

_ Não se preocupe comigo, estarei bem aqui!

Minutos depois, aparece Bia enrolada numa toalha minúscula, enxugando os longos cabelos negros.

_ Mamãe, a...

_ Oi Bia! – sussurra ele admirando-a de alto a baixo.

_ Vou me trocar! – murmura e sai quase correndo da sala.

Depois ela aparece com suas roupas largas e os longos cabelos amarrados. Então ele percebe, que ela se escondia atrás daquelas roupas.

_ Não esperava por você hoje!

_ Resolvi arriscar! Você é sempre tão ocupada! E acertei!

_ Que bom que veio!

_ Venham crianças, o lanche está pronto!

_ Venha moreno! – diz Bia segurando-o pela mão.

Algo mágico os envolve ao se tocarem.

_ Papai ligou?

_ Sim, a passagem teve que ser antecipada.

_ Para quando?

_ Amanhã!

_ Já? Que pena! – fala num tom fingido e rindo da mãe – Mas, será melhor não é mamãe?

_ Sei viu que está triste! – ri a mãe passando a mão em seu cabelo – Será melhor, pois seu pai está muito sozinho! E não posso deixá-lo tão sozinho.

_ E quem vai levar a senhora?

_ Vou pedir um táxi!

Tuca que tudo ouvia calado, fala meio tímido:

_ Se não se importarem, eu posso levá-la! – diz ele – Eu e Bia levamos a senhora ao aeroporto amanhã!

_ Não vai atrapalhar você não rapaz?

_ De jeito algum! Senão não tinha me oferecido!

_ Ok crianças, eu aceito a oferta!

Depois do lanche, foram para a sala de leitura, para juntos lerem o livro escolhido.

Estavam tão entretidos, que nem perceberam as horas passarem.

_ não está na hora de pararem um pouco? Já são onze horas!

_ Tudo isso? – boceja Bia se esticando.

_ Já vou indo linda! – diz ele num suspiro, beijando-a no alto da cabeça.

_ Tchau meu moreno!

Ele a olha nos olhos e finalmente vai embora.

Deitada na cama, ela pensa nele e o coração acelera.

_ Puxa, sempre tive uma quedinha por você meu moreno! E você nem me notava... Ao menos agora é meu companheiro de trabalho! – adormece com um sorriso.

Em casa ele liga para Diego:

_ E aí cara?

_ E aí meu? Já rolou?

_ Não! Eu...

_ Não me diga que a balê está te tirando?

_ Não é isso... É que eu...

_ Ótimo! Estou ocupado agora com uma gatinha, se é que me entende! – ri debochado – Amanhã nos falamos!

_ Caramba! Tenho que acabar com essa aposta e rápido! Bia não merece isso não! – pausa – Bia! Ela é tão linda que nem tem noção! – diz num sussurro, lembrando quando a viu enrolada na minúscula toalha.

O encanto floresce...

_ Nossa, são vinte e duas horas!

_ É, sua mãe já embarcou! Vamos estudar mais um pouco hoje ainda? – pergunta ele com o carro estacionado em frente ao edifício residencial em que ela morava.

_ Vamos não é mesmo!? Até as vinte e três e trinta, acho que conseguimos né? Além disso, minha mãe deixou um lanche básico para nós dois, quer dizer, para mim! Mas, fez tanto que daria para um batalhão!

_ Hum, era tudo que eu precisava! Estou morrendo de fome! – ri ele saindo do carro e indo abrir a porta para ela descer.

E de mãos dadas, caminham em direção ao elevador.

Já no apartamento...

_ Fique à vontade, só vou trocar de roupa.

_ Ok!

_ Você podia ir arrumando a mesa!

_ Está certo!

Minutos depois, mesa já posta, ele a vê entrar na copa. O vestidinho florido de tecido leve e de alcinhas, os cabelos soltos caindo como cascata pelas costas.

_ Você está linda! – diz num sussurro se aproximando.

_ Exagerado!

Ela estremece quando ele com carinho coloca as mãos sobre seus cabelos, seguindo o cumprimento até a altura da cintura.

_ Sempre desejei fazer isso! – sussurra ele, puxando-a para si.

O beijo! O primeiro beijo de Bia. O tremor a percorrer o corpo, as pernas perdem o equilíbrio e ela se agarra a ele, o que faz com que ele a abrace mais forte.

O celular dele toca e eles se afastam ofegantes.

_ Pronto?

Os olhos nos olhos, a respiração ofegante e as mãos ainda dadas...

_ E aí cara... Estamos esperando você! Pamela está esperando você!

_ Certo, já estou indo!

Ele desliga o celular e com a voz ainda rouca, fala:

_ Melhor eu ir embora! Antes que as coisas passem dos limites!

_ Entendo! – diz ela já sentindo que tudo fora um sonho.

_ Não minha doce Bia, você não entende! Se eu ficar, vamos fazer algo que você venha a se arrepender... E se um dia fizermos, quero que seja, porque você quis!

Dizendo isso, ele a beija e ela se entrega de novo. De repente, as mãos dele se encontravam por baixo do vestido em sua cintura, os seios são tocados com paixão e carinho; os lábios ofegantes experimentam mais e mais os sabores descobertos.

_ Oh Tuca! – sussurra ela totalmente entregue a ele.

Então ele volta a si e se afasta.

_ Isso que eu falava! Você é linda demais! – feche a porta quando eu sair! Mais tarde te ligo para saber se tudo está bem! – fala ele vestindo-lhe o vestido.

Depois que ele sai, ela tranca a porta e vai tomar um banho para tentar acalmar o corpo e o coração. E com uma sensação indescritível, ela dorme tranqüilamente.

Enquanto isso, na casa de Diego...

_ Até que em fim chegou não é mesmo nego! Onde estava e o que estava fazendo?

_ Nada só de boa!

Então ele vê Pamela. A mini saia de preguinhas rosa choque, a sandália de salto branca e um top também branco fariam qualquer marmanjo uivar feito lobo faminto. Ela é perfeita! Dezoito anos e tudo o que um cara poderia querer.

Ela se aproxima e o beija. Entre beijos vão para o quarto já conhecido por eles.

Beijando-a, ele só sentia o gosto e o perfume de Bia. Ouvi os sussurros da paixão que ela emitia com doçura em seus ouvidos. A maciez de sua pele, o encanto de seus olhos e por fim a vontade de tê-la e de ser apenas dela.

_ O que houve neguinho! – pergunta Pamela quando o vê levantar.

_ Perdão gatinha! Tive uma discussão no serviço e não estou muito bem! – fala fechando os botões da camisa – Vou pra casa, amanhã nos falamos.

_ Quer conversar neguinho?

_ Não Pam! Vou indo! Tchau! – diz ele beijando-lhe o rosto.

Quando chega em casa, após um banho, ele liga para Bia.

_ Pronto? – atende ela com a voz sonolenta.

_ Você estava dormindo doçura?

_ Oi meu moreno! Estava sim e sonhando com você! – ri ela seduzindo-o sem nem perceber.

_ Mocinha! – sorri ele – Como está tudo bem, vou deixá-la dormir, amanhã nós nos veremos!

O feitiço vira contra o feiticeiro...

_ Oi minha doçura! – fala ele beijando-lhe a nuca.

Ela estremece toda e fala com a voz enrouquecida:

_ Oi meu moreno!

Ela estava na biblioteca do colégio, que por sinal, era excelente biblioteca.

_ Dormiu bem?

_ Sim, ainda mais depois que um anjo me acordou para saber como eu estava. E você?

_ Eu não! Queria terminar o que começamos! – ele olha para os lados e não vê ninguém, então a beija.

O sinal bate anunciando o início das aulas.

_ Posso ir à sua casa hoje?

_ Deve! – sussurra ainda em seus braços.

_ Só que vou chegar tarde, pois hoje dou aulas até as vinte e três horas!

_ Tenho uma cópia das chaves e do controle, deixo com você.

_ Está certo! E obrigado pela confiança!

Ele guarda a cópia e se levanta, segurando-a pela mão. E de mãos dadas entram na sala de aula.

Pela tarde, Bia, foi resolver os assuntos que a mãe pedira e foi estudar matemática com a amiga Jucélia.

_ O que está acontecendo com você amiga? – pergunta Ju.

Bia então conta tudo, omitindo apenas os detalhes mais íntimos e a noite marcada para hoje.

_ Está apaixonada?

_ Você mesma sabe que sempre tive uma quedinha por ele!

_ Mas, vá com cuidado! Não quero ver você machucada!

_ Eu sei amiga! Vou tentar... Mas, sabe, pela primeira vez na vida, estou me sentindo tão linda, tão amada, querida e desejada!

_ Estarei sempre torcendo por você!

Eram quase meia noite, quando Tuca entra e tranca a porta atrás de si. A sala estava na penumbra e ela deitada de costas, com um vestido branco de alcinha, pois fazia calor. Ele se aproxima e com cuidado abre o zíper, começando a beijar suas costas.

_ Meu moreno! – sussurra ela e vira-se de lado – Você veio!

_ Como não viria?! – diz pegando-a no colo e levando-a para o quarto dela.

O beijo diz tudo! O carinho e o amor espantam todo receio e indecisão.

_ Preciso de você Bia!

O vestido no chão e a combinação branca o deixam louco.

_ Quero você!

_ Tuca, você é meu primeiro! Até meu primeiro beijo foi seu!

Ele a olha e se sente um felizardo.

_ Você é minha, só minha!

Ele a pega no colo e a deita na cama.

_ Oh meu moreno!

E a paixão é consumada.

_ Eu te amo Tuca! – diz ela quando atinge pela primeira vez o orgasmo.

_ Eu também minha doçura!

Mais tarde, acordam e vão lanchar. E muito mais tarde ainda, depois de se amarem de novo, vão tomar banho e tentar dormirem.

O relógio desperta às seis. Bia levanta, toma um banho e vai fazer o café. Estava preparando o café, quando é abraçada por trás.

_ Bom dia doçura! – diz ele enrolado só na toalha, colocando-a sobre a mesinha.

_ Bom dia amor! – diz ela beijando-lhe os lábios – Vamos nos atrasar!

E ele sem ouvir, desarrama o robe e começa a passar geléia de morango por seu corpo nu.

_ Tuca! – sussurra ela ao sentir os lábios amados em seu corpo.

_ Hoje só teremos aula a partir do terceiro tempo! – a voz rouca denuncia a paixão que o dominava.

_ Tuca, agora! – pede ela tempo depois.

_ Nada disso! Quero você totalmente minha, entregue! – e continua a tortura.

Então ela explode. O corpo treme e ela chama o nome dele. Ele volta então a provocar o corpo macio e dessa vez quando ela chama por ele de novo, ele não se faz de surdo e toma posse do que é seu.

Mais tarde, refeitos, tomavam o café.

_ O que vai fazer hoje amor? – pergunta ele.

_ Tenho hidroginástica e aula de inglês...

_ É onde o tal JR faz com você?

_ Não, eu só o vejo amanhã!

_ Então vou buscar você hoje e amanhã, de preferência sempre!- ri ele – Mas, hoje vou te buscar e vamos para minha casa.

Enquanto ele falava, ia se aproximando dela.

_ Vamos meu moreno! – diz fugindo dele – Temos prova hoje!

_ Ok, por enquanto você venceu!

À tarde, ela arruma a casa e em cada recanto, lembra da noite maravilhosa que passara, cada momento vivido com ele. Quando termina, sai e vai comprar uma camisola que vira um dia desses e que agora, já tinha porque comprar.

De volta ao apartamento, arruma a bolsa com roupas e acessórios, toma outro banho e vai para a hidroginástica de lá para o curso.

Quando termina a aula, o vê em pé do lado do próprio carro, um gol preto.

_ Oi meu moreno!

_ Oi minha linda! Que saudades senti de você! – diz ele beijando-a com ternura – Preciso tanto de você!

_ Aqui? – encrenca ela.

_ Vamos embora sua malvada!

E na garagem da casa dele, dentro do carro, ele a faz novamente sua.

Já vestidos e de banho tomado, preparam a apresentação do trabalho. Mas, o amor como novidade e a paixão com ingrediente, os faz querem amar mais e mais...

Sentando com ela em seu colo, totalmente nua, ele começa a se mover...

_ É assim que vamos apresentar?

_ Se... Ria.... Oh Tuca! – geme ela.

_ Ou assim? – ele então acaricia os seios com a boca, com a língua.

_ Quero você agora!

_ Ah, agora não!

_ Não é?

Ela o deita e sentada sobre ele, começa a se levantar...

_ Bia não!

_ Não? – e volta numa investida forte.

_ Agora!

E assim passou-se a semana. E na manhã da apresentação do trabalho...

_ E aí Tuca! Você sumiu! – fala Diego entrando sem dar tempo do outro colocá-lo para fora – Como anda a aposta?

_ Não estou mais participando dela!

_ Você não pode estar falando sério! Você, não...

_ Meu moreno...

Nesse momento, Bia entra na sala com a camisola sensual preta, esta linda. Os cabelos soltos, o rosto corado pela noite de paixão...

_ Oh eu não sabia...

_ E aí balê? – e olhando para o amigo – Ganhou a aposta em chapa! Mas, olha, você está certo... Ela é um teteuzinho! – e olha Bia com desejo e cobiça.

Tuca o olha e estava para lhe dar um murro, quando ouve a voz de Bia, sem emoção nenhuma.

_ Eu fui uma aposta Tuca?

_ Bia, me deixe explicar...

_ Te espero na escola, para a apresentação do trabalho.

Mais tarde, ele encontra com Diego na casa do outro.

_ Caso você fale para alguém sobre o que viu lá em casa, esteja certo que acertaremos as contas!

_ Você está apaixonado cara?

_ Sim, eu a amo! E não admito que diga nada contra ela!

_ Ih cara! Foi mal! E agora?

_ Não sei!

Eles não vêm quando Pamela da meia volta e se dirige para o colégio.

_ Ele nunca me levou na casa dele! – diz com ódio e inveja na voz – O que ela tem que não tenho?

E na sala de aula...

_ Bia e Tuca, prontos?

_ Claro! – fala Bia – Nós escolhemos um livro sobre poemas, então...

E começa a declamar...

“Hoje o céu não é mais o mesmo...

Fez sobra sobre o meu horizonte...

Então sentei e chorei!”...

Tuca continua...

“Não chore meu amor,

Pois hoje vim para te alegrar...

Vou te levar para meu lar,

E contigo vamos festejar

E o nosso amor transbordará!

...

então ambos se lembram da noite de amor que viveram...

“Amada minha...

Presente dado a mim

Não te mereço eu bem sei

Apenas quero o teu perdão!

E assim poderei morrer feliz nos braços teus!

...

Ela o abraça.

“Não fale em morrer

Que morro a cada segundo

Que não te tenho e não te sinto ao meu lado!

Amado meu...

O meu coração eu te dei

Não faça mau uso dele

Pois em ti confiei!

Ela se solta e ele a abraça pela cintura à suas costas. E num sussurro continua:

“Sei que não mereço

Mas te peço, me dê uma chance

E novamente a cada instante

Poderei fazer você feliz novamente!”

E um beijo sela a apresentação. Bia se afasta e com os aplausos dos colegas volta para seu lugar. No intervalo, Bia vai ao banheiro com Ju.

_ Bia, o quê...

_ Oi balê! Que sorte a sua! Mas você não se iludiu que Tuca estava apaixonado por você não é mesmo? Afinal, ele é meu!

_ Bia, do que ela está falando?

Bia se apóia na pia e de olhos fechado diz para a amiga:

_ Vou embora, depois te digo o que está havendo!

Quando chega em casa toma um banho demorado e um comprimido para poder dormir.

Horas depois Tuca entra no apartamento. Ele a encontra adormecida ainda e o vidro de remédio na cabeceira da cama. Resolve ficar lá. Liga e pede que fiquem com seus alunos.

Enquanto ela não acordava, termina de arrumar o que ela não arrumara, faz um lanche, toma um banho e cansado emocionalmente, deita-se ao seu lado.

Ele acorda mais tarde com ela abraçando-o, ainda sob o efeito do remédio.

_ Oi minha doçura!

_ Meu moreno! – diz sonolenta – Sonhei que você tinha feito uma aposta e que Pamela me procurara no colégio dizendo que sabia de tudo e que você não estava apaixonado por mim e que você era dela! – pausa – Que bom que foi tudo um pesadelo.

E ainda sobe o efeito do remédio, ela o beija e dessa vez sem proteção nenhuma, se amam até a exaustão.

Quando acorda, ela se assusta ao vê-lo ali, e ainda por cima, dormindo entre suas pernas com a cabeça em sua barriga.

_ O que você está fazendo aqui?

Já acordado...

_ Amando você! – diz provocando-a.

Entre beijos e carícias ele vai dizendo:

_ Comecei em uma aposta! Mas, desisti porque me apaixonei perdidamente por você!

_ Mentiroso! Saia de cima de mim!

_ Tem certeza! – diz beijando-lhe o seio e penetrando-a.

_ Tuca!

Horas depois...

_ Vá embora Tuca! Se realmente me ama, me deixe sozinha! Estou bem!

_ Mas, Bia...

_ Por favor!

Ao ouvir a porta sendo fechada, ela chora toda sua dor.

Cinco semanas depois...

_ Vovó! – corre Bia ao encontro da avó.

_ Que bom que está aqui minha amada! Deixe-me vê-la! Agora vamos, você deve estar cansada, essa viagem é longa e cansativa. Em casa conversamos.

Horas depois, Bia anda pelo jardim da casa da avó em Veneza.

_ Seus pais sabem que está grávida?

Bia pára e olha a senhora assustada...

_ Como?

_ Minha querida! O que eu não sei da vida? – rindo abraça a neta – Quer me contar o que aconteceu?

Sentaram-se na enorme cadeira de balanço.

_ O nome dele é Tuca Anderson, tem 21 anos, é professor de informática e eu o amo muito!

Então lágrimas copiosas escapam dos lindos olhos negros. E quando consegue conta tudo, desde o princípio.

_ Bem, a primeira coisa é falar com seus pais! E o colégio?

_ Como era aluna destaque, me adiantaram as últimas provas, pois já tinha passado mesmo e consegui notas em todas, assim, vou ficar com falta justificada, pois, estou de atestado, devido há uma suposta depressão! – e o choro vem de novo.

_ Não vou deixar que caia em depressão amada! Aqui irá concluir seu curso de inglês e italiano. Tentar o vestibular... Qual será o curso mesmo?

_ Quero para decorações de interiores ou hotelaria.

_ Tem tempo para decidir e quem sabe, não faça os dois?

_ É verdade!

_ Vamos entrar! Vá dormir um pouco! Vou marcar hora com minha ginecologista que também é obstetra e amanhã ligaremos para seus pais.

_ Me ajudará vovó?

_ Claro minha amada!

No Brasil...

_ Quem será Pedro? – pergunta a mãe de Bia.

_ Eu não estou esperando ninguém!

Ao abrir a porta...

_ Oi senhor Pedro!

_ Oi, Tuca!

_ Oi senhora Beatriz, queria falar com Bia!

_ Entre meu jovem! – convida o pai da moça.

_ Acho improvável Tuca! – diz a mãe dela observando o quanto o jovem estava abatido – Ela foi morar em Veneza na casa da avó!

_ O quê? – diz assustado – Ela não pode ter indo embora!

_ O que houve entre vocês Tuca? – pergunta Beatriz.

_ Eu a amo tanto! – então ele chora.

Depois mais calmo, conta tudo para os pais de Bia, menos das noites de amor, mas ele tinha quase certeza, que eles perceberam.

_Eu desisti da aposta, antes de qualquer outra coisa, pois me apaixonei por ela!

Horas depois, quando viram o rapaz sair de lá mais calmo, eles se entreolham e o pai de Bia fala:

_ Você acha que ela está...

_ Tenho certeza! – fala a mãe – E algo me diz que não acabou por aqui!

Do outro lado do mundo...

_ Oi mamãe!

_ Oi filha! Vou facilitar a conversa que quer ter comigo...

_ Oi filha! – fala o pai na extensão – Vou perguntar e você responde está bem?

_ Perfeito!

_ Você está grávida do Tuca? – pergunta a mãe.

Bia olha para a avó que tudo ouvia e tosse sem jeito...

_ Sim, como souberam?

_ Ele veio aqui ontem!

_ Ele sabe que estou grávida?

_ Não. Ele nos contou tudo o que aconteceu...

_ Até... – interrompe ela.

_ Não, ele foi muito cavalheiro nesse ponto! – ri o pai, mesmo que não tenha aceitado.

_ Chegamos as nossas próprias conclusões! – completa a mãe.

_ São de poucas semanas não é mesmo minha filha? – pergunta o pai ainda tentando entender o que ocorrera com sua menina.

_ Provavelmente papai! Vovó marcou uma consulta para depois de amanhã! Vou começar meu pré-natal aqui. Quando eu chegar da consulta, ligo para vocês!

_ Bia...

_ Oi mamãe?

_ Ele parecia mesmo está sendo sincero! Ele falou até de uma tal de Pamela...

_ O que disse sobre ela?

_ Que no dia que você soube de tudo, ele havia ido à casa do amigo Diego, e que Pamela lhe dissera depois, que ouvira tudo, pois estava chegando naquele momento. E nem sabia muito bem do que se tratava, apenas jogou para cima de você, para ver se colava e colou!

_ Ele a tinha deixado, para ficar com você! E ela, para se vingar, fez o que fez com você! – continua o pai.

_ E você, o que vai fazer agora minha menina? – pergunta a mãe.

_ Não sei! Vou pensar! Estou muito, mais muito magoada mesmo!

_ E o bebê? Ele tem direito de saber!

_ Eu sei! Tenho realmente que pensar no que farei da minha vida agora... Só quero saber, se tenho o apoio de vocês, mesmo tendo decepcionado a confiança de vocês!

_ Olha, continuamos a te amar! Não era esse nosso plano para você! Mas, já que veio, já estamos apaixonados por essa criança que estar por vir! – diz o pai emocionado!

_ Estamos do seu lado! – completa a mãe.

_ Obrigada! – pausa – Vocês entenderam agora porque tive que sair daí?

_ Espero que não tenha sido pela gravidez!

_ E sim, apenas pela dor que a tal aposta lhe causou! – continua o pai.

_ Agora vamos nos despedindo! – diz a mãe – Já foi muita emoção para uma gravidinha por hoje! Dê um beijo na sua avó!

_ Outro minha filha! – diz a mãe do outro lado da linha.

_ Ah engraçadinha, esteve aí o tempo todo não é mesmo? – ri o genro.

_ Com certeza, talvez precisasse apagar o fogo! – ri a senhora suavemente.

_ Um beijo para meu netinho! – diz o pai.

Dois meses depois...

_ Tuca, carta registrada para você! – fala a orientadora do curso de informática.

_ Obrigado Diná!

Depois de assinar o recibo, ele lê o remetente...

_ Bia! – sussurra ele emocionado e o coração bate acelerado.

Como faltava pouco para ir para casa, ele tenta com toda paciência esperar para chegar em casa e ler a carta. E quando, finalmente chega em casa, joga tudo no sofá e senta com a carta em mãos.

_ O que vai me dizer Bia? Será que me perdoou? Será que sabe da minha saudade e solidão sem você?

Tuca mantinha o contato com os pais da moça. Quase todos os dias, os três jantavam juntos, conversavam muito sobre tantas coisas, eles apoiavam e davam dicas sobre o futuro do rapaz. Por mais incrível que pudesse ser, lá ele se sentia em casa, ainda mais que perdera os pais muito cedo e estava tendo este convívio familiar, agora, com os pais de sua amada.

Depois de tudo o que acontecera com Bia, ele mudara muito seu estilo de ver e viver a vida! Estudava com mais afinco e já fizera a inscrição para o vestibular na área de computação. Trabalhava todas as noites e no horário que tinha livre pela manha, voltara a fazer o curso de inglês que deixara, quando faltava pouco para concluir o mesmo.

Agora, não tinha mais tempo para as festinhas de antes, Pamela sempre atrás, mas, ele mais do que nunca, não queria nem mais papo com ela. Saia muito com Pedro e Beatriz. Iam ao teatro, inaugurações, exposições, shows e tantos outros passeios.

O perfume dela se faz sentir nos papeis de carta, a saudade magoa o coração.

“Veneza, 23 de outubro de 2004.

Oi meu moreno,

Como vai você? Espero que melhor do que eu!

Não posso dizer que já esqueci de tudo o que me fez passar e te perdoei... Mas, posso dizer que estou começando a esquecer à medida que nosso bebê vai se desenvolvendo em meu ventre...”

_ Bebê? Ela está grávida? Um filho meu? – ele desnorteado, liga para a mãe de Bia.

O telefone mal toca, quando ela própria atende...

_ Oi Tuca! – ri ela _ Chegou a carta não é mesmo?

_ Sim! Como sabia que era eu? E sobre a carta?

_ O numero no bina e ela falou que iria escrever para você. – pausa – Sim, ela está grávida, e o bebê já tem uns dois meses mais ou menos. – pausa – Não, não poderíamos ter falado antes de ela própria decidir contar a você! E tchau, continue a ler a carta! – e desliga, deixando o rapaz achando que o povo estava doido.

“... Sim, estou grávida! E estamos bem!

Vou te pedir um favor, uma abnegação de sua parte...

Eu te amo, porém, não sei se este amor é verdadeiro, assim como o seu por mim também não pode ser... Então, façamos um teste a nós dois! Você passa no vestibular, ajeita sua vida por aí e eu a minha do lado de cá!

Depois que terminarmos os nossos respectivos cursos, aí voltamos a nos comunicar.

E o bebê? Ficará comigo é claro! Mandarei fotos e vídeos todos os meses.

É loucura? Acho que não! Somos muito jovens ainda e temos muito para viver! Ligarei para você e se quiser, pode falar com nosso bebê... Aliás, sei que tem uma voz maravilhosa para cantar, por quê não grava um cd para o nosso bebê? Colocarei todos os dias para ele escutar.

Bem, meu moreno, sinto sua falta, desejo você e queria passar as noites em seus braços e os dias em seus abraços... Mas, sei que não pode ser assim, começamos do fim, não tivemos começo e nem meio. Então façamos o nosso começo, para aí, termos o nosso meio e voltarmos a viver felizes o nosso fim!

O meu endereço vai na carta, mas, por favor, não me escreva! Egoisticamente, não quero ler nada do que mande para mim!

Ah mande um beijo para o JR e a Ju se os vir por aí!

Recebi uma carta deles ontem!

Até a próxima:

Bia.

OBS: Aí vai nossa primeira foto. O bebê com dois meses.”

Ele abre o segundo envelope e vê a foto.

Como ela estava linda! Os lindos cabelos cobriam os seios generosos, que o deixavam louco, a tanga que usava, mostrava a barriga, que ainda não se percebia, mas que deixava ele ver o quanto ela emagrecera e estava esbelta.

Ele lê então a dedicatória:

“Meu moreno, aqui estamos eu e nosso bebê.

Amamos você papai.

Outubro de 2004”

E assim, o tempo foi passando. Ele gravou o cd e mandou para ela, bem como lembrancinhas para os dois.

Três meses depois, ela viu o sexo do bebê... Uma menina! Mandou para ele o dvd e mais fotos.

Ela ainda não quisera falar com ele, mas, os pais dela, sempre lhe davam notícias da vida dela por lá e da dele por aqui!

Pedro e Beatriz o adotaram de coração. Tudo dividiam com ele e ele com eles... A dor, a saudade e a aceitação.

Passaram no vestibular, e já estava estudando algum tempo. Certo dia era madrugada, quando o celular de Tuca toca.

_ Oi amor! A nossa menina quer nascer agora! Qual nome dará a ela? – pergunta Bia.

_ Bia, é você mesmo? Não é um sonho?

_ Somos nós meu amor! As contrações já começaram! Que nome quer dar a ela?

_ Anna Clara?

_ Certo! Anna Clara Santana Albuquerque!

_ Eu queria tanto estar aí ao seu lado!

_ Meus pais estão esperando você para que fique aguardando notícias nossas.

_ Estou indo! Amo-te Bia!

_ Eu também e não demore! Seja rápido!

_ Preciso de você! Sinto tanto a sua falta!

_ E eu mais ainda! Venha logo meu moreno!

Em menos de vinte minutos, ele tomou banho, se arrumou e foi para a casa dos sogros.

Quando entrou no apartamento. Beatriz foi logo falando:

_ A bolsa acabou de romper!

_ E como ela está? Já ligaram?

_ Nada disso rapaz! Você terá que levá-la agora!

_ Levá-la? Agora?

Então ele a vê... Mais linda do que nunca.

_ Oi meu amor moreno! Temos que ir! – ele a pega no colo e a beija.

_ Vamos meus filhos! – diz o pai sorrindo.

A mãe pega a valise da filha e a sacola da netinha.

_ Eu te amo tanto Bia! Você me perdoou então?

_ Claro que sim meu amor!

_ Quando chegou?

_ Hoje pela manhã! Passei o dia todinho dormindo! Passamos não é mesmo Anna Clara? Filhinha, o papai está aqui!

_ Oi amorzinho! – fala ele beijando a barriga amada – Que bom que está aqui minha filha e trouxe a mamãe de volta para mim.

_ Que bom que está feliz meu amor!

_ E onde está a vovó? – pergunta ele.

_ No hospital! – ri ela – Foi ver se estava tudo em ordem para receber a bisneta dela!

Horas depois, após um trabalho de parto normal e tranqüilo, nascia Anna Clara.

_ Parabéns papai! – falam os sogros abraçando-o.

_ Ela é linda! – diz a nova mamãe com a voz fraca.

A enfermeira coloca o bebe no colo da mãe e então acontece o segundo milagre...

_ Pronto, mãezinha... Ela agora achou o que procurava! – diz a enfermeira sorrindo ao ver a criança mamando com vontade.

E a linda garotinha mamava com sofreguidão.

_ Gulosa! – ri o pai marinheiro de primeira viajem.

_ Igual ao pai! – ri Bia.

Ele a olha e a beija com ternura.

Mais tarde, só os três juntos, ele fica namorando suas duas mulheres, as mulheres de sua vida, disso ele tinha certeza. O amor que ele tinha por Bia, era para vida toda.

_ Meu moreno? – chama a moça.

_ Oi meu amor!

_ Preciso de seu beijo!

E o beijo calmo os envolve e nesse momento, como querendo carinho também, Anna Clara chora.

Ele pega a filha do bercinho e com ela nos braços, começa a cantar a música que mandara para elas.

Ao ouvir a voz do pai, ela se acalma e adormece novamente.

_ Ela conhece minha voz! – exclama ele envaidecido.

_ Claro né amor! – fala Bia – O cd quase furou! Ouvíamos todas as noites!

_ Até você ouvia?

_ Não seu bobo! Eu tirava o ouvido para não escutar! – diz ela beijando-lhe o rosto risonho.

_ Amo você! Você é a mulher da minha vida!

E o amor amadurece...

Vinte e um dias depois, Bia e Tuca estavam assistindo a um filme deitados no tapete cheio de almofadas, quando ele pergunta:

_ O que faremos agora?

_ Minha transferência foi aceita, vou morar com meus pais, e...

_ Quer casar comigo?

_ Casar? E onde moraríamos? Não temos um emprego seguro e temos a Anna Clara.

_ Tenho uma casa maior, de quatro quartos, que herdei dos meus pais, só que a deixo alugada, para ter uma renda extra. Aí, faremos o seguinte, alugamos esta e vamos morar na outra. Já teremos o aluguel da casa, o qual poderíamos abrir uma poupança para Anna. Terei em breve um bom aumento... Acho que nos sairíamos bem!

Ele a puxa para seu colo e a beija.

_ O que acha meu amor? Ou você não quer?

_ Claro que sim! – ri ela e se movimenta com sensualidade.

_ O resguardo acabou?

_ Não! – ri ela novamente dando um pulo e se pondo de pé – Vou ver Anna Clara!

_ Isso malvada! Foge e me deixe aqui na mão!

Anna Clara estava com três meses quando os pais se casaram.

A casa ficara linda! Ganharam muitos presentes. A avó lhe dera uma poupança substancial e outra para a bisneta. Os pais deram a lua-de-mel completa em Fernando de Noronha. Claro que Anna Clara iria com os pais e já tinha até uma babá contratada lá para cuidar dela.

A festa foi um presente de todos os amigos reais e parentes.

Linda em seu vestido de noiva, ela vê quando Pamela se aproxima de Tuca e mais que depressa se aproxima do noivo.

_ Como pôde Tuca, me trocar por ela?

_ Eu a amo! E ela é a mulher da minha vida e me presenteou com meu segundo maior presente do mundo.

_ E qual é o primeiro?

_ O amor que ela tem por mim!

_ E eu por você, meu amor moreno! – diz Bia, beijando-o com paixão.

_ Bia aqui não! – ri ele – Quero você! Vamos fugir?

Então percebem que Pamela ainda estava ali.

_ Não se manca não? Agora se nos der licença, temos um casamento para consumar! – sorrindo a noiva puxa o amado pelas mãos – Tchau e seja feliz!

No carro...

_ E Anna Clara?

_ Meus pais ficarão com ela está noite!!

_ Eu os amo sabia?

_ Eu sei! E o amor é recíproco! Vamos para um hotel?

_ Nada disso! Por que um lugar melhor do que nosso lar? Nada melhor que o lar doce lar! – sorri ele.

_ Nossa primeira noite de casados e nossa primeira noite em nossa casa própria!

Depois de guardar o carro na garagem da casa, ele a pega no colo e entra na casa.

Ao entrarem, Bia vê um caminho de pétalas de rosas que levavam à suíte do casal. Rosas espalhadas por todos os lados, a casa na penumbra com velas aromatizadas. E na suíte... Pétalas cobriam toda a cama e velas iluminavam o quarto.

_ Que romântico meu amor! – diz emocionada.

_ Ainda não terminou! – sorri ele colocando-a de pé.

Apertando o botão do controle do som, ouve-se uma música suave. Um cd gravado especialmente para ela.

Muitas horas depois, estavam em Fernando de Noronha.

_ Que lugar maravilhoso! – exclama Bia, beijando a filha.

_ Não tanto quanto as duas mulheres que tenho ao meu lado! – diz ele beijando-lhe a nuca.

_ Oh Tuca! Espero que realmente possamos ser uma família feliz e realizada! – fala ela emocionada abraçando-o.

Doze anos depois...

_ Filha? – chama o pai.

_ Oi meu paizinho. – responde Anna Clara.

_ Sabe que dia é hoje?

_ Claro que sei senhor Tuca! Hoje é o grande dia!

_ Isto mesmo! – ri o pai – Mas, qual é este grande dia?

_ Ué meu paizinho! É o dia que esperamos por tanto tempo...

O pai, Tuca, se põe a rir que chega a chorar.

_ Não me enrole! Que dia é hoje?

_ Bem, sabe que não sei! – ri ela.

E os dois caem na gargalhada juntos.

_ É o dia de irmos fazer a inscrição na aula de teclado!

_ Ih é mesmo!

_ Mas, é isso que quer mesmo minha filha?

_ Claro que si paizinho! – diz Anna Clara – E mamãe, quando volta de viajem?

_ Sábado que vem!

_ Sinto tanta falta dela!

_ E eu muito mais! – ri ele e abraça a filha.

Fazia dois meses que Bia estava em Veneza. Ela agora era a gerente de uma cadeia de hotéis, espalhada por todo mundo.

Tivera que se ausentar tanto tempo de casa, devido a um curso de aperfeiçoamento e também aproveitara para fazer uma inspeção geral nos hotéis.

Todos os dias falava com o marido e a filha pela Internet. E neste preciso momento, devido ao fuso horário, já era noite e estava deitada em seu quarto no hotel. Olha a aliança em seu dedo e reflete sobre sua vida.

Depois de quase doze anos de casada e com uma família maravilhosa, amava por demais seu marido. Casara-se aos dezessete anos e agora com vinte e nove anos, uma filha de doze anos e um lindo, apaixonado e respeitado marido de trinta e três anos, sabia que realmente vencera na vida.

Claro que o amor de seus pais e sua avó, os ajudaram a vencer muitos obstáculos da vida. Sua amada avó, que falecera aos noventa e seis anos, há um ano atrás, fizera dela, Tuca e

Anna Clara, herdeiros de sua fortuna. Sua mãe abrira mão de sua parte e a doara para uma instituição social que adotara e a qual agora presidia, depois que aposentara.

Tinha com o marido, uma casa maravilhosa; Tuca possuía um instituto de informática; fazia uma série de cursos de especialização, na área de informática e assim, como ela, estava ocupado realizando o mestrado.

Sua filha Anna Clara, um doce de menina, sempre disposta a ajudar. Fazia cursos de línguas estrangeiras, agora iniciaria aula de teclado, praticava natação e no final de semana ajudava os avós no Centro Infantil de Reabilitação Amor; este centro por sua vez, recebia e abrigava cerca de duzentas crianças carentes e abandonadas, até os quinze anos de idade. Uma parte da renda que recebia da herança da bisavó, em pregava no Centro Amor também.

A saudade aperta com tantas lembranças, ela resolve ligar para casa.

_ Pronto?

_ Oi meu moreno!

_ Oi meu amor! Que saudades! Você está bem?

_ Claro que não! Estou morrendo de saudades! Será que vocês não poderiam vir me buscar e ficarem uns dias aqui comigo?

_ Quando minha preciosa?

_ Hoje!

_ Anna Clara tem provas esta semana! Mas, vou deixá-la com a mãe e o pai, e amanhã mesmo estarei indo para aí!

Dois dias depois, Bia esperava o marido no aeroporto.

_ Meu moreno! – corre ela para abraçá-lo – Que saudades! – e o beijo surge apaixonado.

Minutos depois, estavam na limusine. Com total privacidade dentro do veículo, Tuca vai contando as novidades e beijando a esposa.

_ Anna Clara já está na aula de teclado.

_ Que bom! E ela gostou?

_ Está amando! Mãe conseguiu contratar outra fisioterapeuta e um psicólogo para o Centro Amor.

_ Isso é muito bom! E você amor?

_ Eu estou bem! Ficando maluco como você sabe, com a tal da monografia. Mas, a saudade que sinto de você é muito pior! – sussurra ele acariciando-lhe a nuca.

_ Quero você meu moreno! – responde ela apaixonada.

Então o beijo se faz intenso e eles vão a um lugar de prazer, que só eles sabem como ir.

Quando o veículo estaciona na garagem privativa do hotel, ambos estavam recompostos.

_ Senhora Albuquerque! – diz o motorista abrindo a porta.

_ Obrigada Nicolas! – sorri ela.

No elevador particular, um novo beijo vem acolhê-los.

Tuca entra com ela no colo na suíte. O quarto exalava um suave perfume de sândalo, rosas espalhadas por todo o aposento. Uma garrafa de champanhe os esperava, bem como morangos em um lindo recipiente de cristal.

Tuca deixa que ela escorregue por seu corpo até que seus pés toquem o chão acarpetado.

_ Eu te amo tanto minha esposa adorada!

_ E eu a você meu marido! – e o beija – Hoje agradeço a bendita aposta!

_ Concordo! – responde ele tirando-lhe a roupa lentamente e logo após levando-a para a banheira.

Horas depois, saboreavam os suculentos morangos com champanhe e muito mais sedução.

_ Nossa, vovô! Será que meus pais não vão voltar mais não? – ri Anna Clara.

_ Ih meu bem, esta viagem demorará muito! – e os dois caem na gargalhada.

_ Do que estão rindo? – pergunta a avó que entrava na sala.

_ Dos meus pais que nunca chegam!

_ Nem se preocupe, o ano que vem está bem próximo! – diz a avó se juntando a eles.

Quatro anos depois...

_ Ah Déborah! Não posso, hoje tenho monitoria! – diz Anna Clara para a amiga.

O colégio que ambas estudavam, realizava um Projeto de Monitoria. Os alunos de melhores médias e que fossem voluntários, ajudavam os outros alunos com dificuldades na aprendizagem, se tornando assim Monitores do Saber, o nome do projeto em questão. E Anna Clara estava entre eles.

_ Quem você vai monitorar hoje?

_ Não sei! Pois não consegui falar com o professor Elton hoje! – fala se referindo ao coordenador do projeto.

_ Está certo! Depois quando você terminar, me liga!

_ Certo, amiga! Até mais tarde!

Assim que perde a amiga de vista, ela vai para a sala de monitoria. Quando lá chega, encontra um jovem de uns dezoito anos à sua espera.

_ Oi sou Anna Clara.

_ E aí? Como vai! – responde com cara de poucos amigos.

A moça começa a se preparar para começar.

_ Qual seu nome afinal? E que matéria auxiliá-lo?

_ Meu nome é Deryk e me mandaram devido a uma nota baixa que tirei em literatura e também por mau comportamento!

_ Sei! – Anna o analisa.

Ele era muito charmoso com aquele ar rebelde sem causa. Os cabelos castanhos, lisos e cumpridos, caiam em desalinho por sobre a tez morena jambo. Os lábios firmes e bem desenhados completavam com quase perfeição aquele rosto marcante, se não fosse a cicatriz que vinha da orelha esquerda até o queixo, não era grosseira e sim bem fina, mas que lhe dava um ar intocável...

_ Passei no alto exame que fez de mim?

Anna acorda do devaneio e fica vermelha.

_ Me perdoe! Podemos começar?

_ Não sei não! Creio que não preciso de sua ajuda! Vim aqui só para ver você mesmo!

Mais uma vez ela fica vermelha.

_ Bem, terei que fazer um relatório contando o que aconteceu e porque não pude lhe auxiliar!

_ Bem, isto eu sei que não é da minha conta! – diz ele sorrindo com cinismo.

Anna se levanta, pega suas coisas e sai irritada.

_ Não sou obrigada a aturar suas grosserias! E nem ser insultada por você!

Porém, quando se vira para ir embora, com o movimento brusco, perde o equilíbrio e só não cai no chão, porque o rapaz a ampara.

Ofegante, ela levanta o rosto e agradece:

_ Obrigada!

Os olhos se encontram e uma certa magia os envolve. O beijo vem cheio de ternura. O primeiro beijo de Anna. O beijo que ela queria que fosse com a pessoa que amasse e a amasse.

_ Agora, pode fazer seu relatório! – diz ele combatendo com cinismo o sentimento que o invadira por aquela garota, como nenhuma outra.

Somente quando a porta é fechada, que ela consegue se mover e soltar a respiração entre indignada e sonhadora.

_ Ah seu... seu... – e bufando, ela vai encontrar com a amiga, liga para ela e marcam de se encontrarem no shopping.

Quando vê a amiga chegar, começa a rir.

_ O que houve? Por que está com esta cara?

_ Nem me fale! Nem te conto o que aconteceu!

_ Diga logo menina! Quer me matar de curiosidade?

_ Vamos tomar um suco de laranja! – diz chamando a garçonete e fazendo os pedidos.

_ Certo, e aí? – pergunta Déborah após os pedidos chegarem.

Meia hora depois, Anna Clara termina de contar toda sua frustração.

_ Não acredito! Você foi beijada por um desconhecido!? Logo você que queria o príncipe encantado! – ri a amiga.

_ Você rir né? É porque você não o viu e nem sabe como ele é! – diz furiosa, mas também, sem esquecer o sabor do beijo.

Nesse momento ela o vê vindo para lanchonete com alguns amigos.

_ Disfarça e olha para sua direita! – sussurra ela – O de blusa vermelha e calça jeans, é o tal!

Déborah olha e com um sorriso fala:

_ Ele é lindo e está vindo para cá!

_ Ah Debby! E agora?

_ Relaxe! – ri a amiga – Afinal, ele tem um amigo lindo!

Nesse momento...

_ Oi Anna Clara! – a voz melodiosa a faz estremecer sem querer.

_ Olá! – diz ela secamente.

_ Não me apresenta Deryk!? – pergunta Igor, um mulato magnífico.

_ Que fora que dei agora! – diz ele – Mas, é que Anna tem esse poder sobre mim! – fala olhando-a nos olhos – Anna Clara, este é meu melhor amigo Igor, Igor está é Anna Clara.

_ Oi Anna, como vai você?

_ Bem! Prazer em conhecê-lo! – pausa – Igor e Deryk, está é Déborah, minha melhor amiga.

Depois dos cumprimentos, outros colegas deles chegam...

_ E aí caras, vamos?

_ Ah não! –diz Deryk – Vou ficar por aqui! – fala olhando para Anna.

_ Eu também vou ficar! – diz Igor olhando para Debby que também o olhava – Quer dizer... – ele segura-lhe a mão dando-lhe um beijo suave – Posso?

_ Com toda certeza! – sorri ela.

Deryk olha para Anna que desvia olhar.

_ Esperamos vocês dois na festa da Duka!

_ Estaremos lá! – respondem os rapazes.

Depois, quando estavam os quatro a sós.

_ Que tal irmos assistir a um filme? – propõe Igor.

_ Uma ótima idéia, mas, seria melhor se você fosse comigo... – diz ele olhando para Anna – Vamos juntos?

_ Eu... eu não... – ela não consegue terminar.

_ Claro que vamos! – responde Debby por sua amiga.

_ Que bom! – respondem os rapazes.

Igor paga a conta enquanto Deryk pega Anna pelas mãos e vai comprar as entradas.

Já estavam distantes do outro casal, quando Anna Clara, para frente de Deryk e começa a falar:

_ Se você pensa que pode...

E sem terminar, ela é beijada pela segunda vez naquele mesmo dia. Pega de surpresa novamente fica estática e percebe-se correspondendo ao beijo.

_ Agora, vamos comprar as entradas! – sussurra ele ao seu ouvido quando se afastam.

O filme escolhido era uma comédia romântica, o que só fez piorar a situação de Anna, que começava a se sentir totalmente envolvida por Deryk.

Durante todo o filme, Anna voltava seus pensamentos para os beijos trocados naquele dia e as reações que os mesmos lhe provocavam. Decidindo assistir ao filme sem pensar em mais nada, ela vira para fazer um comentário, quando se vê perdida no fundo daqueles incríveis azuis.

_ Deryk, eu...

Ele a olhava com tanta intensidade, que mais uma vez, ela se sente flutuar, quando, agora com seu total consentimento, os lábios novamente se encontram.

Ao final do filme, ele a abraça e juntos saem da sala de projeção.

_ Debby, tenho que ir! Minha mãe está me esperando! – diz ainda junto a ele.

_ Claro! Igor tenho que ir! – dando um selinho em sua paquera.

_ Nada disso! – responde ele – Nós as levaremos para casa. Certo Deryk?

_ Com toda certeza! Vamos minha monitora adorada! – fala com delicadeza.

Anna Clara vê o lindo celta preto, com aerofólio e detalhes cromado.

_ Que carro lindo! – dizem as moças.

_ Realmente! – diz Igor – É do bacana aí! Ganhou do pai ao completar dezoito anos.

_ Que legal Deryk! – diz Déborah.

_ Vamos indo? – fala Anna.

Igor e Debby vão atrás e Anna Clara vai com Deryk na frente.

Ao chegar na casa da moça, ele desce, abre a porta para ela e a ajuda a sair do carro.

_ Hoje tem a festa na casa da nossa amiga Eduarda, a Duka, é o aniversário dela. Gostaria de ir comigo?

_ Quantos anos ela estará fazendo?

_ Vinte anos!

_ Se eu for tenho que comprar um presente!

_ Deixa por minha conta! E então, você quer ir?

_ Vamos fazer assim... Tenho sair com minha mãe, quando eu chegar, ligo para você, isto é, se me der o número do seu celular.

_ Claro que dou! – ele tira uma caneta do bolso e anota o número na folha da agenda dela.

_ Então quando eu chegar ligo para você, pode ser?

_ Não! Às vinte horas passo aqui e você me dá a resposta pessoalmente! – fala ele abraçando-a.

_ Deryk!

E o beijo vem agora, com toda delicadeza e aceitação da parte dela.

_ Tchau minha amada monitora!

Dizendo isso ele vai embora, deixando-a com a sensação de abandono.

Quando entra em casa...

_ Minha filha, o que houve?

_ Ainda vamos sair mamãe?

Bia olha para a filha com atenção e um sorriso brota em seus lábios.

_ Só se você quiser!

_ Vou tomar um banho! Quer ir até o meu quarto?

Bia sabia que quando a filha a convidava desse modo, é porque estava confusa e algo acontecera.

_ Claro!

Momentos depois, vestida em seu roupão de banho, com uma toalha em volta dos longos cabelos negros e encaracolados, iguais aos da mãe; sentada na cama, enquanto a mãe estava na poltrona, perto da janela.

_ O que houve minha filha?

_ É possível se apaixonar ao primeiro beijo e sem conhecer a pessoa assim tão bem?

_ Bem, você sabe da minha história com seu pai!

_ Sei e queria que meu primeiro beijo tivesse sido com alguém que eu amasse!

_ E quando foi o seu primeiro beijo? – pergunta a mãe, escondendo o tremor que veio ao coração.

_ Foi hoje mamãe! E não apenas um! E foi tão bom!

_ Com quem foi minha filha?

Então, Anna Clara conta tudo o que acontecera naquela tarde inusitada.

_ E hoje há uma festa na casa dessa Eduarda, Duka, que não conheço e nunca vi, e ele quer que eu vá com ele.

_ E você quer ir?

_ Sim e não! Sim, porque quero estar com ele de novo e não porque está acontecendo muito rápido.

_ Então não vá!

_ Ele vem me buscar às vinte horas!

_ Deixe que venha! Convide-o para entrar e nos apresente!

_ Certo! Vamos às compras! – diz novamente animada.

Era exatamente o horário marcado, quando ele chega.

_ Oi minha doce monitora! Senti sua falta – diz beijando-a enquanto ela encosta a porta atrás de si.

_ Eu também! – e mais um beijo é trocado. Minutos depois, ela fala:

_ Quero que conheça meus melhores amigos

Deryk sente-se apreensivo, pois soubera desde que a vira no campus, há um ano atrás, onde sem nem perceber se apaixonara por ela, mas, nessa época, estava envolvido com Sônia, quase dez anos mais velha que ele, que Anna era diferente.

Quando em fim, pusera um fim no relacionamento com Sônia, começara a observar Anna. Agora, estava ali, e iria conhecer os pais dela, que ele sabia, serem pessoas incríveis e respeitáveis. E a opinião deles, era inquestionável para ela.

Já na sala de estar...

_ Mamãe, papai... Este é Deryk!

Bia e Tuca olham para o rapaz e se entreolham.

_ Será? – pergunta Tuca para a esposa.

_ Muito prazer meu jovem! – diz a mãe – Só uma curiosidade... Você é filho de Pamela Duran?

_ Sou sim! E de Diego Morais!

_ Que mundo pequeno! – falam o casal ao mesmo tempo.

Anna que sabia de toda a história dos pais, sente um friozinho na coluna.

_ Por quê? – pergunta Deryk curioso.

_ É que estudamos com seus pais! – diz Bia – Venha meu rapaz, sente-se!

_ E como vão seus pais? – pergunta Tuca.

_ Meu pai está bem e trabalhando muito em sua empresa de software. E minha mãe, depois que separou de meu pai, foi morar na França, onde sofreu um acidente de carro e veio a falecer.

_ Que triste! Sentimos muito meu jovem! – fala Tuca solidário.

Anna aperta a mão do rapaz.

_ Sofri muito, mas, já faz dois anos! Tento conviver! E estou levando a vida, mesmo porque, nunca morei com ela.

_ Bem, vamos deixar as tristezas de lado! – diz Bia – Seja bem vindo à nossa casa e mande lembranças ao seu pai!

_ Prazer em conhecê-lo! Sou Tuca, pai de Anna Clara! Agora tenho que deixá-los, tenho que terminar um projeto.

_ Obrigada senhor! – fala o rapaz se levantando.

_ Tchau Deryk! – fala a mãe da moça – E seja bem-vindo à nossa família!

_ Mamãe! – exclama Anna ficando vermelhinha.

Quando os pais saem, Anna sem jeito, volta a se sentar ao lado do rapaz.

_ Eu...

_ Que bom que fui aceito! – diz ele beijando-a com ternura – Você que ir à festa comigo?

_ Vou sim! Acha que preciso trocar de roupa? – pergunta ela se levantando e dando uma voltinha.

Ela vestia uma calça jeans cintura baixa, que lhe moldava o corpo juvenil e uma blusa de gola role vermelha e justa. Uma sandália transparente de salto alto. Não usava maquiagem, apenas um brilho nos lábios e os cabelos em cachos soltos pelos ombros.

_ Se você está bem? – retruca se levantando – Você está maravilhosa!

_ Obrigada! – diz deixando-se abraçar.

Já no carro, ele pergunta:

_ Qual é a história em comum de nossos pais?

_ Xi, é uma longa história! – pausa – Seu pai e meu pai, fizeram uma aposta, se meu pai conseguiria levar minha mãe para a cama. Só que meu pai acabou se apaixonando por minha mãe. Quando ela descobriu a aposta, terminou tudo com ele. E Pamela, sua mãe, era apaixonada por papai e ajudou, para não dizer o contrário, na separação deles. – pausa – Minha mãe, grávida de mim, foi morar com minha bisavó em Veneza e quando estava nos dias de eu nascer, ela veio embora com vovó. Depois, que eu estava com três meses, eles se casaram. No dia do casamento deles, sua mãe ainda tentou separá-los e não conseguiu novamente.

O silêncio se fez presente.

_ Eu nasci dois anos antes! Eles foram a uma festa e beberam demais. Nunca entendi, porque eles não deram certo! Agora tudo se encaixa! Ela amava outro. Meus pais viviam como se nada tivesse acontecido e como se eu não existisse. Sei que amavam, a maneira deles, porém, graças aos meus avós maternos, que me criaram, tive amor de verdade. Com cinco anos, meus pais se casaram e fui morar com eles. Tudo ia muito bem! Só que mamãe engravidou e como era modelo e muito materialista resolveu abortar! Papai não aceitou! Brigaram, ela foi embora de casa e nem precisou fazer o aborto! Um dia ela caiu de uma escada porque o salto altíssimo do sapato quebrou e ela perdeu o bebê! – pausa – Acho que meu pai sempre foi apaixonado por ela e nunca demonstrou com medo de ser fraco e de ela rir dele. Ela voltou e engravidou novamente. Um ano depois nasceu Denise minha irmã. Quando ela estava com doze anos, mamãe fugiu para França com um famoso fotógrafo. Alguns anos depois, eles dirigiam embriagados, quando um caminhão desgovernado veio em direção a eles. A batida foi violenta. Ninguém sobreviveu. Ela sempre nos mandava cartas, cartões e presentes das mais variadas partes do mundo.

_ Você sente falta dela?

_ Na verdade não! Sinto falta de uma mãe! De uma mãe de verdade como a sua!

Enfim, chegam à festa...

_ Oi Igor! – diz ela cumprimentando – Debby veio com você?

_ Claro, você acha que ela iria me deixar solto? – olhe o tanto de gatinhas querendo um pedacinho do negão aqui!

Anna Clara começa a rir.

_ É claro que não! – ela olha para o lado – Então, me diz uma coisa!? Quem é aquele gato que está dando em cima dela?

_ Como é que é? – diz ele nervoso e olha para a direção indicada.

Então ele vê a namorada que se aproximava com um lindo felino nos braços.

_ Divertida você heim Anna? – diz ele debochando.

_ Oi Anna, oi Deryk! – pausa – Amor, olha que gatinho lindo!

E os outros três não conseguem segurar e caem na risada.

_ Vamos minha linda! Vou te apresentar a Duka. – fala Deryk tirando-a dali.

A festa estava no auge, quando Deryk vai conversar com alguns amigos e Anna cansada de dançar, senta na sala. Um rapaz se aproxima e senta-se ao seu lado. Ele passara a festa toda a cobiçando.

_ Oi!

_ Oi! – fala ela sem jeito.

_ Onde está seu namorado? – pergunta tocando sua mão, que estava em sua coxa.

_ Logo ali! – diz ela retirando a mão e fazendo que iria se levantar.

_ Por favor! Não vá! Passei a festa toda te olhando! Você é muito linda e eu me sinto deslocado e sozinho! Minha amiga me chamou e me deixou sozinho!

Anna olha ao seu redor e acha que não teria nada demais em conversar com ele, ali estaria segura.

_ Está certo! – suspira ela – Qual seu nome?

Ele era bem apessoado, as meninas olhavam para ele com interesse, alto, atlético, loiro e olhos azuis.

_ Sou o Sérgio! E você?

_ Sou a Anna!

_ O que faz da vida minha Anninha?

_ Sou apenas estudante e você?

E com quase dez minutos de conversa, ela se desarma e começa a conversar normalmente. Ele tinha um bom papo. Era inteligente e atencioso.

Então ele lhe oferece um refrigerante.

_ Quer dar uma volta no jardim? Duka tem flores maravilhosas! – fala ele, pois ela dissera que amava jardins.

Ela olha para o namorado e concorda.

_ Nossa que lindo! – e finalmente toma um gole generoso do refrigerante.

Cerca de segundos, Anna percebe que algo estranho acontecia e chama Deryk. A voz não sai mais que um mero sussurro.

_ O que houve minha preciosidade? – pergunta Sérgio sorrindo com malícia – Quer seu namoradinho?

_ Leve-me para dentro, por favor! – pede ela tentando se levantar.

Ele a segura e a aperta contra o corpo forte.

_ Hum! Você é muito linda!

E sem poder se defender, ela vê ele aproximando-se para beijá-la. Sua alma registra o terror que vivia. E chamava por Deryk com todo coração.

Dentro da casa, Deryk procura a namorada.

_ Vocês viram Anna?

_ Ela disse que iria ver o jardim de Duka!

Então, os três vão atrás dela. Quando chegam lá, a vêm nos braços de Sérgio, quase sem blusa.

_ Anna! – grita Deryk vendo que algo estava errado.

Como um touro bravo ele se lança contra o rapaz que estava nesse momento abrindo o zíper da própria calça, pois Anna estava já sem a calça jeans.

_ O que fez com ela seu covarde! – e com forças que nem sabia que tinha esmurra o outro que revida, mas a raiva dá mais forças ao namorado da moça que o lança no chão desmaiado.

Duka chega com uma coberta e cobre a moça. Ninguém mais da festa vira o ocorrido.

_ Déborah, ligue para os pais de Anna! Vou levá-la ao pronto socorro e Duka já chamou a polícia.

Anna chega ao pronto socorro inconsciente e é atendida às pressas.

Quando acorda, não sabe onde estava. A cabeça pesava uma tonelada e a boca estava amarga como fel. E olhando para o lado, vê Deryk que dormia desconfortavelmente em uma poltrona.

O que acontecera? A última coisa que lembrava era do tal Sérgio e do jardim belíssimo.

_ Deryk? – a voz sai num sussurro.

Mesmo assim ele acorda.

_ Meu amor! Que bom que acordou! – diz dando-lhe um beijo na testa.

_ O que houve?

Ele lhe conta tudo e depois a ajuda tomar o café da manhã.

_ Estou aqui há quanto tempo?

_ Dois dias!

_ Como deve ter sido horrível para você!

_ Para mim? Sim para você!

_ Para mim nada! Eu não vi e nem senti nada! – ri ela – Ao menos não me lembro de nada!

_ Quase entrou em coma alcoólico! Ele misturou uma droga em seu refrigerante.

_ Que cara safado! Não sei o porquê disso! Tão bem apessoado, bom de papo!

_ Anna! – fala ele enciumado.

_ Não amor! Não é isso! Ele deve ser doente! Não tem razão de fazer isso e faz!

_ Ele está preso e você deverá ir a delegacia para reconhecê-lo.

Nesse momento a enfermeira entra no quarto.

_ Pronto donzela, vamos retirar o soro e o médico já, já vem lhe dar alta! Quer tomar um banho?

_ Adoraria!

_ Seu namorado a ajudará ir até la!

Quando se vêm a sós, ele fala:

_ Quer que eu lhe ajude a banhar?

_ Adoraria! – ri ela – Mas, dou conta sozinha!

Já arrumada:

_ E meu pai e minha mãe?

_ Passaram a noite todinha aqui! E só foram embora porque eu garanti que você estava bem! Vou levá-la para casa!

Após receberem o papel da alta e o laudo dos exames, eles vão embora. Quando entram na casa dela, os pais já a esperavam ansiosos:

_ Ah minha preciosa! – e a abraçam – Você está bem? – perguntam em uníssono.

_ Claro! – ri ela divertida e emocionada – Será que eu poderia sentar? Acho que estou meio fraquinha ainda!

O pai a pega no colo e a leva até o sofá.

_ Papai! Não sou bebê!

Deryk, emocionado, ri da namorada.

_ Você será sempre o nosso bebê! Até depois que o bebê nascer! – diz a mãe.

_ Que bebê nascer? – pergunta confusa.

_ Oh Deryk, perdão... Sente-se! – fala Tuca rindo.

_ Papai? Mamãe? Que bebê?

_ Estou grávida de quatro meses!

_ Pegamos o resultado hoje lá no hospital! – diz o pai.

_ Parabéns, senhor Tuca e a senhora também.

_ Obrigada querido! – e emocionada ela pergunta para a filha – E você não gostou?

_ Se não gostei? Amei! É perfeito! Só quero um irmãozinho! – ri ela sendo abraçada pelos pais.

Uma semana depois de todos estes acontecimentos, Anna Clara foi para Austrália fazer um curso de hotelaria, pois a mãe não podia viajar.

Ele e Deryk se falavam todos os dias.

E o tempo passa lentamente, uns dois anos depois...

_ Tuca, o Tobias está brincando com seu laptop, diz Bia.

_ O deixe! – pausa – E Anna Clara?

_ Mês que vem ela estará chegando!

_ Como o Deryk está?

_ Bem, pelo jeito que falam, acho que terminaram!

_ Terminaram?

_ É, Anna Clara disse que não queria prendê-lo a ela e que se que começaram, fosse realmente forte, quando ela voltasse, tudo se ajeitaria. Só que acho que ele não gostou muito! E acho que está com namorada!

_ A quem será que ela herdou essa sabedoria toda? – pergunta ele erguendo-a nos braços – E ela sabe disso?

_ Não!

_ Você vai contar?

_ Acho melhor não me intrometer, não tenho nem certeza! – diz suspirando, quando ele beija-lhe a orelha.

_ Nola!! – chama ele – Tobias está na sala a sua espera!

_ Tuca! – sussurra a esposa ao sentir o beijo apaixonado do marido.

_ Quero você minha amada!

E no quarto, o amor se faz presente.

E a festa no auge...

_ Deryk, nunca mais teve notícias de Anna Clara? – indaga Igor.

_ Não e não pergunto também!

_ Não sabe nem quando ela volta?

_ Acho que está para chegar! Não tenho certeza.

_ E aí?

_ E aí o quê?

_ Como vocês ficam?

_ Estamos a dois anos separados, praticamente. Quando ela estava com dois meses longe daqui, terminou tudo comigo! Ficara sabendo que o curso seria de dois anos e alguns meses e que só voltaria quando terminasse o curso.

_ Você não entendeu o motivo dela para isso?

_ Ela não queria que eu me sentisse preso a ela.

_ E ela estava errada?

_ Sim! Eu a amava!

_ Sei, amava não é mesmo? E Sâmea?

_ Agora estou ligado em Sâmea!

_ Sei! Quero só ver quando ela chegar!

_ Oi gatinho! – diz a moça em questão abraçando-o e colando seu corpo ao dele.

_ Bem, deixe-me ir! – fala Igor vendo, a noiva, Déborah chegar e com ela Anna Clara.

Ele sorrir e olha para o amigo.

A primeira coisa que Anna vê, é o ex-namorado beijando uma estonteante loira.

_ Déb, acho que vou embora! – sussurra sentindo o coração doer de ciúmes e mágoa – Acho que nosso amor não foi assim tão forte!

_ Nada disso! – diz Igor já ao lado delas e beija a noiva – Oi amor! – e vira para a amiga – Você está linda! Que bom que está de volta, você faz falta! – e a abraça.

_ Obrigada! – olhando para Deryk pergunta – Quem é aquela?

_ Um passatempo para cabeça dura!

_ Mas, eu não tive nenhum passatempo! Mantive-me fiel a ele!

_ Mas, amiga, foi uma opção sua! E tem mais, se vocês se amam, nada os impedirá.

Anna Clara falava com amigos e amigas, quando algo a incomoda. E ao olhar ao seu redor, ela o vê observando-a.

O tempo pára! Ele estava ainda mais lindo, mais forte e tinha algo mais em seu olhar.

E ele, por sua vez, perde a fala e a admira sem poder resistir.

Nesse momento, Yves a chama para dançar uma balada romântica que começara a tocar. Ela olha pela última vez para Deryk e aceita.

A noite se esvai... Entre um copo de vinho tinto doce e uma dança com Yves, Anna começa a ficar meio embriagada.

_ Igor, vou levá-la para casa! – fala Déborah se referindo a amiga.

_ Certo! Só vou dar um tchau para Deryk e a fogosa! – diz em tom de deboche.

Caminhando até o amigo...

_ Eu e Déb estamos indo! – diz omitindo de propósito o nome de Anna.

_ Mas, e a Anna, ela vai com quem?

_ Ela vai com Yves, acho que está rolando algo mais, e ela quer ficar um pouco mais!

_ Mas, ela está um pouco tonta!

_ E o que tem? – pergunta Sâmea com ciúmes.

_ Fica na sua! – diz nervoso – Eu vou levar Anna Clara para casa!

_ Acho que o namorado é quem deve levar! – fala Igor fingindo naturalidade e provocando o amigo.

_ Concordo! – fala Sâmea tentando beijar o namorado.

_ Deixe-me Sâmea! Vou levar você para casa e volto para buscar Anna Clara e levá-la também!

_ Acho que aí será tarde demais! – o outro fala segurando o riso.

Deryk olha na direção de Anna que dança com Yves, quando o mesmo beija “sua” Anna.

_ Isso não está certo!

E bufando, morrendo de ciúmes, Deryk chega puxando Anna pela mão.

_ Mas, o quê... – pergunta Yves sem nada entender.

_ Ela é minha garota! – fala Deryk em tom ameaçador.

Sâmea olha para ele e revoltada fala:

_ Então é assim? Está tudo acabado!

_ Certo! Agora vamos Anna Clara, vou levá-la para casa!

Ele sai arrastando-a até o carro. E ela, que não estava muito bem, fica calada, sentindo o mundo girar.

Quando ele chega em sua casa, a pega no colo e a leva para sua suíte, sentando-a na banheira e em seguida, abrindo o chuveiro.

_ Deryk! – fala sem fôlego sentindo a água gelada.

Ela lhe puxa pela calça e ele cai na banheira junto com ela. Ensopado, ele tira os sapatos e coloca na água morna.

_ Que saudades de você minha monitora! – sussurra ele sentando-a em seu colo.

_ Oh Deryk! Como eu te amo!

E o beijo surge saudoso e envolvente.

No outro dia, ele acorda e fica observando-a com carinho, enquanto ela dormia tranqüilamente em seus braços. Ele começa então a beijar seu ombro nú.

_ Quer casar comigo? - pergunta acordando-a com um beijo.

_ Claro que sim! - sorrindo ela se entrega.