O AMOR DE DOIS GIGANTES

Fala-se muito nas dimensões de um grande amor, mas poucas vezes chegou aos ouvidos humanos, história tão sublime de paixão, exemplo tão augusto do que sejam os milagres de um coração rendido.

Ele era o mar!

Era imensamente intenso e na profundidade do seu ser, escondia mistérios inefáveis. As suas ondas traduziam instabilidades movidas pelas idas e vindas de suas solitárias emoções. Ele afogava os infortúnios, mas o sal de suas águas constrangiam os paladares de seus sonhos. Quando visitado pelo anoitecer, ele era o cântico predileto dos sonetos, mas quando lhe advinham as tormentas, tornavam-se náufragos todos os anseios esperançosos de um provável amar.

Ele fascinava pela inerência de seus encantos e assustava pelas suas incógnitas, mas ao lhe pratearem os raios do luar, eis que despontava a maré vazante de sua imensa solidão, maior que ele até!

Ela era o céu!

Infinita, inspiradora, fascínios que hospedava os arraiais da eternidade. Alvo dos olhares sonhadores, destino das paixões iludidas, louvor do otimismo a motivar tantos corações que lhe eram oferecidos. Suas elevadas veredas eram pavimentadas pelos ares da imensidão, onde anjos esvoaçam com asas coloridas, para depois descer e proteger seus enamorados observadores platônicos.

As estrelas eram parte de seu lindo corpo, que emitia luz, calor e embriaguez de bem querer, a toda alma a lhe contemplar.

Habituada aos decantos da prosa apaixonada, o céu-mulher caminhava indiferente aos delírios, pois reinava em todos os mundos - pedaços seus, também a lhe renderem devoção.

Todavia, não se alimentava de total alegria, e o lindo céu, solitário em si, tal qual o mar, assim vivia!

A lógica impunha impossíveis fronteiras entre o céu e o mar. Ele rasteiro, ela altaneira. Ele salgado e ela azul.

Mas eis que um belo dia, prontificou-se o céu a passear pelo entardecer, e além dos horizontes de um olhar cristal, veio a conhecer as águas sedentas do solitário mar.

Nasceu assim um grande amor.

As chuvas por ela enviadas, adoçaram o sal de sua essência. E suas águas passaram a refletir o brilho dourado, que uma vez avistado, denunciava o beijo que lhe dedicava o apaixonante céu.

Céu e mar uniram laços, e de abraços entrelaçados pisotearam os olhares adversos dos ciúmes controversos e da improbabilidade.

Agora são mais suaves as ondas e agora são mais densas todas as luzes que se vê sorrindo nos palcos do firmamento. Só eles se fazem donos das verdades a serem escritas por tão grande amor e nós humanos não sabemos, se não seria esse tão somente um a mais, dentre os tantos mitos da paixão.

Dúvidas à parte, há quem diga que desde então, passaram a ser vistas, trazidas pelas ondas, as estrelas do mar!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 14/05/2008
Reeditado em 14/05/2008
Código do texto: T989391
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