Fabiano!
FABIANO!
Lembrei-me hoje de tudo que me disse.
De tudo o que me ensinou.
Que a mobilete não tinha marchas.
Lembrei-me de nossas brigas.
E de nossos, raros, mas fortes abraços.
Lembre-me agora mesmo, de sua ordem.
Mas mesmo assim, eu não conseguia ficar
Sem mexer nos seus discos e na sua vitrola.
E recordei-me também da "trava" que você
Instalou no velho-toca discos.
Acho que era cíumes, e medo.
Afinal, até hoje não aprendi a cuidar de
Meus discos com carinho e dedicação.
Por mais que eu os adore.
Ah! Aquela trava. Uma chave giratória
Que cancelava o contato da energia com
O aparelho empenado pelo sol que entrava
Pela janela da sua sala.
Lembrei-me do sonho de ser um mecânico
De motocicletas, igualzinho a você, meu irmão.
E hoje, veja só, eu "fuço" em tudo, desde motor
Até parte elétrica. E "rodo" muito também.
E aquele seu velho sonho, uma CB 500 Four,
Com o tanque vermelho, personalizado com chamas
De Fogo, e documento original da Califórnia.
É! Não deu tempo de achar os pistões e válvulas originais.
Depois que a mãe não suportou olhar mais para aquela maravilha,
Encostada na parede do meu quarto, no rancho, a última
Informação que tive era de que a moto estava com o proprietário
Da "By Cristo", uma montadora e oficina especializada em Triciclos,
Estilo "Try Star", lembra?
Hoje já faz cerca de cinco anos que possuo habilitação.
E a "coisa" mudou muito por aqui. Pelo menos não tive mais
Nenhuma "motorela" emprestada, presa pelos policiais.
É bom lembrar-me de ti. É bom.
Faz oito anos.
A lembrança é muito forte.
Bom seria se não fosse apenas lembranças.
Imaginando que não existe saudade.
Ainda que seja mais forte que a própria lembrança.
Novamente, rolam-se as lágrimas.
Ontem, hoje e sempre.
"Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento,
gente jovem reunida. Na parede da memória esta
lembrança é o quadro que dói mais..."
F. Pinéccio
Seu irmão caçula.
17/10/2005
23:00hr'' s