CAMPEÃO

Quem conheceu ´´ educação antiga´´ saberá q. este texto é uma historinha comum na existência das ´´meninas de família´...Nós ´´tínhamos que ser tudo´´ ,menos nós mesmas.Não podíamos ter sexualidade, usar qualquer veste, nem nos sentar de maneira diferente;´´tínhamos que´´ usar uma série de regras em nosso cotidiano...Quem optava por viver ,respirar,se apaixonar,dançar...vivia uma vida paralela;cheia de emoções,tropeços,ilusões...Só o amigo tempo era capaz de colorir e reajustar as veredas femininas ...

Embasada em tantas historinhas,criei este textinho ;juro que o escrevi com o coração e quase de olhos semi-serrados...Ele agradou a alguns e por conta disto ,recebi um mimo;uma estatueta que faria meus pais chorarem de alegria e orgulho ;mal sabem o quanto dos mesmos sentimentos nutro através da gratidão;por cada segundo que eles se dedicaram a mim.

Titulo:

A menina Xadrez

Modalidade: Conto

Pseudônimo: Flor Oliveira

Era uma vez uma menina xadrez.

O mundo tinha sempre duas cores; nada era colorido.

Tudo era preto e branco “tinha que ser” assim!.

Havia ausência de coragem e sinceridade para assumir “o desejo de colorir”!

Todos os dias, a avidez incontida pelas cores se revelava; mas a menina xadrez apenas sentia...e logo arrefecia.

Passava a respirar fundo para o desejo ir para longe; afinal de contas, tudo “tinha que ser” ,rezando a cartilha da “ausência do ser”,anulação da individualidade, reprimenda dos desejos.

Estava escrito :-´´Todo passo bicolor será vigiado´´!

Só que(como toda estória que não se enrola na ilusão temporal da alma)a imagem da menina xadrez “coloria- se” sutilmente, dia após dia em seu olhar;suas pupilas faiscavam e emanavam “flashes” multicoloridos; como arco- íris no espelho!

Seus ares adolescentes a faziam florescer!

A menina xadrez começou a se apaixounou-se!

A chama vermelha aparecera; e este fato era absurdo para uma criatura fadada a seguir a cartilha bicolor; repleta de regras e “bons” costumes.

Tamanha era a confusão daquela alma(com tantos esconderijos e subterfúgios para ocultar a vermelhidão da chama apaixonante) que o Universo achou por bem levar embora aquele “sentimento arrebatado” e colorido para outro lugar;um lugar muito distante, onde a menina xadrez jamais desejaria ir.

A chama foi “transferida”.

Aquele peito ficou vazio; os olhos daquela criaturinha pararam de faiscar;a menina xadrez desistiu de amar!

Rebelou- se, aborreceu- se, rasgou livros e cartilhas e jogou fora tudo o que não tivesse cor!

Modificou hábitos, vestes e sapatos...

Em cada adereço havia uma cor diferente;tudo tão desordenado quanto sua alma arrebatadora!

A menina tentara desesperadamente acender a chama, faiscar seus olhos através de todos os tons e matizes com variações jamais sonhadas.

Socialmente o escândalo abalou a todos e nenhum assunto era mais interessante ou mais triste!

O relógio, que jamais parou para aguardar o alinhamento dos fatos; via crescer uma mulher xadrez, multicolorida por fora, e preta e branca por dentro!

Só o Universo e os sábios minutos sabiam a verdade sobre aquela alma desolada!

As estrelas decidiram se unir em compaixão.

Em breve tempo, como num passe de mágica, o Universo concordou em ´´conspirar a favor´´ da chama...

Ela não combinaria mais com a cegueira pré-adolescente dos que se arrebatam...

Haveria de ser uma paz amorosa, uma brisa que ampara; um fogaréu abraçado à ternura do balsamo do tempo.

A ´´mulher xadrez´´ deixou de ser menina assim...

Encontrou um par; um amor!

Uma constelação de experiências a fizeram sentir a ´´primavera da vida´´;tudo havia florescido, enfim; apesar dos ímpetos de rebeldes ,que ainda faziam aquela alma se debater numa busca solitária e aprendiz;ela queria compreender os matizes e reorganizar seu próprio arco- íris.

O amigo ´´Tempo´´ decidiu cooperar com mais bálsamos cotidianos nas experiências da marota mulher.

Foi a partir daí que houve um ´´ milagre´´.

Houve em cada gesto uma variedade colorida e harmoniosa de ´´tons sobre tons´´, fluindo aquela alma feminina...

O Universo deparou- se de repente com um “Sol” em forma de mulher irradiando beleza, sensatez, paixão, sobriedade, alegria e generosidade cotidianas para si mesma e conseqüentemente para todos a seu redor.

Hoje, três anos após o prêmio, fico pensando...

´´Gente doida;não é?´´

Acreditam que este texto ganhou concurso!

Já enviei textos que eu acreditava campeões e não hove nem comentário! O Universo Literário é assim misterioso!

O importante é jamais deixarmos de transcrever o que nossa alma nos dita; escrevamos!Tudo de bom para vocês e obrigada pela visita.

Autora: Nilma Oliveira Finholt

Pseudônimo: Flor Oliveira

PRIMEIRO LUGAR CONTO ADULTO

CONCURSO CLEBER ONIAS GUIMARÃES

CONSELHO COMUNITÁRIO DE SÃO PAULO