Festa de Rodeio...

Ano 2.000

Festa do Peão de Barretos (SP)

Domingo a tarde, último dia de festa, lá na Avenida 43, próximo ao Posto Joiris, a multidão tomava conta das duas pistas da famosa Avenida, ali no meio, Casé e sua turma festejavam.

Casé era um cara forte, metido a lutador e muito temido, inclusive pelos colegas e neste dia, estava com mais quatro amigos bombados e jovens, todos sem camisa, exibindo as tatuagens enormes, com ideogramas japoneses e ameaçadores dragões chineses, bebendo cerveja, e entornando "no bico", uma garrafa de conhaque Presidente.

Uma das diversões da turma era um laço de couro, tipicamente utilizado pelos peões na lida com o gado, porém, Cazé naquele dia o usava para laçar as garotas que passavam; laçava e as trazia até ele, agarrava a força e beijava na boca, tirando ainda um sarrinho...

E isso foi a tarde inteira, sem que ninguém tivesse coragem de reprimi-los ou de dizer alguma coisa, já que sempre que alguém chegava perto, acabava esbarrando nas caras ameaçadoras e o estilo "bad-boys" da turma.

No cair da tarde, Casé e seus amigos já estavam bem chapados, tinham tomado todas e ficaram cada vez mais abusados e corajosos...

De repente, passou uma loira linda, calça jeans apertada, camisa xadrez amarrada, deixando a barriga a mostra, acompanhada de um sujeito franzino, como se diz no interior: "sem tipo".

Casé tomou o laço das mãos de um amigo, rodou e lançou, laçando a maravilha loira pela cintura e começou a puxá-la para junto de si.

A moça gritava, berrava que não, e Casé rindo, fingia que não escutava a moça implorando para ele soltá-la.

Foi quando o namorado da loira, arrancou da cintura um Magnum .357 cromado, e quando a galera do Casé viu o tamanho da canhão do magrelo, saíram todos correndo e ficaram olhando de longe.

Casé, vendo o povo todo olhando a cena, resolveu pagar para ver, e apesar da advertência do namorado da loira, que iria atirar, continuou puxando a moça, desacreditando da coragem do franzino rapaz em puxar o gatilho e chegou até mesmo a insinuar que o "trabuco" era de brinquedo...

Não deu nem tempo de falar mais nada, o rapaz deu um tiro certeiro, que pegou bem na cabeça do Casé, e pelo jeito era bala "ponta ôca", "jacket point", pois onde a bala saiu após atravessar o crânio do atingido, abriu-se um buraco do tamanho de uma bola de sinuca, e a potência do impacto, fez com que os miolos se espalhassem em um raio considerável.

O rapaz, então, desvencilhou a moça do laço e correu com ela para o carro, partindo em seguida, tomando rumo ignorado.

Ninguém, até hoje, sabe nada sobre o casal, quem eles eram ou a cidade onde moravam, porém, depois de caído, todos nós, que estávamos perto; e curiosos como sempre, analisamos, e ficamos sabendo quem era Casé, onde morava e até o que fazia o valentão que morreu de bobeira...

BORGHA
Enviado por BORGHA em 27/05/2008
Reeditado em 02/06/2008
Código do texto: T1007616
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