ELOGIOS

Naquela manhã quando ela voltou das férias no spa, com um corpo de fazer inveja a qualquer miss ou dançarina de axé, Paulo Roberto foi curto e grosso.

- Quanto tempo, Maria Emília.

- Saudade de mim?

- Você sabe que eu não aguento ficar longe dessa sua barriguinha de chope.

- Barriga de chope é a puta que te pariu, seu saco de bosta!!!

Cheia de raiva do marido, Maria Emília não teve dúvidas: pegou o carro e foi direto para o cabeleireiro. Ao voltar para casa, toda cheia de si com o novo visual, Paulo Roberto não deixou por menos.

- Cortou o cabelo, é?

- Não acredito, você resparou!!!

- O que aconteceu, o cabeleireiro tava bêbado?

- Seu viado imbecil…vá se foder!

Já era tarde, quase noite e ela foi se arrumar. Resolveu deixar os insultos de lado e se produziu toda, afinal, estavam comemorando o primeiro aniversário de casamento. Mas ao botar os pés para fora do quarto com o vestido novo, Paulo Roberto a olhou dos pés à cabeça e não titubeou.

- Huuum…

- Que foi, Paulo Roberto?

- Esse vestido…

- É novo, gostou?

- O vestido é até bonitinho…o conteúdo é que não ajuda.

- Vai tomar no olho do seu cu, corno filho da puta.

Voltaram para casa e foram para a cama. Paulo Roberto se deitou e antes de ligar a TV, olhou para a esposa. A imagem que viu foi a de sua amada com um baby-doll vermelho semi transparente. Ele então respirou fundo e soltou o verbo.

- Que roupa é essa?

- É pra você, amor.

- Ficaria mais sexy no botijão de gás.

- Seu merda. Viado. Filho da puta. Cuzão. Pau no cu do caralho!! Vá se foder, porra!!!

A partir daí, foi sexo a noite inteira. Com direito a cama quebrada, reclamação dos vizinhos e lençol lambuzado de mel e creme de chantilly. Paulo Roberto era assim mesmo: adorava palavrão em boca de mulher.