Minha Saída - Golpe no Tráfico

- Fala ai mermão.

- E ai brother, quero troca umas idéia com o patrão pode se?

- Tú sobe o morro ai, chegando lá em cima procura o tainha que ele vai te levar até o patrão.

E lá fui eu, subindo o morro da pedreira, um dos ultimos lugares que eu queria estar, subindo em passos largos, com olhos arregalados, ao meu redor barracos sem reboco, crianças descalças e sem camisas, meninas moças com roupas curtas, abraçados com os caras mais feios que já vi em minha vida, mas tava decidido, iria antrar para o mundo do trafico de qualquer jeito, tava duro, não arrumava emprego, cansado da miséria e não ter dinheiro nem pra comprar cigarro. Chegando bem no alto, me deparei com uma escadaria enorme, e ao fim dela dava de enconto com vários barracos, em meio a estes um maior, no começo da escadaria uns cinco "sentinelas" no que eu perguntei tremendo igual vara verde.

- Gostaria de falar com o Tainha?

- Da parte de quem? Falou o malandro com uma metralhadora em volta do corpo.

- Da minha parte mesmo, preciso falar mas é só com ele.

- Tú tá limpo?

- Tô cara, pode olhar.

Tomei uma geral meia boca, pois como estava sozinho, não representava perigo para os malandros que estavam armados até os dentes.

Subi a escadaria e no meio dela já estava ofegante, acompanhado por um dos sentinelas, que me levou até o barracão onde estava o biriba, um dos donos do morro, o traficante mais procurado do estado. O sentinela bateu na porta sete vezes como uma espécie de código, pediu que eu esperasse pelo lado de fora, enquanto ele se adentrava, outros sentinelas me olhavam fixo, todos armados, estava estampado no rosto deles que queriam me fuzilar ali mesmo, eu assustado, só esperava, no que o sentinela que me acompanhava, abriu a porta do barraco.

- Ai, pode entrar, o patrão vai te receber.

Quando me adentrei no barracão, biriba estava sentado num sofá velho, com uma mesinha de centro ao meio, atolada de cocaína e dinheiro, nunca havia visto tanta droga e dinheiro juntos, ao seu lado uma linda morena, daquelas pagodeiras de parar o transito, fiquei um minuto no próprio silêncio vendo toda aquela cena que me cercava, eu ali parado em pé, biriba sentado com olhos arregalados e a linda morena cheirando pó na minha frente, só nós três dentro do barracão mas eu sabia que havia um exército lá fora, no que biriba interrompe o silêncio e fala:

- Ai o malandragem, o que vai ser, tenho tempo a perder não.

Respondi na lata.

- Preciso de dois quilos de cocaina.

Biriba arregalou os olhos, viu que era coisa grande, as prantos gritou com a morena.

- QUER PARAR COM ESSA CHEIRAÇÃO PORRA, SAI FORA, NUM TA VENDO QUE VOU FECHAR UM GRANDE NEGÓCIO AQUI NÃO CARALHO, RAPA DAQUI, RAPA DAQUI.

A morena mais que depressa deixou eu e o biriba sozinhos no barracão, no que biriba começou a falar.

- Tú tem peito em malandro, vem aqui no meu barraco e me pede dois quilos de pó, se soubesse que era esta a quantidade tinha mandando colocar um tapete vermelho pra tu na entrada.

E eu tentando dar uma de malandro.

- Sabe como é né, tô com uns pexe grande ai pra servir e este vai ser o nosso primeiro negócio e se der tudo certo, vamos fazer uma grande parceria.

- Gostei de tú, simples e direto, eu tenho os dois quilos pra te servir.

Biriba se abaixou de costas pra mim, levantou o assento do velho sofá e arrancou duas enormes barras de cocaina, notei que em sua cintura havia uma pistola automatica, pegou as duas barras de pó que mais pareciam rapaduras, foi se virando pra mim e perguntando.

- Como você vai pagar esta porra...

Ao se virar fazendo a pergunta, eu já estava com um 32 cano curto que estava escondido em minha meia, de seis tiros apontado para sua cabeça, não deixei ele falar mais nada e fui retrucando.

- Se vc der um pio seu merda, te estouro os miolos, posso até morrer mas te mando pro quinto dos infernos.

Com um golpe, tomei-lhe a arma que estava na cintura

- Não fala nada, pegue esta barra aqui e abra seu bosta.

Pedi a ele que abrisse a barra de cocaina e espalhasse por toda a mesinha, ficou aquela montanha de pó.

- Agora, caladinho, eu quero que tú cheire esta porra toda, vai, enrola uma nota ai, e começa a cheirar.

Nisto biriba se abaixou devargazinho diante da mesinha e aquele mundo de pó, enrolando uma nota de cinquenta balbuciou:

- Cara, vou comer seu figado com vc vivo...

- Vai cacete, começa a cheirar esta porra toda, não quero ver um pó em cima da mesinha.

E eu ali com a arma encostada em sua cabeça.

Biriba, foi cheirando, cheirando, eu eu mandando ele cheirar mais ainda, cada cheirada que ele dava, ia uns cinco gramas de pó pra dentro dele, fez aquela seção umas nove vezes, o nariz do bicho já começava a sangrar, o bicho já tava transloucado, quando vi que ele não aguentava mais, tava tendo um principio de overdose, enfiei minha mão naquela montoeira de pó, enchi a mão e levei até a boca e o nariz dele, espremendo, sufocando com minha mão.

- Não aguenta mais cheirar caralho, então come.

Enchi a mão umas três vezes e soquei na cara dele. O bicho tremeu e caiu duro ali mesmo.

Coloquei o revolver na cintura, peguei uma barra de pó, coloquei debaixo do braço, peguei um bocado da grana que estava em cima da mesinha, abri a porta do barraco falando:

- Foi bom fazer negócio contigo, volto amanhã pra acertar o resto da grana.

Fechei a porta e nem olhei pra trás, aquele monte de malandro me olhando, agora com mais respeito, pois pensavam que eu havia enchido o bolso do patrão deles de grana, desci o morro contando dinheiro e com a barra de cocaina debaixo do braço, montei na minha motoquinha véia que estava no pé do morro, quando dei a partida, ouvi o grito da linda morena, mas já era tarde...