Sine quae non II

Léo e Léia casados há mais de vinte anos. Numa tarde durante uma conversa mundana, tiveram uma discução banal.

Léo não acatava a opinião de Léa, embora ela estivesse certa.

Léo sabia disso, mas a racionalidade de Léia era cortante como uma faca, naquele momento.

Léia sabia disso, mas agradava a ela sentir Léo acuado.

Léo, sem argumentos foi dar um passeio e se refugiar no seu cotidiano clube do bolinha. Sua vingança seria deixar Léia indecisa quanto a hora do almoço.

Léo volta pra casa por volta das três e meia. No banheiro encontra Léia caida no box. Ainda respirava.

Durante três dias Léo viveu em todos os infernos existentes. Não aceitava que a morte os separasse sem que tivessem feitos as pazes. Sem um último beijo.

Léia morreu.

Todos concordamos com o desejo eutanásico de Léo.

A espera de uma morte próxima é um lenitivo para o remorso.

Raferty
Enviado por Raferty em 11/02/2006
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