Confidente surdo-mudo

01/11/07

Confidente surdo-mudo

Precisava se confessar, mas nunca tinha tempo, pois vivia na contra-mão da história.

. Um convite aqui, outro ali, passeio ao shopping, sempre adiando sua missão cristã. Talvez por medo de contar os seus 'segredinhos' para o padre e ser castigada.

Mas, da qualquer forma, chegou o dia propício: a Crisma de sua sobrinha. Aproveitando o atraso do evento religioso, foi ao confessionário e contou seus pecados de A a Z.

Sentiu-se aliviada e até imaculada, com vontade de comungar, pois o coração estava aberto e cheio de amor a Deus e ao próximo.

Estranhou o silêncio do sacerdote.

Será que desmaiou? Ou estava raciocinando sobre o quê acabara de ouvir? Ou estava pensando no tipo de penitência a ser-lhe aplicada?

Poderia dizer logo, pois os crismandos já se encontravam na fila e ela não queria deixar de ver a Crisma de sua sobrinha querida, mesmo porquê o seu joelho já estava doendo muito.

Seria isso a penitencia?

Estava pensando em dizer uns desaforos ao vigário por deixá-la ali de castigo.

Foi quando a freira da igreja apareceu dizendo que não havia nenhum confessor para o momento.

É, ficou o 'dito pelo não dito', assumindo que, depois daquela situação toda, tinha sido mesmo perdoada por Deus. Depois disso, pensou que nunca mais se confessaria sem antes olhar se o padre estava mesmo lá no confessionário, mesmo sabendo que ele iria estranhar tal atitude.

Adriana Quezado

AQAZULAY ADRIANAQ
Enviado por AQAZULAY ADRIANAQ em 14/08/2008
Reeditado em 10/10/2008
Código do texto: T1127492
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